Pingando nos Is
Por Pingando nos Is -
Entre estúpidos e ignorantes
Incluí, no desenvolvimento de meu comentário da semana que passou, a opinião de uma leitora do jornal “Estadão”, Ana Silvia F. P. Pinheiro Machado, para ser mais exato, que concluiu: “Resultado de triste e óbvia reflexão a que me obriguei é que Bolsonaro e Lula são fruto da inépcia cultural, social, moral e fanática de um povo politicamente pueril, desprovido de compromisso com a coletividade do país. Eles pagam pra ver e vibram com a rivalidade da torcida”.
Adicionando-se à conclusão citada os inúmeros e recentes relatos de acontecimentos e manifestações dos personagens nomeados e, ainda, outras manifestações como a do presidente da Fundação Zumbi dos Palmares, do Ministro da Educação, de participantes da reunião ministerial de 22 de abril passado, fácil é a compreensão das várias abordagens jornalística sobre o tema do livro de Carlo M. Cipolla, um celebrado professor de história da economia na Universidade da Califórnia que escreveu, “As Leis Fundamentais da Estupidez Humana”, que se tornaria um clássico do século XX.
“Este livro se destina não a pessoas estúpidas, mas àqueles que, eventualmente, precisam lidar com elas”, o autor avisa logo no começo.
Quanto às leis, estas somam cinco que, pelo espaço, tentarei resumir: 1. subestimamos o número de estúpidos no mundo e ao nosso redor; 2. estabelece que a probabilidade de certa pessoa ser estúpida é independente de qualquer outra característica dela própria (sua criação/cultura/sociedade); 3. defende que uma pessoa estúpida é aquela que causa danos a outras sem tirar nenhum proveito para si, podendo até sofrer prejuízo com isso; 4. lei mostra que as pessoas não estúpidas desvalorizam sempre o potencial nocivo das estúpidas, sobretudo quando decidem se associar a eles pensando que “serão fáceis de enganar”; 5. o estúpido é o tipo de pessoa mais perigoso que existe, muito mais que um bandido, e eles muitas vezes ocupam cargos de poder.
O autor justifica a sua obra, feita para “detectar, conhecer e assim possivelmente neutralizar uma das forças sombrias mais poderosas que impedem o crescimento do bem-estar e da felicidade humanos”.
E garante que estúpidos são encontrados aos montes também entre intelectuais: “ainda mais impressionantes foram os resultados entre professores”. Mas por que é tão difícil combater o ataque de um estúpido? Porque seres inteligentes e racionais acham difícil “imaginar e compreender o comportamento irracional”.
Modestamente me permito acrescentar uma referência aos “ignorantes” que pululam ao redor dos estúpidos. Aumentando a ameaça pois, o ignorante como o seu mundo é pequeno, porque é pequeno o seu conhecimento, julga-se senhor de toda a ciência humana e não admite a falibilidade de seu juízo lógico ou científico. E exatamente porque pensa que nada existe além do seu conhecimento, não tem nenhuma modéstia e nem se acautela com qualquer medida de prudência. Suas afirmações são categóricas e seus juízos infalíveis. Deus nos livre também do ignorante.