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A guerra após as eleições


Há pouco mais de dois séculos, confrontando o exército de Napoleão, o prussiano Carl Von Clausevitz observou que a guerra era claramente continuação da política “por outros meios”. Isso foi verdadeiro por muito tempo, no entanto, o presidente que assumir o governo após as próximas eleições no Brasil fará bem se, pelo contrário, entender a política como continuação da guerra “por outros meios”, e perceber o quanto ela está ameaçada.

A guerra, escreve Clausevitz, é fruto do ódio que espera o acaso (ou a oportunidade) para impor sua razão estratégica. O que ocorre na atualidade é que o ódio ameaça extinguir a política, sublimação da guerra, e, no vácuo, ocupar o espaço das instituições públicas com a lógica insensível das empresas.

O ódio prevalece quando a motivação principal da disputa não é tal ou qual objetivo social – uma linha de ação, um projeto de sociedade –, mas o esmagamento do adversário, a que se atribuem condições degradantes sem relação necessária com a realidade. Estamos vendo isso.

A própria noção de guerra se transformou desde que se desenvolveram armas – nucleares e biológicas – tão poderosas que não podem ser usadas. Apoiados em métodos estatísticos e na manipulação de grandes dados, os senhores da guerra passaram a priorizar estratégias alternativas ao confronto militar; buscam colocar a seu serviço corporações que dispõem de poder e promovem operações cada vez mais complexas de domínio da consciência e da opinião pública através do controle dos sistemas de educação e informação.

Pode-se dizer que o conflito que se trava aqui e por toda parte descende do confronto entre Oriente e Ocidente após a derrota do nazismo alemão, mas é fato que se transformou a partir do momento em que, nos anos 1970, a moeda em que se processam os negócios internacionais despregou-se de qualquer referência (o ‘lastro’) e passou a ser emitida caudalosamente, gerando mercado diversificado de esperanças quanto a lucros futuros.

Na aparência, reproduzem-se eventos heróicos – os da expansão do império anglo-saxão como, antes, dos impérios persa ou romano. No entanto, a essência, menos evidente, é radical e perversa: reside na submissão de todos os bens e serviços de que dispõe a humanidade a valores em moeda convencional, desconsiderando os demais aspectos ambientais, sociais e humanos.

Diante desse quadro e na particularidade da situação brasileira – a de um país que é, no momento, mais campo de disputa do que combatente apto –, o novo governo que (e se) sobreviver ao ódio, deverá promover a unificação das forças políticas capazes de resistir ao processo destrutivo das instituições, com vista aos objetivos nacionais comuns. Para isso, será necessário confrontar ou silenciar os mecanismos de monopolização do discurso público já estruturados

A sociedade brasileira está condenada a ser multirracial e multicultural – portanto, tolerante. Não descende exclusivamente do patrimonialismo português, como difunde a História escrita há décadas pela USP, nem do escravismo, como querem os críticos de matriz europeia. É mais complicada: forjou-se em lutas de classes que transcorreram de maneira distinta nos vários núcleos coloniais do vasto território, cuja unificação se fez por obra dos exércitos do Império e, após o interregno oligárquico da república velha, reconstitui-se na ideologia oriunda do movimento dos tenentes. Vem daí a presença marcante do conceito de nação que se firmou na era Vargas.

As pesquisas pré-eleitorais atestam o quanto ainda está presente no sentimento do povo e porque é nele que se pode apoiar a restauração da normalidade.


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