revolução
Turismo mudou para melhor a história de Penha
Transformação na economia da cidade, até então predominantemente pesqueira, veio a partir da abertura Beto Carrero
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
A vocação turística de Penha já vem de longa data: a região do Itapocoroy foi considerada um porto seguro para os açorianos ainda no século 17, e a armação baleeira foi uma das mais importantes do tempo imperial. Mas foi no ano de 1991 que a abertura de um parque temático deu início a uma nova história. A chegada do Beto Carrero World trouxe uma transformação profunda para a cidade. O empreendimento causou um impacto em todos os setores, e o turismo se tornou a principal atividade econômica do município.
Ao longo dos 30 anos de atividades do parque, Penha viu o número de pousadas aumentar a cada ano, alavancando ao mesmo tempo toda cadeia produtiva: restaurantes, comércio, serviços e a construção civil.
Naturais de Penha, Cleber Marciel Neumann, Carlos José Serpa e Aurélio Idalgo de Souza viveram a transformação da cidade. Carlos trabalhou entre 1997 e 2008 como segurança e motorista do próprio João Batista Sergio Murad, o Beto Carrero. Ele destaca a simplicidade e genialidade do empresário. “Ele era um exímio adestrador. De um rato a um elefante, era só questão de tempo”, ressalta, em meio a fotos e relíquias como um chapéu e itens pessoais de Beto Carrero.
Já Aurélio gerenciou um dos shows mais conhecidos durante anos, o West Selvagem. “Vi o parque crescer”, destaca. Ambos abriram pousadas seguindo aconselhamentos do próprio criador do Beto Carrero, que já vislumbrava o sucesso do empreendimento e seu impacto na economia local. Onde havia casas de famílias tradicionais, surgiram meios de hospedagem para pessoas de várias partes do Brasil e do Mercosul. Cleber brincava nas áreas onde hoje está o parque. Trabalhou na hotelaria, tornou-se empresário do ecoturismo, presidiu duas vezes a associação de hotéis e hoje atua como secretário de turismo do município.
A atividade também mudou a vida de quem veio para a cidade e aqui ficou, como Margarete e Sá. Ela se mudou de Blumenau há 35 anos para trabalhar com seguros, mas acabou sócia de uma pousada com cinco quartos. Antes, conta, as pessoas tinham poucas opções de hospedagem. Turismóloga, na faculdade percebeu em Penha o “laboratório” para transformar a cidade da pesca na cidade do turismo. O hotel que dirige começou em 1995 com poucos quartos - hoje são 30 apartamentos. Para ela, o turismo movimenta até mesmo áreas não diretamente ligadas, como materiais de construção, por exemplo. “Quem pensava que a cidade não vive do turismo viu na pandemia o quanto o setor é fundamental na economia”, completa.
INVESTIMENTO
André Locatelli Trein veio investir em Penha há cinco anos, com a instalação de um food park próximo ao parque Beto Carrero. Mas já frequentava estas praias desde muito antes e também viu o desenvolvimento a partir do turismo. Considera fundamental a integração entre os conselhos municipais de turismo, da cidade, projeto Orla e DEL (Desenvolvimento Econômico Local), para discutir e pensar o turismo de Penha. Na mesma linha, Aurélio, que preside um núcleo de pousadas com cerca de 240 estabelecimentos (Nuphope/IETI), acredita que é preciso trabalho conjunto entre poder público e entidades ligadas ao turismo.
A qualificação do setor sempre foi um desafio. Margarete conta que a primeira associação de hotéis surgiu em 1997 justamente para buscar capacitação e divulgar a cidade. Carlos Serpa acredita que a qualificação deve ser para funcionários e também empresários.
Unanimidade entre os entrevistados é que a relação de Penha com o turismo deve ser cada vez mais forte. Margarete afirma que é preciso valorizar a cultura e a história como um atrativo, opinião compartilhada por Aurélio e Cleber. Carlos Serpa acredita que é preciso incentivar também a instalação de shoppings e parques aquáticos, por exemplo, como forma de ampliar a permanência dos visitantes.
O secretário de turismo conta que estão surgindo novos atrativos a mostrar Penha e os seus encantos: ecoturismo, aventura, histórico-cultural, observação de baleias e tartarugas.