Pingando nos Is
Por Pingando nos Is -
A verdade deve ser cultuada. (IV)
Escrevi, anos atrás, que o Brasil ocupava o segundo lugar, entre os países cuja população confia no noticiário publicado na imprensa, atingindo um percentual de 66% de confiantes.
Ponderei, naquela oportunidade, que a imprensa especialmente, para continuar a merecer a confiança dos seus leitores, deve informar com isenção, afastada de ideologias e simpatias pessoais ou patronais. Deve, em seus noticiários, relatar o ocorrido, deixando para os seus artigos e editoriais o espaço para os deleites intelectuais e ideológicos.
Relembrei dessas colocações no momento em que li na coluna de Claudio Humberto, publicada dias atrás, a notícia de que “levantamento nacional exclusivo do instituto Paraná Pesquisa para o Diário do Poder mostra que a maioria dos brasileiros (62,4%) acha que a imprensa não é isenta em relação ao governo de Jair Bolsonaro”.
A notícia é complementada com a revelação de que a imprensa é isenta apenas para 32,8%, dos entrevistados e mais, no Nordeste a maioria apresentou 55% e na População que não é economicamente ativa , foi apurado que 59,2% é a taxa dos que não acreditam na isenção da imprensa ao relatar o noticiário envolvendo o governo Bolsonaro.
O percentual se eleva, atingindo 65,8%, entre os entrevistados com ensino superior, perdendo apenas para os 66,8% (mais de dois terços) apurado entre os entrevistados do sexo masculino que não acham isento o tratamento dado pela imprensa às notícias envolvendo o atual governo.
A importância de tal constatação reside no fato de que esta mesma imprensa, que, como foi dito no início deste escrito, há dois anos gozava da confiança de 66% da população nacional, conseguiu inverter o marcador, passando a ser desconfiada por um percentual quase igual – 62,4% – das pessoas que buscam a informação.
O que mudou? Os jornalistas? A arrecadação de verbas oficiais? A ideologia?
A imprensa é, sem nenhuma dúvida, um dos mais importantes sustentáculos de qualquer regime, principalmente do democrático, mas não pode afastar-se da verdade, não pode distorcer a realidade dos fatos e, muito menos, colocar-se a serviço de causas importadas.
Deve, sim, ser investigativa, fiscalizadora, denunciando os desvios de conduta dos responsáveis pela guarda e zelo dos bens e interesses públicos, razão pela qual ela deve ser livre.
Mas, para que a liberdade de imprensa lhe seja assegurada ela deverá estar assentada na verdade verdadeira e não na verdade que lhe for mais conveniente.
O Brasil jamais conseguirá firmar-se em posição de destaque no concerto das nações enquanto os seus nacionais não tiverem o verdadeiro conhecimento dos fatos nacionais a eles revelados despidos de quaisquer conotações que não sejam o interesse nacional e o progresso de seu povo. Fatos verdadeiros, enfim.
Que prevaleça a verdade.