Preservação e turismo
Parques verdes podem sair do papel através de parcerias Público-Privadas
Parques do Canto do Morcego e da Lagoa do Cassino já tem projetos
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
Num acordo judicial celebrado para a construção do condomínio Bravíssima Residence, na praia Brava, a prefeitura de Itajaí se comprometeu a executar, entre outras ações, o projeto de dois parques públicos com interesse turístico e aliado à preservação ambiental: o parque do Canto do Morcego e o parque da Lagoa do Cassino, ambos na Brava Norte.
Os parques já estiveram muito longe de sair do papel, desde o início do compromisso, assinado em 2014, mas agora dois estudos devem ser incluídos no Plano Diretor municipal com as diretrizes e, principalmente, as delimitações de cada área de uso público.
No caso do Canto do Morcego, um dos desafios é realizar a delimitação do que é parque público. O projeto prevê que o parque seja consolidado somente em uma pequena área municipal ao sul, com oferta de equipamentos como deques de contemplação, posto de serviços, banheiros, estacionamento e áreas de lazer.
O restante da área, desde a morraria, até o farol, e a maioria das áreas de costões, são consideradas zonas de amortecimento, áreas públicas e privadas, que servirão para conservação, mas não compõem oficialmente o parque do Canto do Morcego.
Cerca de 70% da área global do terreno é pública - sendo a maior fatia da União e um pequeno pedaço da cidade. Outra fatia é de área particular, situada ao norte da rua de acesso à Brava Norte por Cabeçudas. A expectativa é de que a União doe sua área, o que viabilizaria a criação de um parque extra - o parque do Farol. “Dentre as opções estudadas, se indica uma solução cautelosa, onde as áreas públicas e privadas se complementem para alcançar a preservação almejada”, diz o estudo preliminar sobre a área.
Pulmão verde e santuário de aves
A ideia para o Parque do Canto do Morcego é realizar melhorias com baixa intervenção. Entre as ações previstas está a manutenção das trilhas já existentes e a construção de duas torres para observação da fauna - uma para pássaros da Mata Atlântica e outra para aves marinhas. O local é considerado um santuário de reprodução dessas aves marinhas.
Mesmo em área da União, há um estudo para remodelação da área do farol, com previsão de restaurante e café no local, além de deques em madeira, áreas de contemplação e espaços de permanência. Uma via servirá exclusivamente para manutenção do farol e abastecimento do comércio.
Parque Linear na Lagoa do Cassino
Na Lagoa do Cassino, o estudo mapeou uma área de 42,2 mil m² para construção de um parque linear. O terreno inicia no lado norte da lagoa e avança para dentro da mata em duas áreas particulares.
Da área total, são 34,5 mil m² a serem doados pelo Clube Guarani e 7,7 mil m² a serem doados pela Nova Itajaí Urbanismo. Nos dois casos, a fatia doada representa menos de 10% da área total dos empreendimentos.
“As propostas integradas do clube particular, de caráter semi-privado, juntamente ao parque público-comunitário, garantem e auxiliam a preservação ambiental”, diz o estudo.
O traçado do parque não inclui a lagoa em si - que pertence à União -, nem a área de ligação da lagoa com a praia. O Guarani permanecerá com a propriedade de grande parte da área, mas deverá cumprir as regras de preservação.
“O desenvolvimento correto é que viabilizará a verdadeira conservação, e não a desapropriação ou esvaziamento das áreas, como se tem feito tantas vezes, raramente de forma a produzir resultados reais”, disse o secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitação de Itajaí, Rodrigo Lamim.
Apoio ao parque é unânime
Daniela Occhialini, presidente da Associação de Moradores, é favorável à construção do parque, mas cobra transparência e preservação de verdade. “O parque consolidado é uma decisão correta. O desenvolvimento econômico com uma área preservada seria o grande sucesso, [mas] existe um alinhamento muito forte da prefeitura e da construção civil na questão da máxima ocupação da Praia Brava”, alega.
O parque também é apoiado por outra Associação, a dos Proprietários dos Imóveis. “A gente participou da questão conceitual dos parques e é totalmente a favor. Tanto o parque da Lagoa, que possibilitaria o uso das pessoas, um uso mais contemplativo, da própria lagoa, [quanto] no Canto do Morcego, [...] e acredito que a parceria público-privada é a maneira ideal”, opina o presidente da entidade, Celso Rauen.
A concessão projetada para o Morro do Careca, em Balneário Camboriú, é apontada como um modelo - com a aprovação da Câmara municipal.
Preservação e uso social
O consultor do Plano Diretor de Itajaí, Dalmo Vieira Filho, diz que é fundamental a consolidação dos parques para a área. “A urbanização adequada da Praia Brava só ocorrerá se esses parques forem cases de sucesso. E aí eu digo o que seriam os cases de sucesso: preservação plenamente estabelecida e fruição social intensa. Nós estamos atrelando potenciais construtivos, ocupações de áreas à contrapartidas para viabilização e preservação desses parques”, observou.