O projeto de urbanização da avenida começou em março. O investimento é de R$ 4,6 milhões, contemplando novas pavimentação, calçadas, travessias elevadas, ciclovia, sinalização e drenagem. O comerciante Laércio Peter, de 52 anos, conta que a obra foi prometida pra entrega antes do verão, mas o serviço tem andado em ritmo lento. “Do jeito que estão fazendo, não vão terminar nunca. É só promessa e promessa”, lamenta.
Laércio tem uma conveniência no trecho entre as ruas Mafra e Castanheta, que já ganhou pavimentação. As obras estão nas calçadas, mas o comerciante diz que deixaram por último o lado esquerdo, onde tem mais comércios. “Os turistas reclamam bastante. Eles ficam andando na rua”, afirma. Outro problema, aponta, é que as calçadas tiraram as vagas de carga e descarga. “Nossos fornecedores perguntam como vão parar aqui no verão”, comenta.
Para o comerciante Bruno Ribeiro, que abriu uma loja há dois dias no trecho, a pavimentação deu uma aliviada nos transtornos, mas a sujeira e a poeira continuam incomodando. “Ainda não tem calçada e os carros não respeitam os pedestres”, relata. Bruno chegou a estragar a roda do carro no buraco e deixou de receber uma encomenda devido à interdição do tráfego.
O trecho final da avenida, entre a rua Castanheta e a avenida Leopoldo Zarling, falta receber a maior parte dos serviços. Não há calçadas e materiais estão espalhados ao longo do morro. Pedestres e ciclistas dividem o espaço na rua com os carros e ainda têm que cuidar com os buracos de drenagem. “A gente corre o risco de um carro passar por cima”, narra a operadora de caixa Aldenice Carvalhho, de 25 anos. Ela mora em Bombas e caminha pelo trecho em obras até o trabalho.
Esperam melhorias
Apesar dos transtornos, outros comerciantes destacam que a obra vai valorizar a região, como ocorreu na revitalização da orla de Bombas. “Vamos ver o retorno depois”, observa o chefe operacional de uma pousada, Elon Moraes. Ele considerou que as obras não afetam tanto a chegada dos hóspedes, pois o trecho até a rua Castanheta, onde fica a pousada, não foi trancado.
A gerente de loja, Tina Silva, comentou que falta compreensão de que a obra é em benefício da população. “É difícil agradar todo mundo, mas se não tiver isso, vai prejudicar mais depois”, avalia.
Funcionária de uma loja de artigos de praia, Luciana Oliveira reconhece a importância do projeto, mas espera que a revitalização termine antes do verão. “A temporada já vai ser ruim em razão da pandemia”, ressalta.
A vendedora mora em Bombas e depende da avenida pra chegar à loja. Conforme relata, um dos problemas que enfrenta é que a prefeitura não avisa com antecedência quando o trecho ficará interditado. Com isso, a moradora corre o risco de chegar atrasada ou de ficar com o carro trancado no local das obras.
“Quando vim trabalhar, ainda não tinha guarda”, contou na terça-feira, sobre a restrição de acesso. Um motorista confirmou que falta melhor orientação e sinalização sobre o desvio de quase 10 quilômetros pelo Mariscal.
Prefeitura não informou o prazo pra conclusão
A assessoria de comunicação da prefeitura não respondeu ontem sobre o cronograma das obras na avenida Manoel José dos Santos, a fase atual dos trabalhos e se há previsão de término. Essas informações só poderiam ser levantadas hoje, junto ao setor de engenharia do projeto.
O município adiantou que há o comunicado prévio dos dias de interdições no local das obras, também pelos meios de comunicação da prefeitura quanto pelos agentes de trânsito que atuam nas ruas orientando os motoristas.
A última atualização das obras de revitalização da avenida pela prefeitura foi feita em 25 de novembro, em razão do início da primeira parte de asfalto no trecho entre as ruas Mafra e Castanheta, que agora está recebendo novas calçadas e ciclovia.
Sobre o trecho final da avenida, ainda sem pavimentação, a prefeitura avisava que seguiam “em ritmo acelerado” os trabalhos de colocação de pavers, construção de calçada, meio fio e ciclovia. O trecho teve o antigo calçamento retirado e está com uma base pra colocação do asfalto. O antigo passeio também foi removido pra implantação da drenagem e passagem da ciclovia.
As mudanças previstas na revitalização da avenida foram discutidas com a comunidade ainda no começo no ano passado. No início desse ano, em reunião pública em fevereiro, a prefeitura apresentou o cronograma da obra, já alertando sobre os impactos dos trabalhos no trânsito e para moradores, empresários e lojistas.
Ruas abandonadas no Mariscal
No bairro Mariscal, moradores denunciam que ruas e calçadas estão abandonadas, com buraqueira e lama nos dias de chuva. O problema foi relatado em laterais da avenida Araucária, como a rua Melanita, e na própria avenida Araucária, que tem sido usada por motoristas que fazem o desvio pelo Mariscal em razão das obras no acesso à praia de Bombinhas.
Já no bairro Canto Grande, a rua Ipê Roxo é uma das que mais precisam de manutenção. A prefeitura tem um programa de reaproveitamento de lajotas retiradas das avenidas que passaram por revitalização, como a Manoel José dos Santos.
O calçamento tem sido reaproveitado na pavimentação de pequenas ruas, mas a prefeitura não confirmou se utilizará o material pra atender vias do Mariscal e qual a programação de manutenção das vias do bairro.
As lajotas da avenida em obras já atenderam ruas de Morrinhos, Sertãozinho, Bombas e outras ruas ainda deverão ser atendidas pelo programa.