
Memórias & Fatos
Por Memórias & Fatos -
O dono da venda
Comerciante, vendeiro, negociante, assim era chamado o dono da venda – a casa comercial do lugar. Venda de balcão com os principais artigos de secos e molhados. Artigos que eram o suficiente para abastecer a comunidade. O dono da venda era pessoa de destaque e a mais conhecida da região, considerada rica, pois ali concentrava o movimento financeiro e consumidor daquele núcleo. Nas áreas coloniais, o dono da venda bancava as despesas do lavrador que só acertaria conta no momento da safra. Quase sempre pagando com produto da colheita. Era comum vender fiado, cuja única vantagem é que não havia inflação. O município de Itajaí, que até 1958 incluía os distritos de Penha, Ilhota e Luís Alves, e Navegantes que se desmembrou em 1962, contava com vários nomes em destaque, a maioria comerciantes. Estes também eram representantes políticos. De Luís Alves era Leopoldo Hesse, Leonardo Martendal e Duda Souza. Em Escalvadinho: Olíndio Rodolfo de Souza, Ari Fernandes de Souza, Frederico Olíndio de Souza. Osvaldo Reiser em Navegantes. Piçarras tinha um bom número de comerciantes interligando com Penha, no lugar chamado Parada. Ali lideravam os irmãos libaneses Abraão e Miguel João Francisco. Adolfo Antônio Cabral, João Bento Vieira, Ludgero Vieira, Antônio Pires, Mário Braz de Santana, Francisco Leopoldo Fleith, João Batista da Cruz, Antônio Tavares. Em Armação, a venda do Domingos Aniceto, Ride Ferreira, Milton Olíndio de Souza. Eu ainda me estabeleci no ramo de mercearia, mas logo entrei na fase dos supermercados. Em Santa Lídia destacaram-se Basileo Cordeiro, Antônio José Waltrick e Ari Juvêncio da Silva. Em Itajaí, começando pela Barra do rio, a venda do Henrique Dauer, logo a do Augusto Fiorenzani. No centro as vendas maiores ganharam o nome de armazém – Bruno Kormann, João Fábio. Daí o Mercado Municipal. Hoje não tem mais as tradicionais vendas de balcão. As mercearias que eram vendas mais avançadas estão se transformando em panificadoras com lanches e cafés. Padaria mesmo já não sobrevive só com o pãozinho francês. Os próprios supermercados estão se transformando em grandes lojas de atacado e varejo, de forma que já não há mais clientela para aquele tipo de comércio onde o freguês era servido. Agora é ele quem se serve e não conhece o dono da venda.