Matérias | Entrevistão


João Paulo

"Essa turma que diz defender a família ajudou a destruir a boa convivência em muitas famílias. Na defesa de um modelo único, excludente"

Advogado João Paulo é pré-candidato a prefeito de Itajaí pelo PT

Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]

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O advogado João Paulo Tavares Bastos Gama é a aposta do PT para concorrer às eleições em Itajaí. Após décadas de militância política, sendo inclusive diretor nacional da UNE, João Paulo era filiado ao PP, partido de centro-direita, chegando a concorrer às eleições de 2016 pela sigla historicamente conhecida na cidade por ser do grupo do prefeito Jandir Bellini. Nesta eleição, João Paulo aparece como pré-candidato do grupo de esquerda. À jornalista Franciele Marcon, João Paulo falou sobre a guinada à esquerda e explicou os motivos que o aproximaram do PT. O advogado teceu críticas aos “liberais oportunistas” que buscam vender tudo por vender. Falou sobre os problemas enfrentados na cidade como a paralisação do porto, a crescente onda de moradores de rua e a falta de qualidade na distribuição de água, mesmo a autarquia municipal, o Semasa, sendo superavitária. Também teceu críticas ao PT, que “deixou o bonde das redes sociais passar” e agora tenta correr atrás do prejuízo. A entrevista completa, em áudio e vídeo, você confere no Portal DIARINHO.net e em nossas redes sociais. As imagens são de Fabrício Pitella.

 



DIARINHO - O senhor perdeu uma eleição em Itajaí sendo o candidato a prefeito do PP. Não seria mais difícil ainda tentar vencer a disputa sendo filiado ao PT e representando uma união de partidos de esquerda?

João Paulo: Eu não considero que eu perdi. Eu fiz 29.017 votos com 45 dias de campanha em substituição a um político bem mais conhecido que eu. Eu fiquei muito satisfeito com aquele resultado da eleição. Hoje nós já temos a maior coligação, o maior feixe de partidos. Mais do que eu tinha na época. Nós temos hoje, federados, o PT, o PCdoB, o PV, o apoio declarado do PSB, do PSOL, da Rede. Estamos buscando alianças com o PDT e com o Solidariedade. Com mais tempo, com mais partidos e com uma formatação um pouco mais homogênea, eu acho que nós temos mais chances do que naquela ocasião.


 

"A minha formação histórica sempre foi nos movimentos sociais”


 

DIARINHO - Em que circunstância se deu sua ida para o PT, depois de anos no PP, partido de centro-direita?

João Paulo: A minha formação histórica sempre foi nos movimentos sociais. Você sabe, nós fomos dirigentes da UNE, do DCE da Univali. Nessa formação inicial, o espectro todo sempre foi de partidos de esquerda: PDT, PCdoB, PT. Eu fui para o governo do Jandir quando o PDT fazia parte da base do governo. Fiquei com o Jandir em três dos seus quatro mandatos. Muito mais ligado ao Jandir do que à estrutura partidária nacional ou estadual. Mas é bom lembrar que na vez passada o PT já me apoiou. Essa não é uma aliança de ocasião. Essa é uma amizade que vinha sendo construída. Eu tenho uma foto do meu primeiro encontro em Brasília com o Décio Lima,  em 2014,  quando nós estávamos pleiteando que a Justiça Federal fosse onde é a Escola do Sesi hoje. Estávamos pedindo dinheiro para fazer a sede da OAB. Desde lá nós caminhamos juntos. Eu participei de todas essas eleições, em algum momento. Alinhado, votando no Décio, votando no Lula e assim por diante.

 

"O porto sempre precisou da intervenção do poder estatal para se tornar viável”


 

DIARINHO – Quais as coligações que serão buscadas? Coligações ideológicas ou pragmáticas?

João Paulo: As duas coisas. Primeiro, nós vamos nos aliar com aqueles que têm uma visão de mundo mais próxima da nossa. É natural que as forças progressistas estejam unificadas numa candidatura. Pode ser minha, como poderia ser do Marcelo [Sodré], como poderia ser de um companheiro do PSOL, esse é nosso primeiro desafio. Eu não concordo que a nossa cidade é uma cidade da extrema-direita. Ela é governada por um homem que é de esquerda, historicamente de esquerda. O parlamento municipal é governado por um comunista de formação. Eu não vejo esse monólito, essa massa intransponível. Esse é o nosso dever de casa enquanto pensamento progressista, democrático, republicano. Agora, pragmaticamente, nós sabemos que a gente precisa ampliar as alianças do centro até, dependendo da possibilidade, pro centro-direita. Porque esse é o exemplo que o presidente Lula nos dá. O Progressistas é da base do governo, Republicanos é da base do governo, o PSD é da base do governo. Se o governo federal tem essa postura, nós trabalhamos a partir do exemplo que vem da nossa liderança maior.

 

“Aquele que apresentar maior viabilidade deve encabeçar uma chapa de esquerda. Do outro lado, nós temos 50 tons de cinza que são variações de um samba de uma nota só. Adoradores de um projeto que é machista, que odeia jornalistas, que é racista, misógino, que é contra a ciência, e contra a educação”


 

DIARINHO - Nessa busca por coligação, o senhor estaria propenso a assumir como vice?

João Paulo: Eu não acredito em candidatura a vice. Nunca me convenceram. Tem outros políticos aqui da cidade que são sempre candidatos a vice, ou eram lembrados como candidatos a vice. Talvez eu não mereça, mas eu sou candidato a prefeito de Itajaí. Essas composições de vice, isso depende da dinâmica, do número de pessoas que você consegue agregar, o tempo de televisão, as nominatas que a gente está construindo. Mais ou menos todo mundo está fazendo o mesmo ensaio. A gente está unificando mentes, corações, amigos. Aquele que apresentar maior viabilidade, provavelmente deve encabeçar uma chapa de esquerda. Enquanto do outro lado, nós temos 50 tons de cinza que são variações de um samba de uma nota só. Adoradores de um projeto que é machista, que odeia jornalistas, um projeto que é racista, misógino, que é contra a ciência, que é contra a educação. Nós estamos isolados, nesse aspecto, sim. Nós defendemos a ciência, a verdadeira liberdade de expressão com responsabilidade, o respeito às regras constitucionais. Veja a diferença. [O senhor enxerga esse discurso nos dois pré-candidatos, tanto no Robison como do Osmar?] Sem dúvida. O Osmar é afilhado do prefeito de Chapecó, que é o “príncipe herdeiro” ou um dos concorrentes ao espólio bolsonarista em Santa Catarina. É o prefeito que defende que crianças de zero a cinco anos podem ser tuteladas por pessoas sem nenhum tipo de formação. Possam ser cuidadores. Não precisa ter professores formados, como a gente sempre defende. Então são visões de mundo absolutamente diferentes. É claro que o Osmar, que é um ótimo comunicador, é esperto. Ele transige com alguns discursos que não são deles, que não são dessa gente. Mas ele tenta se colocar. Até porque o Lula fez 30% dos votos no segundo turno aqui.

 

“Nós defendemos a ciência, a verdade, a liberdade de expressão com responsabilidade, o respeito às regras constitucionais”

 

DIARINHO – Nos governos do PT o Porto de Itajaí experimentou uma série de investimentos importantes em infraestrutura e dragagem, por exemplo, mas hoje o porto se encontra numa crise profunda que se arrasta há quase um ano e meio. Qual solução para o porto de Itajaí a curto e médio prazo?

João Paulo: A solução do porto não é governamental. Não é um ministro de estado que está definindo as regras para uso do porto. Ela é uma decisão de uma autarquia, de uma agência, que inclusive foi nomeada pelo governo anterior. Há essa liturgia chamada licitação que tem que ser respeitada. O erro não está no que está sendo feito. O erro está na imprevidência, na irresponsabilidade dos comandantes municipais, estaduais e federais no período que antecedeu o término da concessão. Todo mundo ficava jogando com a história da prorrogação com a concessionária anterior. Mas nós precisamos lembrar que quando da concessão originária, de 25, 30 anos atrás, já havia previsão que cinco anos antes do processo findar, da concessão findar, era necessário o início dos processos para substituição dessa concessionária, que é o que está sendo feito agora. Só que o que está sendo feito agora, deveria ter começado cinco anos antes do fim que se deu. Portanto, se os gestores anteriores tivessem feito o que está sendo feito agora, nós não teríamos esse gap. Esse gap é responsabilidade da sanha destruidora do estado, que é esse projeto liberal. Eu não sei como as pessoas se orgulham de um termo liberal. Porque as pessoas que viviam sob o exemplo máximo do liberalismo trabalhavam 16 horas por dia nas indústrias inglesas. Era desumana a exploração do homem pelo homem. Essa é a escola que vende tudo, que só sabe fazer isso, só sabe vender. O Porto de Itajaí, essa parceria público-privada do Porto de Itajaí, ela vem desde o ministro Konder. Isso não é uma invenção de agora. O porto sempre precisou da intervenção do poder estatal para se tornar viável. Mas a opção que Brasília fez, e Brasília tem aqui os seus representantes, no PL, e reputo também ao PSD, era a venda. “Porque vende e pronto. Porque se é público não funciona”. Funciona sim, como sempre funcionou. Como o SUS funciona, como o sistema de educação historicamente em Itajaí sempre funcionou. Agora, quem não tem compromisso com as pessoas mais humildes, quem não tem compromisso com a democracia, quem não tem compromisso com o governo para todos, vende.

 

“Osmar é afilhado do prefeito de Chapecó, que é o príncipe herdeiro, ou um dos concorrentes ao espólio bolsonarista em Santa Catarina”

 

DIARINHO – O senhor abraçou a candidatura do Robison Coelho na eleição de 2020, e ele deverá ser nesta eleição seu opositor. Será o clássico petismo x bolsonarismo. Mudou o Robison ou mudou o senhor?

João Paulo: Acho que nós dois. O Robison não era contra vacina, não achava que a terra era plana. Pelo menos se achava ele disfarça muito bem. Eu ainda advogo pro Robison. Porque a minha contribuição aquela época era chefe do jurídico. Tenho uma estima muito grande por ele, pela sua esposa. Um respeito imenso. Tenho certeza que eu mudei. Mas o Robison mudou bastante também. Nessa mudança nós nos distanciamos. Digamos que eu estava mais ao centro e ele também. Eu voltei para a esquerda de onde vim e ele foi para a extrema-direita que eu não sei onde vai levar.

DIARINHO – O senhor acredita que a disputa nesta eleição será ideológica ou serão discutidos temas reais, de verdadeiro interesse público da cidade?

João Paulo: O mais importante é discutir a nossa cidade. Mas a partir do momento que eu me filio ao PT muita gente deixa de ouvir o que a gente fala por um ódio, por um discurso odiento e odioso, que não é só no Brasil, é da extrema-direita mundial, que tenta calar quem pensa diferente. Eliminar o adversário. Eu participei de diversas eleições que eu votava num partido, minha irmã votava no outro. Isso nunca foi motivo de briga, isso nunca foi motivo de sair de grupo ou de “cancelamento”. Essa turma que diz defender a família ajudou a destruir a boa convivência em muitas famílias. Na defesa de um modelo único, excludente. Eu penso, eu procuro trabalhar, às vezes sou criticado por isso, com ideias inovadoras, diferentes das que são sempre postas para as soluções mais importantes da cidade. Eu sou obrigado a fazer essa fala: nós temos aqui mais de 7 mil famílias que são atendidas pelo Bolsa Família. Esse é um projeto histórico do PT que se tentou descontinuar na gestão passada. Essas pessoas, muitas delas não votam no PT, porque nem têm mais a lembrança de que isso é uma conquista que veio pelas mãos do PT. [Isso mostra que o partido ficou distante do povo?] Sim, nós perdemos o timing das redes sociais. Nós não percebemos. Os progressistas não perceberam. Eu gosto de jornal impresso. Eu sou do DIARINHO!  Eu gosto de livro. Eu não gosto de TikTok. Vou aprender, vou aprender, mas não gosto. Gosto de livro!  A gente parou nisso, e esse ambiente foi tomado. Com as intervenções do Elon Musk e de outras corporações, a gente vê que nada é por acaso. O alinhamento ideológico, os apoiamentos internacionais que vêm por trás disso deixam claro que essa foi uma estratégia muito bem pensada, muito calculada para tomar esse ambiente. Nós estamos correndo atrás do prejuízo.

 

“O erro está na imprevidência, na irresponsabilidade dos comandantes municipais, estaduais e federais no período que antecedeu o término da concessão [porto]”

 

DIARINHO – O senhor é advogado e muito atuante na OAB. Uma colega sua, da OAB de Itajaí, ficou famosa por ter organizado os movimentos que pediam golpe militar em frente aos quartéis depois da eleição de Lula. Como dois advogados, conhecedores profundos da lei, agem de forma tão contraditória?

João Paulo: Nosso instrumento é a Constituição, é a legislação. Essas pessoas falam em liberdade de expressão. A correspondência direta da liberdade é a responsabilidade. A referida colega, que eu tenho o maior respeito por ser uma colega minha de profissão, me parece que descumpriu o juramento primeiro que ela fez quando recebeu a sua credencial. Isso está em texto de lei, isso não é uma formalidade, não é uma simpatia. Para você exercer a advocacia no Brasil, além de bacharel em Direito você tem que ser aprovado numa prova da Ordem. Você tem que comparecer à instituição e prestar um juramento. Esse compromisso nos exige respeito à Constituição, à democracia, aos direitos humanos. Eu não acho possível o exercício da advocacia sem o respeito a isso que é o basilar, é o início da nossa profissão.

 

“Esse gap [no porto] é responsabilidade da sanha destruidora do estado, que é esse projeto liberal”

 

DIARINHO - Quais os principais erros e acertos do governo Morastoni? O senhor terá apoio do vice-prefeito Marcelo Sodré (PDT) na sua possível candidatura? O seu discurso será de oposição?

João Paulo: O Marcelo [Sodré] está construindo a candidatura dele e eu estou com os meus colegas construindo a minha, com o compromisso de lá na frente estarmos juntos. E, por enquanto, é isso. Doutor Volnei foi meu adversário político numa disputa muito importante, e em diversas outras, porque eu sempre fui advogado do Jandir. Desde que eu comecei a advogar, eu advogo no eleitoral pro Jandir. Mas ele fez obras estruturantes na cidade, importantes. No último período nós fomos também vitimados com uma pandemia mundial. Não é justa uma análise sem levar em conta essas circunstâncias. Temo que seja verdade as notícias que ele também não está bem de saúde. Eu não me sinto nada à vontade pra criticá-lo, até porque eu não vou disputar a eleição com ele.

DIARINHO – Na eleição que o senhor foi candidato, temas como o Semasa, saúde, porto, eram discutidos. Qual tema deve pautar sua candidatura em 2024?

João Paulo: Nessas áreas, como eu disse que participei de três dos quatro governos do Jandir, se não estragar, já tá muito bom. Se não quiserem estragar o que deu certo... Vamos pensar coisas diferentes para os problemas que a gente não resolveu. Semasa é uma instituição superavitária desde o nascimento. O esgoto é caro, mas houve financiamento para se fazer isso. Macrodrenagem é cara, mas houve financiamento para se fazer isso. O fornecimento de água de qualidade para as pessoas é uma atividade absolutamente lucrativa. Um monopólio de um insumo que não custa nada. A carência de água na maioria dos bairros populares  ou a carência da qualidade da água, é uma coisa que me preocupa muito. Nós temos a questão das pessoas em situação de rua. Eu fiquei espantado. Eu acho que é um tema que vai aparecer mais forte do que apareceu naquela minha candidatura. Eu fiz uma viagem com a minha família há uns três meses para o Rio de Janeiro. A gente viu muito menos gente morando embaixo de marquise do que a gente tem visto em Itajaí. É claro que isso também é consequência de uma política nacional. Porque você tinha uma marcha pela redução da miséria no Brasil, esses programas são todos descontinuados, então você abre a porta para que essas pessoas entrem nesse universo. Você tem que fechar a porta de entrada e tem que abrir portas de saída, que é acolhimento, tratamento, que é muito mais barato do que o chamado “acolhimento humanizado”. Deve ser algum cassetete com alegorias da Disney, alguma viatura rosa da Barbie, esse “acolhimento humanizado”. Deve ser alguma coisa assim. É muito mais caro. Vejam que nós não temos ala psiquiátrica para as pessoas que estão na rua. Nós não temos ala psiquiátrica no Marieta. Precisamos ter. Agora, esses “boca de chinelo” que querem dar uma resposta simples para um problema complexo, defendem a “internação humanizada”. Aonde, cara pálida? Qual é a clínica? Quanto custa? Tem para as pessoas que não estão em situação de rua? É mais barato você pagar internação no hospital ou você dar um banho, ajudar a fazer a barba, uma consulta odontológica, três refeições, num atendimento, esse sim, humanizado?

 

“O Robison [Coelho] não era contra vacina, não achava que a terra era plana. Ou disfarçava muito bem”

 

DIARINHO – Se o senhor for candidato, quem será o principal adversário? O grupo do PL, que aparentemente está rachado, o grupo do PSD ou o candidato da situação, do MDB?

João Paulo: Bom, vamos lá. O que que é PL? O PL do presidiário Valdemar da Costa Neto? Esse eu conheço. Já foi base do governo, já ofereceu a vice-presidência no primeiro governo Lula. Você tem um segundo PL, que é o PL que veio com o bolsonarismo. São pessoas que usam celular sob a cabeça, que acham que a terra é plana, têm raiva de vacina, escola e educação. Mas que vieram com o Bolsonaro. E você tem os espertalhões, que não são uma coisa nem outra, mas estão acreditando que vão se dar bem nessa onda. E não vai dar... Porque são 70 candidatos por vaga. Vai ser uma frustração. O PL vai deixar muitas viúvas. Em relação ao PSD, bom, o PSD já me apoiou. Ele era presidido pela Eliane Rebelo, o Baga, são grandes amigos meus. Colombo, em quem eu já votei. Se eu puder fazer uma composição com eles, não vejo problema nenhum. E o MDB do Chiodini. Eu quero dizer que o Chiodini é muito bem-vindo. Eu fiquei muito feliz, porque a gente sempre se ressentia que havia pouca representação política de Itajaí e o fato de você ter um parlamentar federal, presidente do Manda-brasa, vice-presidente do MDB em Itajaí, eu acho que é uma boa nova para a classe política. A vinda dele para Itajaí é uma boa nova. O MDB, ou parte do MDB, também faz parte do governo Lula. Aliás, sempre fizeram. Também já nos deram vice-presidente. De ingrata lembrança [Michel Temer], mas deram...

DIARINHO – O senhor pretende que o presidente Lula suba no seu palanque se o senhor for mesmo candidato em 2024?

João Paulo: Ah, se Deus quiser, eu espero que queira. O presidente Lula já tem o compromisso de vir a Santa Catarina. Nós estamos esperando que ele possa vir aqui com o porto funcionando efetivamente. Nós estamos acreditando, até que se prove o contrário, que essa empresa vai nos dar movimentação. Aliás, essa é uma das promessas que a direção nacional do partido me fez, de que o presidente Lula estaria no meu palanque.

DIARINHO – Muita gente achou contraditório o senhor, pré-candidato do PT, defender arranha-céus na Beira Rio no processo do novo plano diretor. Nesse momento agiu o advogado ou o pré-candidato do PT?

João Paulo: Não, não estava atuando como pré-candidato. Se eu estivesse atuando como pré-candidato talvez eu não tivesse assumido a defesa da associação. Eu atuei como advogado que sou, e acho justa a causa que atuei. Acho que a tomada de decisão da prefeitura não foi correta, não foi criteriosa em relação a essa área importante. Eu receio que a não possibilidade de qualquer tipo de evolução, não precisa ser a que a associação apresentou, faça com que os demais imóveis da Beira Rio se tornem o que está se tornando lá no final da República Argentina, onde nós temos edificações decrépitas, sem manutenção. Eu penso que o projeto que foi aprovado não deu um vetor de desenvolvimento muito auspicioso para essa área da cidade. Mas eu estava atuando como advogado.

DIARINHO – Por que o senhor quer ser prefeito?

João Paulo: Porque acredito que eu e as pessoas que me acompanham têm uma proposta melhor para a cidade. A cidade é anunciada, com dados que são históricos, como o primeiro PIB. Mas esse primeiro PIB é pra quem? É pra quê? Nós temos problemas estruturais na educação. Nós temos problemas com a terceirização da saúde. Nós temos problemas de falta de água na cidade mais rica do estado. O potencial de Itajaí, nós já verificamos com a municipalização do porto, com a municipalização do sistema de água e esgoto, com a municipalização do sistema de previdência. Isso não é pouca coisa. Isso é muita coisa e são casos de sucesso. Agora, mais do mesmo, dessas pessoas que, na oposição ou na situação, não se diferenciam. Você não tem, em verdade, propostas. A não ser essas bobagens que se falam de temas polêmicos, religiosos. Você não tem grandes posturas diferentes, você não tem oposição. Você não tem discussão sobre os eixos da economia, sobre os projetos viários da cidade. Você não tem uma disputa sobre isso. Pelo contrário. PL estava no governo até ontem. Partido que se diz mais oposição do que todos e estava no governo até ontem. E eu amo a cidade. Eu tive uma experiência muito boa quando fui, de surpresa, guindado à condição de candidato da outra vez. E eu acredito que a gente pode ir bem mais longe.

 

 

Raio X

 

NOME: João Paulo Tavares Bastos Gama

IDADE: 47 anos

NATURAL: São Paulo (SP)

ESTADO CIVIL: casado

FILHOS: seis

FORMAÇÃO: Direito, pós-graduado em Direito Público, MBA em Direito Tributário na Fundação Getúlio Vargas.

TRAJETÓRIA: Trabalhou na Procuradoria de Itajaí de 1997 a 2001 e foi o primeiro presidente do Instituto de Previdência de Itajaí. Exerceu ainda a função de Procurador-Geral de Itajaí de 2009 a 2010. Foi candidato a prefeito derrotado em 2016. Já foi presidente da subsecção de Itajaí da OAB e conselheiro federal por Santa Catarina.




Comentários:

JORGE66 Reis

04/05/2024 18:50

Turista sim e ainda votou com o PT não assinando o impeachment do molusco de novembro dedos !

JORGE66 Reis

04/05/2024 12:36

Nem turista ( Chiodini) nem PT !

João P. Paulo

04/05/2024 07:25

João Paulo critica o PT por "deixar o bonde das redes sociais passar", mas esquece os esquemas de corrupção que envolvem o partido. Além disso, parece-me esquecer que o atual prefeito, ex-vereador, ex-prefeito, ex-deputado do PT (seu partido), causará um prejuízo histórico aos cofres públicos de Itajaí devido à má gestão e à sua política de conchavos. Por fim, critica os "liberais oportunistas", mas fica em silêncio quando um presidente apoia publicamente ditadores que causa fome, mortes e perseguição política. Sinceramente, mais do mesmo! É comum encontrar pessoas na política que se aproveitam de oportunidades e, por isso, têm uma visão distorcida da realidade.

Raul Lacerda Neto Lacerda

04/05/2024 06:16

Jamais votei em esquerdalha!! Chega de Luladrão (o pai dos pobres, mais rico do Brasil). Me explica ai: como o LULADRÃO ficou rico só fazendo politica. A lava jato explicou, mas os amigos do STF liberou geral.

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