
Coluna Existir e Resistir
Por Coluna Existir e Resistir -
A política da morte
Quando tudo era escravidão no Brasil colonial, o conceito de biopolítica estava assíduo nas demandas governamentais. Comumente utilizado nas práticas capitalistas, esta forma de poder sobre a sociedade analisava o corpo como controle social, tal pensamento levava em consideração que a consciência e ideologia não eram suficientes para o controle das massas, assim modificou-se as relações dos corpos, lucros e produtividades, posteriormente resultantes na impulsão de políticas aliadas a meios nefastos de governar.
Falando no período pós-abolição outro advento social é observado; a invisibilidade dos negros, que inseriu pretos e pardos no patamar de segundo ou terceiro escalão, conforme as relações sociais da época, que foram pautados na lógica liberal, causando o preconceito que hoje vivenciamos. Antes estigmatizados pela escravidão, causando irreais prerrogativas sociais, atrasadas e insalubres.
As inúmeras teorias racistas ao longo do tempo, cada vez mais, foram se materializando em normas públicas, evidenciadas na inferiorização, impedindo a igualdade no coletivo de nossa nação; esta característica única do Brasil causa um certo olhar de negação da existência dos negros até os dias atuais, conceptor e conector do racismo velado.
Na contemporaneidade temos a vivência do neoliberalismo, sendo o principal gerador de distanciamento entre o governo e os governados, causando formas de animalização e estigmatização da população negra proporcionando perversas situações de morte. Assim, constituindo a política da morte com alicerces no falso poder de matar do estado, estipulando menor valor de um ser humano estratificando a necropolítica em ações que deixam morrer ou proporcionam condições para que esta morte venha a acontecer, geralmente exercido pelo braço armado do estado ou práticas insuficientes de acesso a saúde e educação.
Três alicerces que sustentam a política da morte em sua forma bruta são: o biopoder, o estado de exceção, e o estado de sítio, interligados pela raça e questões de gênero que corroboram com o racismo institucional e estrutural observados nos litígios públicos.
Por fim, o conceito de negacionismo tem que ser lembrado, pois em observações recentes em nossa República ele tem sido de suma importância no contexto político. A negação gerada pelos meios machista e burocrata refutam o enfrentamento das desigualdades existentes na sociedade brasileira, tangendo os direitos igualitários, tanto econômicos, racial e de gênero. Por exemplo, para negar a desigualdade racial e preconceito existente no país, relativizaram o escravismo e culparam os próprios africanos pela escravidão.
Paulo Marcos: coordenador igualdade23 Itajaí