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Crônicas da vida urbana

Por Crônicas da vida urbana -

Sem água - até quando?


Como bom curitibano, frequento o litoral catarinense desde criança – e sempre escutei moradores reclamando da falta de água, luz e urbanização. Não vou alegar minha porção de sangue açoriano como direito a essas colocações: antes de mais nada, não sou turista ou veranista, posso me considerar morador. E, antes da catilinária, esclareçamos: não sou contra turismo nem veraneio, atividades econômicas importantes que não podem ser subestimadas. Exemplo maior, os países europeus. Embora mais vinculado ao acervo cultural, e mesmo descontando no que foram saqueados durante as guerras – o turismo é um dos itens mais importantes nos orçamentos nacionais. A procedência da população flutuante no litoral de Santa Catarina deixou de ser paranaense há muito, e isso é desimportante, interessa apenas ao marketing. O que pesa é a circulação monetária direta de dinheiro, seja de curitibanos, gaúchos, mineiros, argentinos ou uruguaios. No entanto, como toda atividade econômica neste país que, em 520 anos ainda se recusa a criar juízo, se faz de maneira predatória, incompetente, atabalhoada, visando lucro imediato fazendo saque sobre o futuro: no caso, da população permanente, dos moradores fixos. Eles são os que têm DIREITOS FIXOS E PRIORITÁRIOS, em qualquer cidade, lugar ou região. Tudo tem que ser dimensionado, antes de qualquer consideração, a eles; são os DONOS do lugar, elegem políticos e administradores segundo suas conveniências. Que, como costuma acontecer no Terceiro Mundo, uma vez refestelados no poder, perdem a noção de serem SERVIDORES PÚBLICOS – é dizer SERVIDORES DA POPULAÇÃO – e não autoridades. Nunca dos interesses próprios ou do capital. E chegamos ao assunto: que é a situação absurda, inadmissível e catastrófica de não se administrar o fluxo veranístico de modo a não permitir prejuízo dos moradores. Como recurso extremo, é o caso de impor limites e restrições para evitar o colapso dos fornecimentos básicos. A situação de falta de água, luz e agenciamentos urbanos referentes ao fluxo de carros – tem sido negligenciada há décadas, agredindo as populações residentes duramente, de maneira inadmissível. Não é preciso ninguém vir me explicar que obras sanitárias, elétricas e de urbanização são caras num país, pior do que pobre, mal administrado. Demandam financiamentos específicos que extrapolam os magros orçamentos municipais e estaduais. Acontece que é para isso que os políticos existem, para resolver essas questões são eleitos. É seu trabalho, seu dever, sua obrigação elementar encontrar, exigir e aplicar, com competência e honestidade, esses recursos. Evidente que isso não significa trascurar os demais itens obrigatórios da administração, saúde, educação e o mais que sabemos necessário e prioritário. Mas esses se relacionam de maneira indireta com a questão dos fluxos transitórios das temporadas, que é o assunto em pauta. É evidente que os investimentos em estruturas urbanas não têm sido suficientes nas últimas décadas. Evidente também que não são problemas que possam ser resolvidos num passe de mágica, num estalar de dedos: além de caras, são obras que exigem muito planejamento ambiental, além do econômico – mas, como dito no início, eles, os problemas, estão lá há décadas, na minha memória pessoal, há bem mais de meio século. Já poderiam ter sido solucionados e nem equacionados estão. Se alguma coisa tem sido feita, se providências foram tomadas e estão em curso de implantação – não se percebe. O que se percebe é que os problemas lá estão, atormentando os moradores cada vez que o fluxo aumenta, nas temporadas, ano a ano. Há quem diga: é transitório, passou o Carnaval tudo entra nos eixos. Mas não é aceitável NEM MESMO UM DIA de desabastecimento de água ou energia para quem aí habita. Não se pode apelar para conformismo: - ah, hoje você não pode cozinhar nem tomar banho, seus sistemas de segurança vão ficar apagados, mas quando acabar a temporada, vai ter água e energia à vontade. Medidas drásticas – evidente que de caráter emergencial e transitório – deveriam ser impostas pelo Ministério Público, por uma legislação especial ou por quem tenha esse poder: cobrar ingresso nos lugares – isso já existe – e aplicar os recursos na solução definitiva dos problemas, nada de paliativos. Ou pior, mas talvez necessário, controlar e restringir o fluxo de população transitória com restrição aos grandes consumidores, relacionados com hospedagem; ou de prédios, esses monstros devoradores da paisagem e da estrutura urbana. Todos sabemos que os problemas mais graves da humanidade como um todo – não apenas do litoral catarinense ou qualquer outro trecho dos oito mil quilômetros de litoral com que o país foi agraciado e não sabe usar – são a água, o lixo e a energia. Não são problemas de médio ou longo prazo, como até recentemente se pensava – são imediatos, prementes, emergenciais e requerem medidas à altura, ainda que antipáticas, impopulares e radicais. A maravilha das praias catarinenses – como de tantos outros recursos recebidos gratuitamente da natureza ao estado e ao país – está sendo desperdiçada, malbaratada, jogada no lixo de maneira irreversível. Como já aconteceu nos ciclos econômicos desde os tempos da Colônia: alguém se enche de dinheiro, mas não é a população, que fica apenas com a devastação, a poluição e a pobreza. Quer-se um máximo de lucro com mínimo de investimento, de preferência puro extrativismo, sem investimento. Coisa de selvagens, incivilizados, inconscientes. O turismo é mais uma mina de ouro indo pelo ralo da incompetência administrativa.


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