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Crônicas da vida urbana

Por Crônicas da vida urbana -

Mexendo nas gavetas


Não entendo como as pessoas não estão se tocando com isso: além da concentração brutal da renda – não é segredo de ninguém que a riqueza do planeta está nas mãos de uma porcentagem mínima de pessoas – está havendo uma concentração igualmente violenta da cultura humana. Não tenho – ou não há, o que é mais provável – dados a respeito, mesmo porque, como dito antes, me parece que o fenômeno passa despercebido: como ninguém liga pra cultura – no que os governos são exemplares, os grandes agentes da usurpação, tanto quanto no caso do dinheiro – o processo de apropriação vai ser muito mais rápido e radical. Os argumentos para ser clean, minimalista, desapegado, estão na base da alienação. Por preguiça ou por acreditar nos argumentos, com conveniente suporte da mídia, sempre manipulando a favor dos poderosos, o desprezo e o descaso com os bens culturais está arrasando o patrimônio da humanidade – estamos sendo reduzidos a primatas com tecnologia, isto é, a nos ocuparmos e zelarmos apenas pelo que diz respeito à sobrevivência física. Os neandertais tinham seus porretes, e nós temos os celulares, que é o quanto basta para atender a todas as necessidades do ser humano. A cultura está – e não é sentido figurado, aceitamos isso com uma naturalidade de quem não pensa – nas nuvens. É verdade que a concentração cultural acontece nas instituições, mais do que nas casas – mas é o mesmo processo da concentração de renda, ou quando os bancos são as instituições concentradoras. Quantas vezes me aconteceu de chegar uma pessoa no portão de casa com uma sacola de supermercado, me entregar e dizer: - Olha, estive limpando umas gavetas lá em casa e achei isso – você guarda essas coisas, então te trouxe. Está implícita nessa ação um restinho de entendimento de que a coisa cultural deva ser preservada – ainda que sob responsabilidade de outrem. Não, não acho que todo mundo deva ter um museu ou arquivo em casa – apesar de que há exemplos excelentes de quem faz isso muito bem: são os colecionadores, que sacrificam os ínfimos espaços de suas casas para poupar do lixo uma gama de objetos de sua particular apreciação ou estima. Ao longo das décadas de preocupação com o patrimônio cultural, vi acontecerem muitas coisas nesse sentido: não só as coleções particulares – que causam a preocupação do destino que terão nas mãos dos herdeiros minimalistas – mas também dos pequenos museus de pequenas cidades, sem condições mínimas de conservação e tratamento dos acervos que lhes são confiados. E aqui chegamos ao ponto: até onde poderemos contar com suportes para a nossa memória? Porque sem ela, repito, somos uns primatas com celular no lugar de porrete. Dane-se o Monolito do Stanley Kubrick, se é que me entendem... Key Imaguire Junior


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