Pingando nos Is
Por Pingando nos Is -
Há leis em vigor!
Considerando que o período de tempo decorrido entre março de 1964 e a presente data excede a 11 lustros, ou seja mais de meio século, um número expressivo de personagens que pululam na mídia, nas redes sociais e até mesmo na política ainda não havia nascido ou, quando não haviam recentemente deixado os cueiros, encontravam-se no desfrute da mais tenra infância ou envolvidos na preparação do vestibular para ingresso em algum curso maternal, totalmente alienados dos fatos políticos que se desenrolavam em seu redor.
No início do período (1964) muitas pessoas, como eu, conseguiam captar, quando as condições atmosféricas permitiam, o sinal das redes de televisão, especialmente as do Rio de Janeiro e Curitiba, por vezes.
Assim é que consegui filmar, com uma filmadora 8mm, o famoso “Comício da Central do Brasil”, realizado no dia 13 de março de 1964, após o qual as ideias de Jango foram decisivamente vinculadas, pelos setores conservadores, à República Sindicalista e ao Comunismo.
Na oportunidade Jango assinou dois decretos: um desapropriando as refinarias que não pertenciam à Petrobras, o outro criando a Superintendência da Reforma Agrária - para desapropriação de propriedades subutilizadas, anunciando o preparo da Reforma urbana.
Dias depois, uma rebelião de marinheiros no Rio de Janeiro foi mais um grave incidente, mas que desta vez atingiu diretamente a hierarquia e a disciplina militares. João Goulart, como forma de solucionar o conflito, anistiou os revoltosos.
Para o setor golpista, a ação de Jango era uma clara demonstração de desrespeito com as Forças Armadas e a saída para tanto foi o chamado Golpe de 1964, que culminou com o Regime Militar (1964-1985) e a renúncia do presidente.
No dia 13 de dezembro de 1968, em razão das mobilizações de estudantes, operários, artistas e intelectuais e que se somaram à luta armada e à oposição de políticos às ordens do governo, este anunciou o Ato Institucional nº 5 (AI-5), que se constituiu numa resposta do governo para toda a crise que enfrentava em 1968.
Assim, o AI-5, é bom lembrar, resultou do caos em que o país estava sendo mergulhado pelo acirramento das ações armadas por muitos dos que hoje “clamam” por democracia, mas que naqueles tempos pegavam em armas para impor uma ditadura de esquerda no Brasil, com ajuda de comunistas estabelecidos em Cuba e na antiga União Soviética.
Vale a lembrança nesta quadra de tempo, quando Lula fala em colocar o exército do as ruas para pôr fogo no Brasil e querendo trazer os protestos do Chile para o Brasil pondo a vista o seu viés autoritário e antidemocrático, justificando o alerta do ministro Guedes de que a insistência trará “gente para a rua pedindo o AI-5” .
Houvesse apreço pela democracia a imprensa, em vez de amenizar o papo do “arrognante” divulgaria que: “Para combater incitação à violência, à desordem, ao caos, ninguém precisa pedir um AI-5, basta que se apliquem as leis em vigor”.