Ainda discordando de algumas atitudes e situações, respeitava os diferentes, mas, no particular, por vezes, achava feio, brincava, zombava e, até mesmo, não aceitava. Estava dentro de uma bolha doentia psicologicamente.
Mas como mudar, sair dessas amarras que já me incomodavam? Com o passar do tempo, fui conversando, escutando, lendo, conhecendo, analisando e, de mente e coração aberto, percebendo que meu sentimento de repúdio e desagrado, e minhas brincadeiras, não eram mais permitidas dentro da pessoa que eu gostaria de ser.
Primeiro, comecei a me doutrinar em não mais repetir frases e palavras que pudessem ter alguma conotação discriminatória, e parar de fazer brincadeiras e piadas preconceituosas.
Fui deixando de olhar, observar e julgar pessoas por serem diferentes de um determinado “padrão”, que me era dito como “normal”.
Após, meu sentimento, normalmente, foi mudando e, naturalmente, comecei a olhar tudo e todos com três sentimentos indispensáveis para a boa convivência: TOLERÂNCIA, SOLIDARIEDADE E AMOR. Amor que vê outra pessoa como um verdadeiro SER HUMANO, independente da sua condição financeira, de seu credo, da raça, orientação sexual ou deficiência. Ver e sentir que todos nós somos uma luz de vida na terra, evoluindo, espiritualmente, em busca da felicidade.
Pronto, havia descoberto que estava curado? NÃO. Estava curado da ignorância, da intolerância, do amor seletivo. Mas precisava colocar em prática, todos os dias, até que meu inconsciente não mais agisse como aprendeu no passado e, de repente, uma palavra, um julgamento, uma brincadeira discriminatória e preconceituosa aparecesse. Aí, sim, me tornar uma pessoa “normal”.
Faça você também esse exercício. Nunca é tarde. Você se descobrirá uma pessoa bem melhor e sentirá que ser uma pessoa negra, branca, com ou sem deficiência, homo ou heterossexual, são apenas peculiaridades de um ser humano igual a você.
Não se deixe enganar por achar que você não é preconceituoso ou discriminatório. Se você tem cérebro, tem um viés inconsciente, e este é um conjunto de estereótipos sociais, sutis e acidentais que todas as pessoas mantêm sobre diferentes grupos de pessoas.
Mudar é um processo diário. É conhecer pessoas, ler e, principalmente, se colocar no lugar do outro. Vá em frente.
E lembre-se: ser gay não é opção, é uma inclinação involuntária do sentimento. É AMOR.