Memórias & Fatos
Por Memórias & Fatos -
O padre e a ponte
Era o maior drama para o Pároco de Ilhota, Padre Cláudio Cadorin, atravessar o rio Itajaí-Açu, de balsa, para atender as comunidades do outro lado. Por isso ele começou um movimento para ali ser construída uma ponte. Com as autoridades do município ele foi a Brasília angariar recursos e apoio para que seu intento se tornasse realidade. A ponte não só facilitaria o seu transporte como traria um grande benefício para o município no setor agrícola, especialmente para a região do Baú que resume: Baú Baixo, Baú Central, Braço do Baú, Alto Baú, Alto Braço do Baú e Baú Seco. O próprio Morro do Baú, estação turística e ecológica, ganharia muito mais visitantes. (Estava longe de imaginar a enchente de 2008 na região).
Norival Cesar Floriani, que foi vice-prefeito de Ilhota, acompanhando sua luta, integrou-se ao movimento vindo a dar seu testemunho no livro O ANJO DA HUMILDADE. “Uma pessoa com forte vocação ao sacerdócio transmitia nas conversas uma paz de espírito muito grande. Em nosso município, Pe. Cláudio abraçou a causa e ficou conhecido como o Padre da Ponte de Ilhota, pois lutou muito junto às autoridades, envolvendo a comunidade para que essa obra fosse realizada”.
Cumprindo seu tempo de serviço na Paróquia São Pio X em Ilhota, onde esteve por quase 10 anos, Pe. Cláudio foi transferido para o município de São José assumindo como Pároco de São Judas, em Barreiros. Ficou ali pouco tempo, retornando à Paróquia de Penha em 1992. Mas o projeto da ponte em Ilhota ficou tramitando entre os governos municipal, estadual e federal, ganhando o nome do seu articulador mesmo antes de ser construída. Da Paróquia de Nossa Senhora da Penha, em junho de 1994, Pe. Cláudio foi designado para fazer uma missão apostólica pelo interior do Estado da Bahia e acabou se tornando Pároco em Jacobina. Quis o destino que ali ele findasse seus dias. Antes de completar seis meses de apostolado, no dia 30 de novembro ele foi vitimado por um AVC. Obediente aos seus superiores, ele aceitou a missão e logo se familiarizou com a vida social de Jacobina, assumindo rádio e jornal com empolgantes pregações e artigos. A Câmara municipal perpetuou seu nome em uma rua central da cidade. Embora tardiamente para ele, a ponte de Ilhota foi construída e lá está a placa ostentando o seu nome: PONTE PE. CLÁUDIO JEREMIAS CADORIN.
(Dados sobre a ponte: A estrutura tem 2,4 quilômetros de extensão, com 480 metros sobre o rio. A obra custou R$ 38,5 milhões, de verba estadual e federal).