ITAJAÍ
Homem passa mal em fila de matrícula e morre ao chegar na UPA de Cordeiros
Pai, de 35 anos, fazia plantão na fila pra garantir vaga do filho no 1º ano da escola Thereza Bezerra de Athayde
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
O ferramenteiro Lourival Gonçalves da Cruz, de 35 anos, passou mal na fila para matrícula na escola Thereza Bezerra de Athayde, no bairro Espinheiros, em Itajaí, na tarde de quarta-feira, e faleceu no PA de Cordeiros. Ainda no colégio, o morador passou por procedimentos de reanimação feitos por socorristas do Samu. Ele foi levado em seguida para o PA mas não resistiu.
A vítima aguardava na fila pra matricular o filho no 1º ano do Ensino Fundamental. A fila havia se formado na escola na quarta-feira, antes mesmo do prazo das matrículas, que abriu na quinta e segue até esta sexta-feira. Há dezenas de pais que estão passando os dias e noites no local. Em nota, o município de Itajaí e a Secretaria Municipal de Educação lamentam profundamente a “fatalidade” ocorrida no pátio da escola.
Segundo a secretaria, o homem chegou ao local por volta das 15h e passou mal às 17h30. “O Samu foi acionado para prestar os primeiros socorros e encaminhou o cidadão até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Cordeiros, porém ele não resistiu e faleceu. Conforme a Secretaria Municipal de Saúde, o homem era cardiopata e tinha histórico de atendimentos", informa a nota.
A secretaria esclareceu, ainda, que o homem não estava esperando no sol e que, quando ele chegou, havia apenas 20 pessoas na fila. O colégio oferta 120 vagas para o 1º ano e, segundo o município, não havia necessidade de formação de filas antes da abertura das matrículas.
Lourival era ferramenteiro na Gomes da Costa Embalagens, em Itajaí, e também presbítero na Igreja Assembleia de Deus Ministério do Belém, nos Espinheiros. O velório acontece na igreja, com sepultamento previsto para as 10h desta sexta-feira, no cemitério do Vaticano, no bairro Fazenda. Ele deixou esposa e quatro filhos.
Prefeito em exercício lamentou fatalidade e diz que não faltará vaga para nenhuma criança
O prefeito de Itajaí em exercício, Marcelo Sodré (PDT), considerou uma fatalidade a morte do ferramenteiro Lourival Gonçalves da Cruz, de 35 anos, que passou mal na fila para matrícula do filho na escola Thereza Bezerra de Athayde, no bairro Espinheiros. O pai chegou a ser socorrido pelo Samu, mas faleceu no PA do Cordeiros.
Marcelo avaliou não haver relação do caso com a formação de fila na escola. Ele desmentiu informações de que o morador já estava há muito tempo esperando e que aguardava na fila sob o sol e calor.
“Foi um ataque cardíaco fulminante. Poderia ter sido na fila do pão, no açougue, mas foi ali. É triste, mas não acho que haja relação entre uma situação e outra”, comentou. A informação do município é que, depois de cerca de uma hora de espera, o morador teria se dado conta do esquecimento de documentos em casa e pediu pra uma senhora guardar o lugar até ele voltar.
“Nesse retorno, quando ele veio de casa, sentou no lado dessa senhora e virou pro lado”, disse o prefeito, sobre o momento em que Lourival sofreu o mal súbito. Considerando que o morador já tinha problemas de coração, o prefeito acredita que possa ter ocorrido uma arritmia após a volta de casa.
“De repente ele foi buscar esse documento de uma forma mais apressada e isso deu uma arritmia no coração e acabou culminando nesse infarto”, opinou, lamentando o episódio. Sobre a formação de filas, o prefeito destacou que os pais são avisados de que há vagas para todos os alunos. Mesmo assim, ele aponta uma “postura cultural” de tentar garantir a matrícula em determinada escola.
“Nós temos capacidade para receber a todos. O problema é que, muitas vezes, o pai quer determinada escola em específico, e aí acaba superando, evidentemente, a quantidade de vagas que aquela escola em específico tem, e todo mundo na disputa quer ir pra fila”, explica. Para amenizar a situação, o prefeito diz que houve a medida de abrir as escolas para os pais serem acolhidos enquanto aguardam.
“Não justifica, na verdade, essa fixação em determinada escola, mas o que a gente pode fazer é recebê-los e acolhê-los da melhor forma possível”, comentou. Conforme o prefeito, a fila ocorre apenas pra crianças das creches que vão fazer o 1º ano. Para mais de 30 mil alunos que já fazem parte da rede municipal, a matrícula é feita de forma automática.
Município diz que todas as crianças serão atendidas
As matrículas para o 1º ano na rede municipal seguem até hoje para alunos que estão vindo da pré-escola. “Em nenhum momento, os pais foram orientados a ficarem em filas a fim de garantir uma vaga, uma vez que todas as crianças terão acesso a alguma unidade escolar”, afirmou a secretaria.
A assessoria reforçou que a vaga será garantida, embora não necessariamente na escola mais perto da casa do aluno. Em busca de vaga na escola de preferência, também no Espinheiros, pais de alunos viraram a noite na fila e amargaram horas de espera desde o feriado pra fazer a matrícula no colégio Maria Rosa Heleno Schulte, que tinha a oferta de 50 vagas.
“É uma tremenda falta de respeito com os pais ter que ficar na fila dois dias para a vaga dos nossos pequenos”, relatou uma moradora. Outra mãe defendeu que as vagas deveriam ser só para o bairro, mas famílias de outros locais estariam tentando vaga na escola.
A secretaria explicou que, ao terminar a oferta de vaga numa determinada unidade, os pais serão orientados a buscarem as vagas em outras unidades do município.