
Coluna Existir e Resistir
Por Coluna Existir e Resistir -
Militância de internet
Sabrina Vianna
O ano é 2021 e mais um BBB está no ar. Sem TV em casa, me atualizo pelas redes sociais, internet e jornais. Confesso que ver uma quantidade massiva de pessoas pretas entrando nesse reality me preocupou. Qualquer ação dessas pessoas seria mais julgada, qualquer erro seria mais exposto. E um caos desenfreado se instaurou! Onde vemos que algumas das pessoas brancas antes de entrar na casa fizeram curso pra aprender a “lidar com as minorias”, vemos vários militantes de internet com frases prontas e destilando ódio e cancelamento! E isto inclui os pretos e as pretas da casa! Sou afro artista e membro da setorial de Cultura Afro do Vale do Itajaí e da Frente Negra, e a função que mais tenho orgulho é de ser ARTE EDUCADORA, pois os alunos mesmo longe vêm com questionamentos, como esse aluno de 14 anos, menino preto super antenado com as questões raciais:” Sá! Você viu o BBB hoje? Fiquei triste pois vi gente preta sendo racista, tive vontade de chorar!”, nesse momento fui pesquisar a situação em questão e vi um circo de horrores em que uma mulher preta, cantora que se diz ativista das causas raciais chamava o outro de M... e que ele só tinha direito de comer depois dela, humilhando-o em rede nacional. Essa atitude desproporcional foi devido a um fato que ocorreu em uma festa em que ele bebeu demais foi desagradável com uma das participantes, que também errou com ele e ao invés de como adultos se resolverem, fizeram um “linchamento” de convivência onde ele foi totalmente isolado. Ora, Sabrina, mas para que falar de BBB? Qual a relevância? Para quem desconhece, o verdadeiro Big Brother tem sua origem na literatura. Ele é uma das premissas do livro 1984, do escritor britânico George Orwell. No romance, o personagem do Grande Irmão é o líder supremo do cenário que controla toda a população. Na história, todos os locais públicos e privados estão ligados à uma espécie de câmera capaz de monitorar a intimidade da sociedade — assim como acontece na casa do Projac. Você que lê minhas palavras pode até não assistir, mas uma grande massa da população assiste. Ver pessoas pretas nessa casa que são lidas como representação, me dói demais. Nesse momento, percebi que ser preto(a) não te faz ser do movimento, precisa se enxergar como seus irmãos de causa. A visibilidade traz oportunidade para vários deles(as) refletirem aqui, fora conhecimentos incríveis, mas o que esperar de egos inflados e a necessidade de ser validado? Nesse momento também questiono o que é militar? O ato de militar nas redes sociais tem um potencial de visualizações e de atrair seguidores! E as marcas descobriram isso! E o Black Money surgiu com força, sem nem ao menos os influenciadores digitais terem estudado o suficiente e se aprofundado o suficiente. Nem sempre vamos acompanhar tudo, mas ajudar nosso próximo é mais próximo da militância real, muitas vezes não vai gerar “likes”, mas traz mudanças da vida da nossa comunidade.