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Histórias que eu conto

Por Homero Malburg -

Homero Bruno Malburg é arquiteto e urbanista

Tempos de Ginásio III


Goleiro Pompéia, do América do Rio (foto: Portla jornal de brasília)

Em junho, uma festa. Íamos ao ginásio do Salesiano também à noite. Rifas, sorteios e de uma vez, um misterioso jogo de espelhos montado pelo padre João Chiarot, que fazia uma moça se transformar em um esqueleto. Tudo isso em uma sala escura e com narração em voz grave e fúnebre.

O retiro espiritual anual era uma época de devocionismo intenso, muita oração, palestras memoráveis com relatos verdadeiramente apavorantes que não deixavam muita gente dormir à noite. Nestes retiros havia, à noite na capela, seções de “slides”, mais tarde substituídas por projeção de filmes religiosos em 16 mm. Em uma apresentação de “slide”, um caso que me ficou na memória: na época, no América do Rio, havia um goleiro – Pompéia – famoso por suas defesas monumentais e seus saltos acrobáticos. Uma imagem de “slide” projetada, representava a criação do mundo: no espaço, no alto, uma bola – o planeta Terra – e, em primeiro plano, um anjo em pleno voo com as mãos erguidas em direção à Terra. Aproveitando-se do escuro, ouviu-se um grito: “agarra, Pompéia!!”.  É claro que a capela veio abaixo. As luzes foram acesas e o cineminha encerrado.

No início de cada aula, após a chamada, havia a “lição oral”. Éramos chamados aleatoriamente para responder sobre a matéria data na aula anterior. A nota era anotada na “decúria”– um livro de ocorrências, sinistro e muito secreto. Nele também era anotado o comportamento de cada um em classe. Daí para uma “anotação” na caderneta, era um passo. Tais anotações deveriam retornar com a assinatura dos pais e eram altamente desabonadoras.

As “lições escritas”, sabatinas sem prévio aviso feitas rapidamente em lugar da “lição oral”, também pegavam muita gente de calça curta. Lembro-me do padre Geraldo Pazzini, que inventou uma moda chamada “prova à americana”. Era rapidíssima porque não precisávamos copiar a pergunta. O padre perguntava e imediatamente escrevíamos a resposta. Na primeira vez, o Renato Wöhlke não prestou atenção a tal detalhe. Copiou caprichosamente cada pergunta e quando começou a respondê-las o padre já estava recolhendo as folhas. Ele, bom aluno que era, ficou desolado – tirou nota 1.

As aulas de trabalhos manuais se resumiam à tarefa de recortar madeira compensada com serrinha “tico-tico”. Estas aulas eram dada sobre as mesas do ping-pong no pátio coberto, junto aos banheiros fedidíssimos.

As serrinhas finas quebravam-se com facilidade e então a romaria à loja do seu Abécio Werner na rua Hercílio Luz, era constante.

Educação Física, no início, era moleza. Ordem unida e exercícios leves, isto até aparecer o tenente Milton Fonseca.  Daí ficou pesado. Exercícios duros, tipo batalhão que nos deixavam sem poder andar direito por muitos dias.


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