Há 25 anos, a rotina da itajaiense Fátima Vanzuita, de 61 anos, é imaginar como vai surpreender quem provar sua comida. Ela não consegue executar uma receita sem colocar muito de si no prato que, além de ser saboroso, precisa contar uma história. Não à toa já venceu três concursos gastronômicos e um deles lhe rendeu o tão sonhado curso de chef internacional no Instituto de Gastronomia das Américas. O maior legado da formação acadêmica, segundo ela, foi aprimorar aquilo que já era bom, e abrir um mundo novo de sabores e ingredientes.
“O corte dos legumes valoriza o prato, assim como o tempo de cocção das carnes, que eleva a experiência a um outro nível”, exemplifica. A oportunidade de cursar gastronomia aconteceu em 2021, quando ...
“O corte dos legumes valoriza o prato, assim como o tempo de cocção das carnes, que eleva a experiência a um outro nível”, exemplifica. A oportunidade de cursar gastronomia aconteceu em 2021, quando apresentou sua versão de lambe-lambe no “Desafio do Chef”, da Record. O prato de mariscos já tinha levado a taça no restaurante Indaiá, em Itapema. O segredo ela não revela nem sob tortura, mas conta que a dica veio do dono do bar Ostradamus, de Floripa.
A primeira vez que ela teve seu talento reconhecido foi num concurso realizado pela prefeitura de Itajaí nos Mercados Público e do Peixe. Fátima apresentou o prato “Desconstrução de camarão na moranga”, em que a abóbora é assada com muito azeite e reduzida até virar um purê rústico. Era o início de uma relação de amor com o local, onde atuou no Café e Cultura e no Empório Gourmet, locais que nem tinham cozinha, mas isso não era empecilho.
“Quando o Mercado estava em reforma, eu só tinha uma bancada do lado de fora com uma panela elétrica, um forno elétrico e um micro-ondas. Dali saíam risotos, caldeiradas de frutos do mar, arroz com tinta de lula, eu não deixava que as limitações físicas limitas sem minha imaginação”, afirma. Nesta época ficou famoso o nhoque da sorte feito com tainha com molho de camarão todo dia 29. Ela também trabalhou na Marejada em parceria com a Apae, responsável por abastecer o povo com centenas de bolinhos de bacalhau.
Sommelier de café da manhã
Fátima também comandou as panelas do Bar Zeppelin, referência em samba e petiscos com a cara do Brasil, na Beira Rio. Mais recentemente, a chef teve a oportunidade de cozinhar para a galera gringa da Volvo Ocean Race, hospedada no Hotel Marambaia, que fazia questão de provar as iguarias regionais.
Foi um festival de tapiocas, cuscuz, banana frita, bolinho de banana, de aveia e muita fruta e sucos tropicais no café da manhã, uma de suas paixões.
“Eu simplesmente amo café da manhã de hotel! Já experimentei quase todos na região e o que mais me encantou foi o de uma pequena pousada na praia do Trapiche, na Armação, em que tudo era feito lá: pães, geleias, bolos, sucos, sequilhos, diferente de grandes redes onde o sabor é industrial”, compara.
Sua mais nova obsessão culinária é o poke, um prato havaiano.
Atualmente Fátima comanda a cozinha do Capitão Ruck, nos arredores do Mercado Público, e encanta os clientes com pratos como estrogonofe de salmão, cubinhos milimetricamente cortados e selados um a um antes de receber uma dose generosa de creme de leite.