Colunas


Um passeio nas cavernas


As cavernas são atrativos “turísticos” sobre um mundo desconhecido, muitas vezes improvável, cheio de túneis, água fria. É uma área escura, com existências incomuns, sem sol. Ambiente pouco arejado, frio, causa espanto por qualquer movimento e barulho e nos revela inseguros. Ali nos sentimos vulneráveis, pequenos, sem o controle remoto ilusório da vida alçada pelos sabores do querer, dos desejos, dos prazeres e do poder.

Sem o controle da própria vida, temos medo de entender as cavernas e procuramos “instintos” de autopreservação. Ao mesmo tempo, a liberdade de “sair” da caverna que nos afugenta é uma das ofertas mais difíceis. A fuga da caverna é a procura do autoconhecimento como meio para viver com respeito. Entender as coisas pela “luz do sol” é procurar evitar as projeções das sombras que a saída da caverna provoca. Ainda que a realidade não nos seja imediatamente acessível, ainda que não possamos ter consciência direta do mundo, é preciso se voltar para as saídas das cavernas.

“Despertar” para a realidade é como o grito primeiro de um recém-nascido, logo um esforço de autoafirmação de sua própria existência. Dependente dos outros, como sempre somos [vivemos em grupos e falamos uns com os outros], recorremos aos símbolos para intermediar o mundo exterior com o nosso mundo interior.

Na maioria dos casos tentamos retardar o despertar para a realidade porque ela nos deixa insatisfeitos. Como a realidade é externa às nossas cavernas uterinas, e não cabe num copo para ...

Já tem cadastro? Clique aqui

Quer ler notícias de graça no DIARINHO?
Faça seu cadastro e tenha
10 acessos mensais

Ou assine o DIARINHO agora
e tenha acesso ilimitado!

Sem o controle da própria vida, temos medo de entender as cavernas e procuramos “instintos” de autopreservação. Ao mesmo tempo, a liberdade de “sair” da caverna que nos afugenta é uma das ofertas mais difíceis. A fuga da caverna é a procura do autoconhecimento como meio para viver com respeito. Entender as coisas pela “luz do sol” é procurar evitar as projeções das sombras que a saída da caverna provoca. Ainda que a realidade não nos seja imediatamente acessível, ainda que não possamos ter consciência direta do mundo, é preciso se voltar para as saídas das cavernas.

“Despertar” para a realidade é como o grito primeiro de um recém-nascido, logo um esforço de autoafirmação de sua própria existência. Dependente dos outros, como sempre somos [vivemos em grupos e falamos uns com os outros], recorremos aos símbolos para intermediar o mundo exterior com o nosso mundo interior.

Na maioria dos casos tentamos retardar o despertar para a realidade porque ela nos deixa insatisfeitos. Como a realidade é externa às nossas cavernas uterinas, e não cabe num copo para ser bebida, procuramos nos refugiar em nosso mundo interno que desconhecemos e tentamos transformar os outros e seus mundos em preferências pessoais. Como ato de autoproteção contra a realidade, nos escondemos em cantos escuros e frios, e nos assustamos quando quaisquer barulhos possam provocar nossos medos.

Gritamos contra os animais que habitam nossa própria escuridão, tememos por desconhecê-los, temos pânico por parecerem incontroláveis, ficamos apreensivos quando tudo fica em silêncio absoluto, entramos em estado de terror e agressividade quando sentimos sua aproximação. Perdemos o controle e apresentamos nossos instintos mais primitivos de agressividade e violência para defendermo-nos de nossa própria escuridão e obscuridades de nossa forma de ser.

As metáforas e as formas simbólicas que usamos para sair de nossas cavernas internas mostram nossa história, registram nossa trajetória, revelam nossa formação, destacam nossos absurdos, dinamizam nossos medos e revigoram nossas conquistas. Não existem lugares de estada permanente para a vida. Desde o nascimento a realidade é um rompimento, antagonismo entre a retirada de um ambiente e a saída para outro.

Como seres da realidade, desse rio caudaloso, irrompemos entre a saída para a “luz” e a profundeza escura do fundo da caverna. De certa forma nos sentimos protegidos nas cavernas diante das margens de um novo mundo. Sem pretender conquistá-lo, sem subornar sua potência vital e maior do que qualquer ser, sem negligenciar sua existência dura e frutada em insatisfações, melhor é receber do sol sua energia. Libertar-se não é viver livre, mas viver para compreender o que existe fora de nós.

Viver é um comportamento; respeito é um comportamento. Comportamento para a inteligência e conhecimento, para a vida com o que nos é estranho, para afastar os medos do que somos e os delírios de força e poder. As pessoas e o mundo no qual aportamos e que não pode ser determinado com exatidão, fazem parte da arte do comportamento da vida humana. Gritar na floresta é o pior sinal para garantir a própria vida.


Conteúdo Patrocinado


Comentários:

Deixe um comentário:

Somente usuários cadastrados podem postar comentários.

Para fazer seu cadastro, clique aqui.

Se você já é cadastrado, faça login para comentar.

ENQUETE

A condenação de Bolsonaro é justa? 



Hoje nas bancas

Confira a capa de hoje
Folheie o jornal aqui ❯


Especiais

O que a TV Justiça não mostrou: momentos marcantes de um julgamento histórico

JULGAMENTO DO GOLPE

O que a TV Justiça não mostrou: momentos marcantes de um julgamento histórico

Onda bolsonarista é tentativa de inspirar novo 8 de janeiro, diz especialista

“Nepal já”

Onda bolsonarista é tentativa de inspirar novo 8 de janeiro, diz especialista

As 3 alternativas que poderiam livrar o ex-presidente da prisão

E agora, Bolsonaro?

As 3 alternativas que poderiam livrar o ex-presidente da prisão

Verde-amarelo em disputa e pautas "invertidas" marcam 7/9 antes de julgamento de Bolsonaro

SETE DE SETEMBRO

Verde-amarelo em disputa e pautas "invertidas" marcam 7/9 antes de julgamento de Bolsonaro

Malafaia usa Bíblia para transformar investigação em provação divina

Nos cultos

Malafaia usa Bíblia para transformar investigação em provação divina



Colunistas

Agnaldo apoiado pelo governo Robison?

JotaCê

Agnaldo apoiado pelo governo Robison?

Corrida contra o relógio

Via Streaming

Corrida contra o relógio

Cuidar da mente não é luxo: é sobrevivência no século 21

Ideal Mente

Cuidar da mente não é luxo: é sobrevivência no século 21

Detran cria guia pra diferenciar bikes elétricas, patinetes e ciclomotores

Charge do Dia

Detran cria guia pra diferenciar bikes elétricas, patinetes e ciclomotores

Agosto Branco

Coluna Esplanada

Agosto Branco




Blogs

Exclusivo: Osmar Teixeira deixa o PSD

Blog do JC

Exclusivo: Osmar Teixeira deixa o PSD

Inteligência Artificial redefine papel das academias e profissionais de fitness

A bordo do esporte

Inteligência Artificial redefine papel das academias e profissionais de fitness

🫀 Coração saudável: pequenos hábitos que fazem grande diferença

Espaço Saúde

🫀 Coração saudável: pequenos hábitos que fazem grande diferença






Jornal Diarinho ©2025 - Todos os direitos reservados.