Pingando nos Is
Por Pingando nos Is -
Sobre a ozonioterapia
No início da semana a cidade foi assaltada por uma onda de chistes, piadas e comentários desairosos, tudo causado por um pronunciamento do prefeito Morastoni anunciando que inscreveu o município na Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa), vinculada ao Ministério da Saúde, para integrar um protocolo de pesquisa sobre a ozonioterapia.
De acordo com Morastoni, maiores detalhes seriam dados depois. Foi aí que a casa desabou, pois foi esclarecido que a aplicação de ozônio seria retal (pelo ânus), em casos que tiveram diagnóstico do novo coronavirus: “É uma aplicação simples, rápida, de dois minutos, com um cateter fininho e isso dá um resultado excelente”, disse. O paciente deverá fazer 10 sessões do tratamento”.
Tal esclarecimento detonou uma gozação avassaladora, com repercussões até no exterior.
Jejuno neste assunto, impunha-se uma rápida pesquisa sobre a matéria: “O Ozônio é uma forma alotrópica do oxigênio, constituído por 3 átomos (O3), que possui as características como: gás instável, diamagnético, à temperatura ambiente possui coloração azul e cheiro característico. O Ozônio é também um oxidante extremamente forte, perde apenas para o flúor, e reage mais rápido que o O2”.
O nome ozônio provém da palavra grega para cheiro – “ozein”. O ozônio é reativo e capaz de oxidar metais como ferro, chumbo e arsênico. Por ser extremamente reativo, o ozônio se transforma em um elemento tóxico capaz de atacar proteínas, destruir microrganismos e prejudicar o crescimento de vegetais. Ele é produzido naturalmente na estratosfera pela ação fotoquímica dos raios ultravioleta sobre as moléculas de oxigênio, e é benéfico.
A ozonioterapia é considerada uma forma alternativa para desinfetar e tratar feridas, problemas respiratórios e até HIV e cânceres, mas não tem comprovação científica.
Além da insuflação, oferecida pelo prefeito, a tecnologia desenvolvida com o uso do ozônio permite aplicações diferentes, como azeite ozonizado diretamente aplicado ao corpo; água ozonizada, que é uma bebida frequentemente usada em odontologia; auto-hemoterapia, onde o sangue é retirado, misturado com ozônio e colocado de volta na corrente sanguínea; banho a gás ou sauna.
É importante ressaltar que as técnicas de administração de ozônio em tratamentos estão sujeitas a efeitos colaterais, alguns dos quais graves.
E também, em nota técnica, o ministério da Saúde define o procedimento de ozonioterapia como contraindicado para tratar a covid-19. O texto do documento diz: “O efeito da ozonioterapia em humanos infectados por coronavirus (Sars-Cov-2) é desconhecido e não deve ser recomendado como prática clínica ou fora do contexto de estudos clínicos”.
No caso da sugestão do prefeito, o tratamento seria oferecido apenas a pessoas com teste positivo para o novo coronavírus e dispostas a fazerem uso da técnica que propõe aplicar 10 sessões da admissão de ozônio.
Você decide.