Conforme a presidente da Águas de Camboriú, Reginalva Mureb, para o acordo virar realidade houve o envolvimento e a participação de diversas instituições que debateram o tema nos últimos anos.
“Foram inúmeras reuniões para chegar no ambiente mais adequado e confortável para esta decisão”, comentou no ato de assinatura.
O vice-presidente da Aegea, controladora da concessionária, Leandro Marin Ramos da Silva, destacou que o grupo está em mais de 500 municípios, atendendo 31 milhões de pessoas.
“Estamos conscientes de nossa responsabilidade, agora iniciamos um trabalho intenso assumindo esse compromisso em benefício da população”, completa.
O prefeito de Camboriú, Élcio Kuhnen (MDB), destacou que o avanço do acordo ocorre num momento em que a cidade é destaque de desenvolvimento no estado e se tornou a 3ª maior economia na região da Amfri, sendo uma das cinco melhores cidades em gestão econômica de Santa Catarina.
“Despontamos no cenário econômico e de gestão e hoje, atuamos com capacidade de investimento e acreditando que, com um passo de cada vez, se constrói uma Camboriú modelo para Santa Catarina”, afirmou.
Despoluição do rio Camboriú
Para o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Camboriú, professor Paulo Schwingel, o projeto de saneamento é um passo fundamental que deve ajudar na recuperação do rio Camboriú, que hoje recebe lançamentos de esgoto bruto. O comitê trabalha há oito anos pra que as obras fossem incluídas na concessão.
“O rio Camboriú é um dos mais poluídos do planeta e o saneamento básico é fundamental para que ele se encontre em melhores condições. Camboriú e Balneário Camboriú devem trabalhar juntas nesse sentido”, ressaltou.
A condição negativa do rio foi apontada numa publicação científica de 2022, que listou os mil rios mais poluídos do mundo. De acordo com o presidente do comitê, são vários motivos para a poluição do rio, mas dois são básicos: a falta de saneamento e a baixa eficiência da ETE de Balneário Camboriú.
“Hoje há coleta de 100% do esgoto em Balneário Camboriú, mas que não é tratado completamente”, apontou. Recentemente, a estação de BC passou por adequações pra retomar a eficiência no tratamento após problemas na manutenção da lagoa de aeração, que faz parte da principal etapa do sistema.
O presidente do comitê Camboriú também destacou a necessidade de BC e Camboriú pensarem juntas a gestão hídrica da bacia hidrográfica, considerando que o rio Camboriú é estadual e não pertence a nenhum dos municípios. Ainda ressaltou a importância da concessionária participar ativamente no Projeto Produtor de Água, “pois investir na produção de água é investir no seu próprio negócio”.
Para evitar a crise hídrica, os municípois discutem a construção dos Parque Inundável Multiuso, que permitirá o armazenamento de água para o abastecimento da região, além de combater as cheias. No final do ano passado, o projeto recebeu a licença prévia do Instituto de Meio Ambiente (IMA). A fase atual é de captação de recursos e parcerias pra viabilizar a obra, que prevê investimento de R$ 144 milhões.
Crescimento populacional reforça a importância do saneamento
Segundo o último censo do IBGE, Camboriú conta com mais de 103 mil habitantes. O resultado aponta um crescimento de 65% em relação ao Censo de 2010. Atualmente, a cidade é a 14ª maior do estado, com a 3ª maior população entre as cidades da Amfri.
Além disso, a região atrai constantemente turistas e viajantes que passam temporadas prolongadas, com destaque para o período de veraneio. Com o crescimento da população, o Comitê do Rio Camboriú avalia como “crucial” a implantação da rede coletora e de tratamento de esgoto.
“Atualmente, parte do esgoto de Camboriú é tratado no modelo individual com fossas sépticas (mas que demandam manutenção e fiscalização adequada) e outra parte acaba sendo encaminhada para o rio ou o mar, de forma totalmente irregular”, informa a entidade.
Ainda conforme o comitê, além do impacto ambiental, a falta de tratamento de esgoto também traz impactos financeiro, imobiliário e à saúde da população.
Obras de infraestrutura
Camboriú também deu início a novas obras de infraestrutura nos últimos dias. Na avenida Santa Catarina, principal entrada da cidade, o projeto de revitalização entrou no terceiro trecho, de 1,2 quilômetro. O trabalho começou com a implantação da rede de drenagem, desde a central de luto até a rótula do IFC.
O trecho também vai ganhar ciclovia, calçadas, faixas elevadas e nova pavimentação. A obra está orçada em R$ 4,1 milhões, bancada com recursos próprios do município. As obras antecedem a construção do futuro binário da avenida Santa Catarina com uma nova via que vai conectar Camboriú à marginal da BR 101, num projeto de R$ 60 milhões a ser financiado junto à Caixa.
Já na Estrada Geral dos Macacos, o investimento será de R$ 10 milhões. A ordem de serviço já foi dada para a pavimentação do terceiro trecho da via, além de algumas ruas dos bairros Cedros e Rio Pequeno.
As próximas obras na cidade serão nas áreas de saúde e educação. Camboriú foi contemplada com R$ 23,6 milões no Novo PAC, do governo federal, pra construção de dois novos postos de saúde e uma escola de ensino integral no bairro São Francisco de Assis.
Construção civil ganha destaque
A construção civil vem ganhando destaque na economia de Camboriú, puxando a criação de vagas de empregos. Em 2023, a cidade fechou o ano com um saldo de 770 novos empregos formais, num crescimento de 6,47% em relação ao ano anterior.
O resultado, segundo dados do Caged, do Ministério do Trabalho, colocou o município na 3ª posição do ranking de geração de empregos entre as 20 maiores cidades de Santa Catarina, a frente de Joinville, Itajaí e Blumenau. Navegantes e Itapema lideram a lista.
Um dos empreendimentos que estão mudando a paisagem da cidade é o Camboriú Boulevard, na avenida Santa Catarina. A torre de 40 pavimentos, com 256 apartamentos, está quase na metade das obras e tem previsão de lançamento em março de 2026.
Os indicadores positivos são celebrados pela classe empresarial, que até criou um programa de desenvolvimento pra atrair novos negócios e investimentos pra cidade. Atualmente, são mais de 17 mil empresas ativas em Camboriú.