BALNEÁRIO CAMBORIÚ
Funcionários denunciam aviso de demissão em massa no Centro de Covid
Enfermeiro denuncia que dezenas de temporários serão despedidos esta semana
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
Em meio ao problema de lotação nas UTIs adulto e neonatal do hospital Ruth Cardoso, em Balneário Camboriú, profissionais contratados temporariamente para o Centro Municipal de Covid-19 denunciaram a possibilidade de demissão em massa nesta semana. Dezenas de profissionais estariam pra ser despedidos, inclusive os que já foram realocados pra outros setores do hospital.
Segundo um enfermeiro, os funcionários da UTI e do pronto-atendimento do centro de covid foram comunicados na última sexta-feira que seriam demitidos nesta semana. “Os heróis de antes agora ficarão sem trabalho, onde a direção do hospital nem está preocupada com a situação em que pais e mães de família ficarão desempregados”, critica.
Os profissionais estão mobilizados contra a dispensa. O enfermeiro relata que não foi discutida com o grupo a alternativa de reaproveitar os profissionais em outras áreas do hospital, considerando que a unidade tem demanda alta de atendimento geral à população, refletida na lotação das UTIs.
A contratação temporária foi para atender as necessidades em meio à pandemia, com contrato de um ano prorrogável por igual período. “Grande parte dos funcionários, conforme foram diminuindo os pacientes, foi realocada dentro do hospital. A conversa era que estavam ficando os melhores profissionais, quando chega agora essa notícia do desligamento”, reclama o enfermeiro.
34 leitos na pandemia
O centro de covid chegou a ter 34 leitos de UTI durante a pandemia, 14 deles custeados pelo próprio município. Com a queda de casos de infecção, atualmente a unidade atende com 10 leitos intensivos, todos financiados pelo município. Até domingo, a unidade estava com 30% de ocupação das UTIs, com três pacientes internados.
Segundo a secretária de Saúde, Leila Crócomo, o ministério da Saúde não vai mais financiar os leitos de UTI Covid, havendo a desabilitação de leitos custeados pelo governo federal. Nesse processo, a secretária explica que os municípios precisam se reestruturar, com os leitos pra covid devendo ser remanejados dentro da UTI geral.
“A gente está fazendo isso, estamos em conversa, com esse planejamento para pelo menos não receber pacientes de outros municípios até que tenham esses pacientes ainda internados em alta”, disse. Dos três pacientes que estavam na UTI Covid até domingo, um era de Camboriú e outro de Itapema, apenas um morador de Balneário.
Leila esclareceu que não há mais 70 funcionários no centro de covid, hoje há cerca de 20 pessoas, com chance de remanejamento. “Com certeza, se precisar remanejar dentro do setor, a gente vai remanejar. Porque se for aberto outros leitos, a gente precisa também desses profissionais”, considerou.
A situação das UTIs do centro de covid será discutida em reuniões com as equipes, mas ainda não há nada decidido, conforme a secretária. “Talvez a gente fique ainda com os leitos por, pelo menos, mais um período. Não é certo ainda”, ressaltou.
UTIs geral e neonatal estão lotadas e com lista de espera
No hospital Ruth Cardoso, os 10 leitos de UTI geral adulto e as seis vagas na UTI neonatal estavam lotados nesta segunda-feira. “Temos cinco pacientes necessitando de leito de UTI adulto que estão cadastrados no Sistema de Regulação, 50% acima da capacidade da UTI Geral do HMRC, dois dos pacientes tem referência para tratamento de alta complexidade”, informou o hospital em nota.
Na UTI neonatal eram sete bebês, 117% de ocupação. O hospital informou que há duas gestantes com risco de parto de prematuro extremo, que são casos de alta complexidade fora da referência do Ruth Cardoso, e a UTI tem ainda dois bebês com solicitação de leito em outros hospitais ou maternidades. “São quatro bebês, 67% acima da capacidade da UTI Neonatal do HMRC”, divulgou a unidade.
O hospital esclareceu que desde sábado até esta segunda-feira nenhum leito de UTI adulto, UTI neonatal ou para gestantes foi disponibilizado pela Regional de Saúde ou Central de Regulação Estadual. “A direção e o Núcleo Interno de Regulação – NIR – do MRC vem solicitando desde a última quinta-feira insistentemente a intervenção da Regulação e do Estado para garantir o atendimento aos pacientes, sem sucesso até o momento”, completa a nota.
A lotação na UTI geral se agravou desde quinta-feira, quando houve um aumento no número de acidentes de trânsito, com pacientes em estado grave precisando de UTI, segundo a direção do hospital. Na UTI neonatal, a lotação vem desde a primeira semana de março, quando o setor estava com nove bebês internados, quatro deles de Itapema.
Na região da Amfri, o hospital Marieta Konder Bornhausen, em Itajaí, é a referência para partos de alta complexidade, bebês prematuros e gestantes com hipertensão, diabetes e outras gravidades. Mas o Marieta também anunciou na semana passada a lotação na unidade neonatal, chegando a ficar impossibilitado de receber novos pacientes com gestação de alto risco.
Na manhã desta segunda-feira, o hospital Marieta informou que o setor estava com 11 crianças internadas nas 12 vagas existentes.