Pingando nos Is
Por Pingando nos Is -
Lideranças políticas... (3)
Pretendia encerrar a sequência de comentários sobre o tema que deu nome à esta série, mas, os eleitores deste país foram agraciados da parte de seus “representantes”, os parlamentares, com mais uma demonstração da total ausência de espírito público no exercício dos mandatos parlamentares.
Assim, por força da aprovação, pela Câmara, de um projeto claramente impopular, que já havia sido refugado pelo Senado, pois permitia, entre outras coisas, pagar com recursos do “fundo partidário”, reformas, contador, passagens, multas e até mesmo advogados contratados para a defesa de seus candidatos denunciados em crimes eleitorais e quejandos e, como se não bastasse, ensejava a elevação dos valores de outro fundo, o de “financiamento das eleições”, resolvi retornar ao assunto.
Reverbero, assim, o alerta aos eleitores sobre o desvio do mandato da grande maioria dos nossos parlamentares, lembrando que a “vereança”, primeiro degrau político, transformou-se em meio de vida, eis que, desde ao meados dos anos 60 do século XX, passou a ser constitucionalmente remunerada, perdendo a sua condição de, por gratuidade, ser considerada “serviço relevante” prestado à sociedade, um estímulo para que muitos cidadãos exercessem, com espírito público, liderança social em suas comunidades.
Transformado assim, o idealismo em profissão, o espírito público em mercadoria, a prática política um simples balcão de negócios.
Aristóteles, filósofo grego analisou a questão do poder no seu livro “A Política”. A política aristotélica é essencialmente vinculada à moral, porque o fim último do estado é a virtude, ou seja, a formação moral dos cidadãos e o conjunto dos meios necessários para isso.
O estado é um organismo moral, condição e complemento da atividade moral individual. A política, contudo, é distinta da moral que tem como objetivo o indivíduo, enquanto a outra objetiva a coletividade. A ética é a doutrina moral individual, a política é a doutrina moral social.
O estado, então, é superior ao indivíduo, uma vez que a coletividade é superior ao indivíduo, o bem comum superior ao bem particular. Assim, unicamente no estado efetua-se a satisfação de todas as necessidades, pois o homem, sendo naturalmente animal social, político, não pode realizar a sua perfeição sem a sociedade do estado.
Informados pelos princípios da moral social, aos políticos militantes é vedada a prática de atos e ações de governo que não estejam voltadas para o fim ultimo do estado que é a virtude, ou seja, a formação moral dos cidadãos e o conjunto dos meios necessários para isto os quais, por serem coletivos, submetem qualquer interesse individual.
De qualquer maneira a condição indispensável para uma boa constituição é que o fim da atividade estatal seja unicamente o bem comum e não a vantagem de quem governa.