Olhando em retrospectiva, Miriam de Almeida, de 64 anos, se sente satisfeita por ter dado vazão a múltiplas habilidades ao longo da vida sempre que a realidade se impôs. Seja na vida afetiva ou profissional, as dificuldades não são encaradas como obstáculos, mas oportunidades.
Foi assim que, durante a pandemia, ela abriu novas empresas para não demitir funcionários. Um tino para os negócios que vem desde a infância, em Rio do Sul.
“Eu acredito que nasci para realizar. Para mim não existe a palavra ‘impossívelʼ, nem me interesso pelo fácil. Se algo precisa ser feito, eu aprendo e resolvo, já era empoderada desde pequena”, analisa ...
Foi assim que, durante a pandemia, ela abriu novas empresas para não demitir funcionários. Um tino para os negócios que vem desde a infância, em Rio do Sul.
“Eu acredito que nasci para realizar. Para mim não existe a palavra ‘impossívelʼ, nem me interesso pelo fácil. Se algo precisa ser feito, eu aprendo e resolvo, já era empoderada desde pequena”, analisa.
Miriam conta que a primeira vez que empreendeu foi aos nove anos, quando queria assistir “Meu pé de laranja lima”, mas não tinha dinheiro. Então ela pediu ao vendedor de picolé para revender alguns e, graças à sua lábia, comprou o ingresso rapidamente.
Aos 11 anos, vendo a mãe, costureira de renome, atender clientes de Curitiba e São Paulo, quis também fazer seus próprios vestidos pesquisando nas revistas da mãe, também autodidata. Quando foram morar em Blumenau, ela passou a trabalhar no ateliê da mãe e aos 14 anos fez curso de estilista.
“Nesta idade foi a primeira vez que fiz uma greve de fome”, revela. Ela estava indignada por não poder se vestir com “roupa de domingo” também às segundas-feiras. Então ela foi atrás do primeiro emprego na farmácia do Sesi.
“Quando ganhei meu primeiro salário comprei um vestido vermelho com bolsa e sapato de verniz combinando e passei a usar, toda orgulhosa, quando bem quisesse”. Também aprendeu tricô e vendia cardigãs na escola, sempre com um mimo extra pras clientes.
Vontade de realizar sonhos
Miriam conheceu seu companheiro Nivaldo Pinheiro durante um trajeto de ônibus e, após o casamento em 1978, compraram a imobiliária de Dalmo Bozzano, que se tornaria a Procave, uma das maiores construtoras de Santa Catarina.
“No início fazia de tudo, puxava fiação, pintava fogão, geladeira, o que aparecia”. Foi nessa época que nasceu a filha Taysa, e depois as gêmeas Rafaela e Gabriela.
Após os anos 2000 vieram os netos Benício e Júlia, inspiração para seu empreendimento do coração: A | Livraria. Júlia faz medicina em Milão, e é umaleitora voraz como Miriam.
Miriam abriu a livraria justamente durante a pandemia, quando todos os estabelecimentos estavam fechados e sua empresa de design estava em crise.
“Acharam que eu estava doida, mas não podia dispensar os funcionários em dificuldades financeiras e de saúde. Então idealizei este espaço, que é mais que uma livraria, é um local de aconchego”, define. Além da livraria, ela abriu um café e uma loja de decoração, todos no Brava Mall.
O desenvolvimento da espiritualidade é um capítulo à parte. Aos 40 anos, encarou a mais desafiadora das tarefas: cursar psicologia.
“Foram os cinco anos mais difíceis da minha vida”, analisa. E Miriam não quer parar por aí. Seu desejo é, em breve, poder compartilhar tudo que aprendeu e seguir aprendendo com outras mulheres mundo afora. Quem viver, verá.