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ENTREVISTA

" O novo Plano Diretor chegou ao equilíbrio que vai gerar um resultado ótimo à sociedade”

CELSO RAUEN - Presidente da (Aprobrava) vê potencial de Itajaí ter o bairro mais valorizado do Brasil

Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]

Com características diferentes da Brava Sul, o trecho Norte da Praia Brava é marcado pelas morrarias, grandes terrenos e um certo isolamento, devido à existência de um único acesso para veículos, pelo morro de Cabeçudas. O novo Plano Diretor, prestes a ser levado à Câmara de Vereadores, pretende aliar preservação com o desenvolvimento sustentável da área.

O presidente da Associação dos Proprietários Praia Brava Norte (Aprobrava), Celso Rauen, falou sobre as mudanças previstas, num processo de urbanização que ele avalia como mais equilibrado do que ocorreu na Brava Sul. Ele destacou também a necessidade de investimentos públicos e falou sobre a polêmica do sombreamento, caso que foi alvo de ação do Ministério Público Federal, encerrada no início do ano após acordo judicial. O consenso foi por proibir construções que sombreiem a praia antes das 16h no inverno. Segundo os técnicos, isso garantirá sol na areia na maior parte do dia durante todos os dias do ano.

O que é a Aprobrava e qual a sua atuação?



Celso: A Aprobrava é uma associação criada há muitos anos e que representa os proprietários dos terrenos da Brava Norte. Ela começou com o objetivo de organização. As pessoas já se conheciam, as famílias, os proprietários, e a Praia Brava Norte sempre foi alvo de muita polêmica, muita desinformação e dificuldades. A associação era para ter uma organização, poder se defender, informar melhor a sociedade, as instituições públicas. A gente criou a associação com esse intuito e também para ter um planejamento do que o bairro pode ser, como ele pode se desenvolver. [São quantos associados?] Hoje tem em torno de uns 20 associados. Tem gente que comprou seus terrenos nos anos 70, quando ali não valia nada. Moram, até hoje, temos casinhas que o pessoal usa. Eu sou usuário, pego onda, vou ali, faço um churrasquinho. Utilizo como está hoje o terreno, porque não tem nada de infraestrutura. Mas a associação é formada por famílias que estão há muito tempo esperando, muitas vezes lutando para conseguir uma aprovação, que se faça algo, e não são especuladores. Não tem gente comprando, não tem gente vendendo, não tem nada acontecendo ali. Claro que as construtoras têm muito interesse, elas que vão desenvolver o negócio. E assim, já tem proprietário na casa dos seus 70 anos que provavelmente não vai realizar o sonho de ver a Brava Norte urbanizada.    

Itajaí está prestes a aprovar o seu novo Plano Diretor. O que muda, em termos de permissões para a construção civil na Praia Brava, especialmente no canto Norte?


Celso: O Plano Diretor, após três anos de discussão, aprovou o que, na minha visão, é uma ocupação muito equilibrada. A gente não quer, e nunca quis, que ali fosse uma Balneário Camboriú, uma coisa gigantesca. A Praia Brava Norte tem uma ocupação menor, tem uma questão paisagística importante, uma questão até de acesso. E o Plano Diretor que está sendo encaminhado para Câmara atende ao tripé econômico, social e ambiental. Poucos vão ficar insatisfeitos com o que está sendo apresentado. As próprias construtoras, que estão ali com certo interesse, viram aquilo como uma coisa boa. É diferente do que é Balneário, até do que é a Brava Sul, os índices construtivos são bem menores. Acredito que se chegou num equilíbrio que vai gerar um resultado ótimo à sociedade.

A polêmica do sombreamento terminou?

Celso: Eu acredito que sim. Porque na primeira decisão ficou muito restritivo. Houve  estudos provando que realmente a restrição era gigantesca. Na Brava Sul, você não conseguia nem fazer uma casa à beira-mar. Na Brava Norte, a gente já tem um recuo que foi acordado, de 50 metros a partir da rua, o que eu vejo como uma coisa positiva. Infelizmente, a Brava Sul não conseguiu, ela se desenvolveu antes. Então o impacto era menor, nessa questão do sombreamento.

Eu frequento a Praia Brava no verão, no inverno, e vejo que a ocupação no inverno é muito baixa. Então, mesmo esse horário das 16h no inverno vai ter um impacto muito pequeno na vida das pessoas e vai preservar o direito de propriedade, o direito de construir. Então, eu acredito que está pacificado e é uma vitória para todo mundo. Inclusive quem se posicionava fortemente contra essa questão do sombreamento, foi atendido, porque foi discutido. O Ministério Público teve uma atuação muito boa, conversou, entendeu todos os parâmetros, as explicações, e, ao final, acho que o resultado foi muito bom.

O canto Norte se destaca pela exclusividade e alto padrão dos imóveis, a maioria custando a partir de R$ 10 milhões. Qual a razão dessa supervalorização?


Celso: Minha visão ali é de que o canto Norte não está nem perto do que a gente gostaria que ele fosse, mas, ao mesmo tempo, ele já tem uma atratividade muito grande. Tem hoje um empreendimento icônico, que é o Bravíssima [Private Residence], que realmente estabeleceu um padrão que não tem igual hoje na Praia Brava como um todo. A partir desse empreendimento, o pessoal notou que realmente ali tem um grande potencial. São terrenos que são grandes, então a tendência é de que todos os empreendimentos sejam muito bem executados, bem desenvolvidos, com seus espaços, com seus recuos... [É possível valorizar as áreas verdes?] É, aí ficam as áreas verdes, e a tendência nossa aqui, na minha visão, a questão da ocupação da morraria ela tem que ficar muito restrita, praticamente nula. Então, as áreas planas vão ficar supervalorizadas. Não é um território muito grande, são poucos empreendimentos que vão ter, oito talvez, no máximo. Toda região hoje está recebendo muito investimento, desde Balneário Camboriú até a Praia Brava; virou um centro muito atrativo ao brasileiro. O pessoal olha para o litoral hoje, de Santa Catarina, do Paraná e do Rio Grande do Sul, e se a gente olhar o que tem maior qualidade hoje, o maior desejo é Balneário Camboriú e Praia Brava. Balneário já está talvez chegando num momento de maturação, que já estabilizou, e a Praia Brava agora é o novo polo de crescimento.

Moradores e comerciantes se queixam da demora e da qualidade das obras de urbanismo do bairro. Um dos problemas é na rua Delfim de Pádua Peixoto. Como a associação vê essa situação?

Celso: A gente vê com preocupação, porque a Praia Brava vai se desenvolvendo, se valorizando, mas o Poder Público tem que caminhar junto. Reconhece-se o esforço que está sendo feito, tem valores, tem fundos para fazer essas obras, mas fica uma questão burocrática interna da prefeitura, que acredito que possa melhorar. Há  qualidade nos empreendimentos, mas você vai ver a infraestrutura, não é o que se gostaria de ter. Tanto que na Brava Norte a gente espera acelerar um pouco mais, até com a nossa participação também, tirar um pouco o peso da prefeitura. Eu sei que a prefeitura de Itajaí tem muitas prioridades, está fazendo muitas obras viárias na cidade – tem agora essa obra da Osvaldo Reis que é importantíssima, para Praia Brava e para Balneário Camboriú... A Praia Brava precisa acompanhar os empreendimentos que estão acontecendo. Mas eu sou um otimista. Acredito que talvez esse ano a coisa comece a acontecer.

Os dois acessos à Brava estão saturados. Congestionamentos marcam os horários de pico, especialmente nos finais de semana e temporada. Como resolver esse problema já que a tendência é de que o bairro fique cada vez mais ocupado?


Celso: Esse novo sistema viário, o binário da Luci Canziani com a Cabo Rudolf, a nova Osvaldo Reis, a própria mudança que vai ter na Carlos Drummond, que vai ser alterada. Se essas obras não acontecerem, realmente é muito preocupante o futuro. A gente sabe que tem muita coisa para ser lançada. Ficou muito tempo parado, a própria Brava Sul teve problema na questão do subsolo, depois de outorga, então, represou. Até talvez seja um dos motivos de ter tanta valorização hoje, porque tem pouca oferta. E agora vai ter mais lançamentos e vão vir mais pessoas morar. Eu acredito que a solução está em executar os planos de infraestrutura, criar alternativas. O sistema viário tem que ser bem executado.

Pela proximidade com Balneário Camboriú, fica inevitável comparações sobre a estrutura das cidades. Moradores e comerciantes se queixam de um certo abandono na Brava. Isso é verdade?

Celso: Eu concordo. Eu ainda moro em Balneário Camboriú, mas desejo muito morar na Praia Brava. As pessoas até perguntam: “Por que não tem morador na Brava Norte?”. Não tem morador porque até hoje não se pode fazer nada. Mas o desejo de todo mundo, dos proprietários, é morar. Mas eu vejo, claro, que são realidades diferentes, de cidades diferentes. Itajaí é uma cidade com muito mais desafios do que Balneário Camboriú. Balneário investiu pesado e teve a felicidade de investir muito nas outorgas das construções para fazer aberturas de vias. Em Itajaí, a Praia Brava é um bairro, é uma parte da cidade, não é o todo. Mas a nossa visão é de que Itajaí hoje atingiu, talvez, a possibilidade de ter o bairro mais valorizado do Brasil, do sul do Brasil com certeza. Tem que se olhar com muito carinho, porque isso pode trazer muito retorno. Quando você tem um lugar bom para morar, as pessoas querem se mudar. Ao mesmo tempo, as empresas querem se mudar para essa cidade porque sabem que seus trabalhadores vão querer morar ali. É um círculo virtuoso muito grande. Itajaí tem crescido por causa do porto, mas essa outra matriz, que é o turismo, que é a construção civil, tem que ser valorizada, e a Praia Brava, para mim, é o ponto principal disso. Está na hora de realmente as coisas acontecerem.




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