Colunas


Coluna Exitus na Política

Coluna Exitus na Política

Por Sérgio Saturnino Januário - pesquisa@exituscp.com.br

Um passeio nas cavernas


As cavernas são atrativos “turísticos” sobre um mundo desconhecido, muitas vezes improvável, cheio de túneis, água fria. É uma área escura, com existências incomuns, sem sol. Ambiente pouco arejado, frio, causa espanto por qualquer movimento e barulho e nos revela inseguros. Ali nos sentimos vulneráveis, pequenos, sem o controle remoto ilusório da vida alçada pelos sabores do querer, dos desejos, dos prazeres e do poder.

Sem o controle da própria vida, temos medo de entender as cavernas e procuramos “instintos” de autopreservação. Ao mesmo tempo, a liberdade de “sair” da caverna que nos afugenta é uma das ofertas mais difíceis. A fuga da caverna é a procura do autoconhecimento como meio para viver com respeito. Entender as coisas pela “luz do sol” é procurar evitar as projeções das sombras que a saída da caverna provoca. Ainda que a realidade não nos seja imediatamente acessível, ainda que não possamos ter consciência direta do mundo, é preciso se voltar para as saídas das cavernas.

“Despertar” para a realidade é como o grito primeiro de um recém-nascido, logo um esforço de autoafirmação de sua própria existência. Dependente dos outros, como sempre somos [vivemos ...

Já tem cadastro? Clique aqui

Quer ler notícias de graça no DIARINHO?
Faça seu cadastro e tenha
10 acessos mensais

Ou assine o DIARINHO agora
e tenha acesso ilimitado!

Sem o controle da própria vida, temos medo de entender as cavernas e procuramos “instintos” de autopreservação. Ao mesmo tempo, a liberdade de “sair” da caverna que nos afugenta é uma das ofertas mais difíceis. A fuga da caverna é a procura do autoconhecimento como meio para viver com respeito. Entender as coisas pela “luz do sol” é procurar evitar as projeções das sombras que a saída da caverna provoca. Ainda que a realidade não nos seja imediatamente acessível, ainda que não possamos ter consciência direta do mundo, é preciso se voltar para as saídas das cavernas.

“Despertar” para a realidade é como o grito primeiro de um recém-nascido, logo um esforço de autoafirmação de sua própria existência. Dependente dos outros, como sempre somos [vivemos em grupos e falamos uns com os outros], recorremos aos símbolos para intermediar o mundo exterior com o nosso mundo interior.

Na maioria dos casos tentamos retardar o despertar para a realidade porque ela nos deixa insatisfeitos. Como a realidade é externa às nossas cavernas uterinas, e não cabe num copo para ser bebida, procuramos nos refugiar em nosso mundo interno que desconhecemos e tentamos transformar os outros e seus mundos em preferências pessoais. Como ato de autoproteção contra a realidade, nos escondemos em cantos escuros e frios, e nos assustamos quando quaisquer barulhos possam provocar nossos medos.

Gritamos contra os animais que habitam nossa própria escuridão, tememos por desconhecê-los, temos pânico por parecerem incontroláveis, ficamos apreensivos quando tudo fica em silêncio absoluto, entramos em estado de terror e agressividade quando sentimos sua aproximação. Perdemos o controle e apresentamos nossos instintos mais primitivos de agressividade e violência para defendermo-nos de nossa própria escuridão e obscuridades de nossa forma de ser.

As metáforas e as formas simbólicas que usamos para sair de nossas cavernas internas mostram nossa história, registram nossa trajetória, revelam nossa formação, destacam nossos absurdos, dinamizam nossos medos e revigoram nossas conquistas. Não existem lugares de estada permanente para a vida. Desde o nascimento a realidade é um rompimento, antagonismo entre a retirada de um ambiente e a saída para outro.

Como seres da realidade, desse rio caudaloso, irrompemos entre a saída para a “luz” e a profundeza escura do fundo da caverna. De certa forma nos sentimos protegidos nas cavernas diante das margens de um novo mundo. Sem pretender conquistá-lo, sem subornar sua potência vital e maior do que qualquer ser, sem negligenciar sua existência dura e frutada em insatisfações, melhor é receber do sol sua energia. Libertar-se não é viver livre, mas viver para compreender o que existe fora de nós.

Viver é um comportamento; respeito é um comportamento. Comportamento para a inteligência e conhecimento, para a vida com o que nos é estranho, para afastar os medos do que somos e os delírios de força e poder. As pessoas e o mundo no qual aportamos e que não pode ser determinado com exatidão, fazem parte da arte do comportamento da vida humana. Gritar na floresta é o pior sinal para garantir a própria vida.


Conteúdo Patrocinado


Comentários:

Deixe um comentário:

Somente usuários cadastrados podem postar comentários.

Para fazer seu cadastro, clique aqui.

Se você já é cadastrado, faça login para comentar.

ENQUETE

O que você acha de Carlos Bolsonaro concorrer ao senado por Santa Catarina?

Ele teria o meu voto!

Já não basta o 04, agora o “clã Bolsonaro” também quer empurrar o 02 pra SC

Não sei ainda

Ridículo! Ele mal sabe onde fica Santa Catarina



Hoje nas bancas

Confira a capa de hoje
Folheie o jornal aqui ❯


Especiais

Taxação de super ricos: por que a conta não fecha, com Eliane Barbosa

Taxação de super ricos

Taxação de super ricos: por que a conta não fecha, com Eliane Barbosa

Tudo nas bets é pensado para viciar, alerta psicólogo Altay de Souza

VÍCIO EM APOSTAS

Tudo nas bets é pensado para viciar, alerta psicólogo Altay de Souza

Corte Interamericana reconhece direito a clima saudável e estabelece obrigações aos países

DIREITOS HUMANOS

Corte Interamericana reconhece direito a clima saudável e estabelece obrigações aos países

Expulsos por hidrelétrica em Goiás, quilombolas lutam há duas décadas por reparação

LUTA POR DIREITOS

Expulsos por hidrelétrica em Goiás, quilombolas lutam há duas décadas por reparação

Vítimas relatam abusos por lideranças de terreiro de candomblé em Belo Horizonte (MG)

ABUSOS EM TERREIRO

Vítimas relatam abusos por lideranças de terreiro de candomblé em Belo Horizonte (MG)



Colunistas

Natureza selvagem

Via Streaming

Natureza selvagem

Zema vem aí

JotaCê

Zema vem aí

É uma novela!

Coluna Esplanada

É uma novela!

Monitoramento aéreo registra baleias-francas na costa de SC

Charge do Dia

Monitoramento aéreo registra baleias-francas na costa de SC

O tamanho do drama que mora nas ruas de Santa Catarina

Coluna Acontece SC

O tamanho do drama que mora nas ruas de Santa Catarina




Blogs

Dieta anti - inflamatória!

Blog da Ale Francoise

Dieta anti - inflamatória!

🦴 Osteopenia: o sinal silencioso que seu corpo pode estar dando

Espaço Saúde

🦴 Osteopenia: o sinal silencioso que seu corpo pode estar dando

Diplomacia atenta

Blog do JC

Diplomacia atenta

As duas juntas...

Blog da Jackie

As duas juntas...






Jornal Diarinho ©2025 - Todos os direitos reservados.