Pingando nos Is
Por Pingando nos Is -
Oxalá!
Talvez a minha observação esteja errada, mas, as aparências do que se ouve na mídia e se lê nos jornais parece que, excluídos os fúnebres escores da pandemia, permanece somente a política e, principalmente, a sucessão presidencial.
Aí destacam-se, por sua vez, os “acertos”, os acordos entre os partidos das mais variadas orientações filosóficas e até mesmo um grande paradoxo, ao unir socialistas com liberais, direita e esquerda e vai por aí.
Consequência de tal comportamento é que, quase sempre, a Administração Pública se desvia não só da legalidade, mas, também, da finalidade ou impessoalidade, princípios constitucionais aos quais está submetida conforme o estabelecido no artigo 37 da Constituição Brasileira.
Isto se dá porque a moeda corrente nas tratativas de tais acordos é o oferecimento de cargos nos mais variados escalões da estrutura administrativa.
Uma das características da Administração Pública nos países do primeiro mundo é: que a equipe que realiza e desenvolve as ações administrativas é sempre formada por pessoas que foram preparadas, técnica e culturalmente para o trabalho administrativo.
Assim, não importa qual o candidato vencedor para ocupar o cargo executivo, a máquina permanece montada, com os postos chave ocupados por administradores formados e preparados para sua atividade.
Considerando que os eleitos pertencem a partidos, os quais tem programas e filosofias, nas trocas de comando do executivo o que se modifica é, tão somente, a filosofia administrativa e os ocupantes do primeiro escalão os quais, no caso do Brasil, seriam os Ministérios, Procuradorias e algumas representações.
Resultado desta atitude e hábito é que, naqueles países a Administração Pública se desenvolve coerente e com eficiência, sem sofrer solução de continuidade no desenvolvimento de seus trabalhos que continuará sob o comando da lei, alterando-se, tão somente, a filosofia de sua orientação que passa a ser norteada pelo programa partidário.
No procedimento diferente, ou seja, nas trocas de governo, substituem-se também os ocupantes dos cargos não só do primeiro escalão, mas, também, dos escalões inferiores comprometendo a eficiência administrativa e a interrupção de trabalhos públicos e corrompendo a qualidade da Administração.
Nos “acertos” e “conchavos”, antes referidos, o fato é ainda agravado pois, os critérios de escolha dos ocupantes das chefias dos vários órgãos, secções e departamentos são o do apadrinhamento político, contemplando-se com empregos públicos o correligionário que não teve sucesso nas últimas eleições ou, indenizando-se o apoio eleitoral com a sinecura.
Resulta daí a conclusão de que o “profissionalismo” não deve ser na prática da política, mas, sim, exclusivamente no desenvolvimento dos serviços públicos, razão única da existência dos governos e seus auxiliares.
Talvez um dia a gente chegue lá.