Histórias que eu conto
Por Homero Malburg -
Homero Bruno Malburg é arquiteto e urbanista
É pra facilitar ou pra complicar?
Dai você liga para o Serviço de Atendimento ao Cliente: 0300 xxxxxx. A simpática voz já começa : - Esta ligação será cobrada a tantos reais o minuto mais impostos. Se você quiser saber da sua conta tecle 2; se quiser o saldo, tecle 4; se quiser adquirir algum produto tecle 6 e finalmente: se quiser falar com um de nossos atendentes tecle 9. É isso aí, nove! Em seguida ouço: - Todos os nossos atendentes estão no momento ocupados, mas você pode ligar de novo até as 22 horas.
E nessa balada se leva uns três dias de tentativas para pedir para “Seleções” parar de mandar os livros que não dou conta de ler; parar os bancos não mandarem mais cartões de crédito ou reclamar do absurdo que foi aquela anuidade que me cobraram. E a resposta que obtenho dos famosos atendentes é sempre a mesma arenga decoradinha que nada resolve. Desconfio que são robôs...
Fui para a praia e meu telefone estava com defeito. Reclamei pelo celular. Pediram-me o número do telefone. Dei. Pediram-me o número do contrato do telefone impresso no alto e à direita da fatura. Daí em diante levei mais de 30 minutos tentando convencer todos os atendentes que me foram passados que não tinha a conta comigo. O telefone era de Bombinhas, sim, mas a conta tinha ido para a minha casa em Itajaí. – Então o senhor vai ter que ir buscá-la! Resultado: quando um chefão cedeu às minhas súplicas, o horário de atendimento já tinha finalizado.
Semana passada minha casa e escritório ficaram sem energia elétrica. Pensei que fosse manutenção, mas com a demora, liguei para a Celesc. Cortaram a minha luz! Conta de agosto atrasada. Levei à Celesc a conta que eu havia pago no “atendimento automático” do meu banco com peito estufado de tanta razão. A moça consultou a tela e sapecou: - Sinto muito senhor, mas sua fatura não está quitada. Fui ao banco, saquei um extrato para provar e... surpresa! Todas as contas pagas naquele dia tinha sido debitadas mas a da Celesc, nem sinal! Até hoje não me deram explicação.
Sexta-feira, dia 29 fiz uma surpresa para a Élia. Comprei um aparelho celular “Vivo” mais moderninho com luzinhas e musiquinhas. Paguei, transferi o número do antigo para o aparelho novo e, à noite, dei o presente. Não funcionou! Voltei sábado: - tenha calma, já vai funcionar. Nada. Na segunda, a desculpa era que o “sistema” estava com problemas. Resumindo: a Élia recebeu seu presente funcionando quarta, às 16 horas. Ficou só cinco dias sem o novo e sem o velho...
Estou começando a desconfiar destas modernidades. Afinal, o sistema é tão burro quanto quem o opera. Quero telefone que apenas funcione. Livros daqueles que compro no Edir. Começo a sentir saudades das filas de banco onde pelo menos me divertia ouvindo “causos”.
Qualquer dia vendo meus telefones, os aparelhos de TV, DVD, vídeo e o resto. Vou comprar um rádio de válvulas. Bem daqueles que levavam tempo para esquentar e tinha o fio de tomada e dois botões: um deles ligava e regulava o volume e o outro procurava as estações.