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Por Em geral -

Eles, de fato, não sabem o que fazem


Nos séculos que se seguiram ao Renascimento, os jovens destinados a compor a elite nas principais nações europeias – gente da nobreza e alta burguesia, mas também aspirantes talentosos – estudavam Latim, Grego, Gramática, Lógica e Retórica. Conviviam com os autores clássicos, destacadamente os filósofos gregos e os tribunos e historiadores romanos. Preparavam-se para a liderança, o domínio e crítica dos discursos. Sem distinção do maior ou menor brilho, da justeza ou não do pensamento ou da área de interesse principal, tais pessoas escreviam com correção, raciocinavam segundo padrões consensuais de clareza e lidavam com valores de maneira consistente. Não se distinguiam, nesse particular, as habilitações – seja um Leibnitz ou um Montesquieu, um Hobbes ou um Voltaire. A explosão das descobertas científicas no século XVIII – as ciências da natureza, a partir de Lineu; a física de Newton, a química de Lavoisier – produziu, sobre esse piso cultural, o conceito do iluminismo, fundado na crença em uma sociedade humana guiada pela razão, metaforicamente descrita como a luz da ciência que espantaria a crença, a lenda, o atávico e obsoleto. O fracasso da razão nos dois séculos seguintes deve-se a fatores econômicos, políticos e psicossociais desconhecidos ou desconsiderados naquela época. Vem sendo, no entanto, preservado pelo jogo de interesses que, ao ampliar o acesso à educação formal, excluiu componentes essenciais à compreensão dos homens, de seus valores e dos discursos sociais. À medida que a formação escolar se estendeu à população em geral e a instrução de profissionais agregou-se às universidades, disciplinas propedêuticas das habilitações e de adestramento para os ofícios ocuparam todo o espaço, suprimindo a formação clássica sem prover substituto. Desapareceram a lógica e seu desdobramento em novas concepções (de Boole, Frege-Tarski-Gödel),-- e a retórica, que se desdobrou nas técnicas do convencimento (de Goebbels a Bernays); e, mais grave, separaram-se radicalmente os estudos sobre a linguagem, as sociedades e o sentido das coisas do raciocínio matemático – e, com ele, o rigor das definições e da crítica. O condicionamento extraescolar estimulou, sobre todas essas ausências, uma visão de mundo pragmática, individualista e competitiva, fundada em ícones ou simulacros de riqueza ou poder. Os mecanismos de controle de opinião e comportamento, ao contrário da escola, aprimoraram-se e progrediram para muito além do que existia antes; são, hoje, a principal arma de guerra e alavanca da economia. Diante desse fantástico poderio o grande segmento de trabalhadores qualificados, gerentes e autônomos que se aprimoraram por décadas para exercer seus ofícios não dispõem dos instrumentos para defender-se, ainda que de argumentos refutáveis por alunos iniciantes de um seminário romano do tempo dos césares – ad hominem, ad baculum, ad populum, ad verecundiam, ignoratio elenchi, modus ponens, modus tollens etc. Perdem, assim, o controle sobre o que pensam em geral e implicações maiores daquilo que fazem.


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