Coluna Existir e Resistir
Por Coluna Existir e Resistir -
Combate ao preconceito marcado em uma profissão
Quinze de maio é dia do Assistente Social, uma categoria profissional colocada em nossa sociedade onde o combate ao preconceito está marcado como compromisso ético, estabelecido em seu código de ética. Desta forma, essa luta é também de todos os profissionais de Serviço Social.
Segundo Iamamoto (2011), a gênese do Serviço Social no Brasil, enquanto profissão inscrita na divisão social do trabalho está diretamente relacionada ao contexto das grandes mobilizações da classe operária nas duas primeiras décadas do século XX, pois o debate acerca da “questão social”, que atravessou a sociedade nesse período, exigiu um posicionamento do Estado, das frações dominantes e da Igreja Católica.
Nos anos 60, com o Movimento de Reconceituação foi considerado “um marco decisivo do processo de revisão crítica do Serviço Social no continente” e na sua trajetória, sabemos que o Serviço Social brasileiro passou por diversas alterações ao longo das últimas décadas. Nesses quase 80 anos de profissão no país, os últimos 30 anos registram um importante amadurecimento do posicionamento crítico ao projeto capitalista de sociedade. A partir da década de 1980, com o legado da reconceituação, o vertente da ruptura do processo de renovação, o código de ética profissional de 1986 – e seus avanços – o serviço social brasileiro, inicia um novo estágio no seu fazer profissional.
Desta forma a bandeira contra o racismo sempre esteve presente na profissão, e na gestão dos órgãos de registro e controle da profissão, especificamente na gestão 2017/2020 ganhou uma grande campanha “Assistentes Sociais no Combate ao Racismo” que tem o intuito de debater o racismo no exercício profissional. Ao dar centralidade neste debate, queremos incentivar a promoção de ações de combate ao racismo no cotidiano profissional de assistentes sociais, ampliando a percepção sobre as diversas expressões de racismo. Entre diversas ações e materiais produzidos está o compromisso de profissionais com a defesa e engajamento nesta causa.
Pensar a defesa intransigente dos direitos humanos e a proteção da população em geral faz parte do norte de trabalho deste profissional, mas, para além defender, divulgar, lutar pela valorização e proteção da comunidade negra está intrínseco em nosso papel e é um lugar que todos devemos ocupar como profissionais, mas também como sociedade que queremos. Porque como bem diz Angela Davis: Não basta não ser racista, é preciso ser antirracista.
As disparidades ainda existentes em nosso país entre brancos e negros, o lugar de privilégio que nós brancos ainda temos, reforça a importância desta luta e a necessidade de enfrentamento da realidade com ações potentes que busquem minimizar o racismo estrutural em que estamos submetidos. Se todos tivermos consciência e fizermos enfrentamentos coletivos na linha do respeito e valorização da cultura negra, com certeza estaremos construindo uma sociedade mais justa e fortalecida na luta antirracista que ainda precisamos enfrentar.
Fernanda Cristina da Luz – Assistente Social em Itajaí, representante da Secretaria de Promoção da Cidadania no CONEGI.