DIARINHO - Um dos seus compromissos na campanha passada, inclusive já publicado em entrevista ao DIARINHO, foi que o senhor não seria candidato à reeleição. Por que mudou de ideia?

Liba: O anseio da população, o desejo de continuidade de um trabalho que está sendo desenvolvido dentro da cidade de Navegantes e tem demonstrado que a população quer a continuidade. Eu entendo que Navegantes passa por um processo de transformação muito grande. Uma melhora muito efetiva do desenvolvimento da cidade, da sua posição estratégica dentro do cenário estadual e até a nível nacional, vai trazendo essa conjuntura toda para que a gente dê continuidade nesse processo. A população anseia. Essa é a decisão de colocar o meu nome à disposição para que a gente possa dar continuidade num mandato, até então, muito bem avaliado.

DIARINHO - Um dos nomes para a sucessão seria do senhor Osmari de Castilho, da Portonave, mas todos os anos ele é cogitado e declina. Por outro lado, dizem que ele é o grande mentor do seu governo. Isso é verdade?

Liba: Esse Castilho é danado, né?! Ele sempre me deixa na mão. O Castilho é uma grande expressão empresarial, é um grande líder dentro da cidade de Navegantes, e é um anseio da população que ele seja candidato a prefeito, que ele venha a concorrer em uma eleição. Eu entendo a posição dele. Eu entendo o desenvolvimento da Portonave. Eu entendo o papel dele como gestor, que é tão importante quanto como gestor público. Ele, como gestor dentro da Portonave, traz o desenvolvimento. A gente entende essa posição dele e eu tenho certeza de que ele continuará fazendo esse trabalho nos bastidores. Nos ajudando, trazendo as suas colocações, mostrando o lado empresarial que tem que ser melhorado, o desenvolvimento econômico que tem que ser trabalhado. A Portonave é uma referência a nível mundial. [Ele tem participação no seu governo?] Sempre, ele é o meu conselheiro. Uma pessoa com quem eu tenho trocado muitas informações, converso muito com ele, tem nos orientado bastante com relação ao desenvolvimento da cidade de Navegantes.

"Quando nós iniciamos nosso governo lá em 2021, a Portonave representava praticamente 60, 65, 70% da arrecadação de ISS do município. Hoje, ela não chega mais a 50%”

DIARINHO – O senhor foi para o PSD com um acordo com o PL. O senhor seria o candidato e eles indicariam o vice. O que deu errado nesse compromisso?

Liba: Eu não vejo nada de errado. O meu acordo continua. Mas o meu acordo é tratado com o governador Jorginho. Quando eu fui a Florianópolis, na Casa da Agronômica, eu conversei com ele. Eu fui convidado pelo governador para estar no PL. Na época eu expliquei a situação, que estaria no PSD porque justamente gostaria de privilegiar e dar oportunidade ao PL, através das duas vereadoras que defendem o governo até hoje, para que fossem candidatas a vice. O governador entendeu essa posição e nos apoiou. De lá pra cá algumas coisas mudaram dentro do PL. O PL de Navegantes acabou abrindo para outras lideranças, que até então não estavam levantando a bandeira. Elas até estavam filiadas, mas estavam ocultas dentro do PL. Claro, com a oportunidade de ser vice, candidato a vice, essas pessoas começaram a fazer um levante. Não era exatamente esse o nosso desejo. Eu tenho um compromisso com as vereadoras que nos apoiaram. Elas estiveram do nosso lado desde o início do governo. É por isso que a gente continua nessa mesma proposta. O PL continua sendo o nosso vice, mas eu preciso acertar esse detalhe com o governador. Ele que vai tratar desse assunto. [O senhor não abre mão de que a Lu Bittencourt esteja na sua chapa como vice?] Eu não abro mão da vereadora Lu Bittencourt, ela é minha candidata a vice pelo PL. Outro nome fora o da Lu Bittencourt somente o governador que vai poder dar o posicionamento. A gente discute com ele, porque ficou muito bem claro o nosso acordo. [Mas se o governador indicar outra pessoa, o senhor aceita?] Se for fora da Lu Bittencourt e ela não der o aval, eu não aceitarei. Tem que passar pelas mãos do governador e também pelo aval da Lu Bittencourt.

DIARINHO - As obras de infraestrutura em Navegantes costumam tardar. Um dos exemplos é a dificuldade da duplicação da faixa de areia no Gravatá. Qual a principal dificuldade?

Liba: As obras de infraestrutura em Navegantes andam muito rápido. Nós estamos falando em três anos e meio de governo. Dois anos, praticamente, o primeiro ano um processo de pandemia, de ajuste de governo. Ajustar a máquina pública. Era muito importante fazer um trabalho de gestão interna. Após isso, nós colocamos o nosso time todo na rua para fazer obras. Elas estão sendo entregues, todas, praticamente, antes do prazo. A questão específica do engordamento da faixa de areia da praia do Gravatá teve todo um processo bem estruturado, desde o estudo contratado, de um ano de estudo, para passar todos os 12 meses das estações do ano, encontrar toda a diversidade que tinha lá com relação à fauna e à flora. Nós fizemos o processo de licitação e esse processo de licitação tem 60 dias de publicação. Infelizmente, o Tribunal de Contas, faltando uma semana para abrir os envelopes, apontou algumas situações que têm que ser corrigidas. Agora esse processo já foi devolvido ao Tribunal de Contas e a gente espera a resposta deles para republicar. São os prazos normais dentro de uma obra pública, que isso todo mundo já sabe e conhece. São os ritos que nós temos que seguir.

DIARINHO - A festa de Nossa Senhora dos Navegantes perdeu espaço e o senhor acabou com o Navegay que era uma tradição. Essas decisões são motivadas pelo senhor ser evangélico?

Liba: Olha, nem um pouco. Eu sou evangélico, todo mundo sabe disso. Mas eu sou prefeito de todas as religiões, de todos os credos, de todas as classes sociais. Uma coisa é a minha posição particular, meu CPF. Outra é quem administra uma cidade. Eu entendo perfeitamente que a festa de Nossa Senhora dos Navegantes é uma tradição dentro da nossa cidade. Eu também não consigo entender que ela perdeu espaço. Pelo contrário. Vejo que a gente deu muito apoio para a festa. Inclusive tivemos algumas negociações, algumas conversas com padres, apoiamos a festa. É claro que a estrutura da cidade mudou. Hoje, nós estamos fazendo uma grande reforma na praça central em frente ao ferry boat. Nessa reforma conversamos com a igreja católica. Dentro desse espaço da praça vai melhorar o ambiente para fazer a festa. É o olhar e é o cuidado que estamos tendo com todas as pessoas, de uma forma geral. A questão de acabar com o Navegay é uma polêmica que já passou. O Navegay era uma festa que não trazia o desenvolvimento para a cidade de Navegantes. Nós provamos que outros tipos de festa atraem todos os tipos de público e trazem um resultado muito mais positivo para a cidade, economicamente, na questão de turismo. Essas posições sempre são criadas, mas é claro que a gente sabe que por trás tem muito mais um viés político do que verdadeiramente o que acontece no dia a dia. Aliás, eu tenho um grande relacionamento, tanto com o padre Eduardo, quanto com o frei Cleiton, lá da Paróquia de São Domingos, e com o padre Márcio, lá da comunidade do Gravatá. A gente tem uma liberdade muito grande de discutir várias ações dentro do município. Eu fui o único prefeito que fez a restauração da gruta de Nossa Senhora do Guadalupe. Nós fizemos uma estrutura muito mais moderna, muito mais segura, para que realmente pudesse valorizar esse ponto turístico e também ponto de fé na cidade de Navegantes.

"Eu não abro mão da vereadora Lu Bittencourt, ela é minha candidata a vice pelo PL”

DIARINHO – Navegantes não tem tratamento de esgoto. O Marco Regulatório prevê que até 2033 os municípios brasileiros precisam estar com o sistema de esgoto implantado. Como o senhor pretende executar essa obra?

Liba: A gente já tem tratado esse assunto desde o início do nosso governo. Se vocês observarem, nós conseguimos resolver o problema de falta de água na cidade de Navegantes, que era histórico. Há mais de 30 anos, eu posso dizer, faltava água na cidade. A gente tem que atacar por partes. O desejo, a vontade, era que tudo se resolvesse num piscar de olhos, mas não é isso que acontece no dia a dia. A questão do tratamento de esgoto já está na nossa pauta. Nós estamos trabalhando há mais ou menos um ano, discutindo algumas ações para a gente poder lançar um processo de estudo. Nós entendemos claramente que o município não tem condições financeiras, administrativas e estruturais de encarar isso sozinho. Nós precisamos passar por um processo de concessão. Isso já está sendo trabalhado. Já fiz visitas em outros municípios que fizeram esse processo de concessão, já visitei outros municípios que participam de um processo e não deu certo. São partes de um estudo que estamos fazendo para lançar o nosso edital daqui um pouquinho e deixar a cidade 100% com tratamento de esgoto. [Concessão de água e esgoto?] Concessão de água e concessão de esgoto. Os dois andam paralelos e não tem como a gente tratar diferente. A gente sabe das dificuldades da água de Navegantes. Nós fomos o único governo que criou uma estação de tratamento de água dentro do município e rompemos com essa dependência total de Itajaí. Nós somos dependentes de Itajaí, continuaremos sendo por um bom tempo ainda. A relação com Itajaí é muito boa, uma relação de confiança, uma relação de integridade. A gente sabe que Itajaí precisa da cidade de Navegantes porque já faz parte do orçamento do Semasa. Navegantes precisa receber essa água. É uma mão de duas vias que funciona muito bem. [Tem prazo para ser lançada essa concessão?] Estamos finalizando o processo de contratação dos estudos. Eu acredito que no ano que vem o município estará preparado para tocar esse processo de concessão.

DIARINHO - A falta de água na temporada e a baixa pressão seguem prejudicando moradores e turistas que dependem do fornecimento de água de Itajaí. Quais investimentos precisam ser feitos na Sesan para que ela seja autossuficiente?

Liba: O ano passado eu posso falar, com bastante segurança, que nós tivemos, talvez, alguns pontos com falta d’água. Mas muito pontuais mesmo. A gente resolveu esse problema. [Gravatá e Meia Praia..] Nós tínhamos um problema na Meia Praia, mas não era por falta d’água. Era por falta de infraestrutura na rede de abastecimento, que já solucionamos. Acabamos de fazer esse investimento. Faz mais ou menos uns 30 dias que encerramos e já entregamos isso para algumas ruas da Meia Praia. Nós temos que avançar mais. Navegantes está crescendo. Nosso consumo hoje é de 300 litros por segundo. Itajaí consegue nos abastecer com até 400 litros por segundo. Nós temos uma demanda reprimida dentro da cidade de Navegantes. Por exemplo, algumas empresas estão comprando água. A gente sabe desses problemas e já estamos prevendo dentro do orçamento do ano que vem, a nossa LOA, mais um reservatório de água para Navegantes. Ele vai ser na travessia onde tem a ligação com Itajaí para que a gente possa fazer um pulmão. Porque um dos grandes problemas é que a gente não tem nenhum pulmão. Quando falta ou dá algum problema de água na cidade de Itajaí, Navegantes já fica sem nenhum tipo de abastecimento. Nós temos que ter uma reservação para atender a parte de Machados, São Domingos, a parte central, também Volta Grande e o interior. Isso já está programado para nós construirmos, pelo menos no ano que vem, um reservatório e deixar programado para construir mais um.

“Eu sou evangélico. Mas eu sou prefeito de todas as religiões, de todos os credos, de todas as classes sociais. Uma coisa é a minha posição particular, meu CPF. Outra é quem administra uma cidade “

DIARINHO – O senhor é um dos prefeitos que estimula o sonhado túnel ligando Navegantes a Itajaí. Quando esse sonho será realizado?

Liba: Eu diria pra ti que não é mais sonho, já é uma realidade. Nós estamos agora trabalhando alguns ajustes dentro dos 11 municípios. Todos os municípios já passaram a lei na Câmara dos Vereadores. Em Itajaí, nós estamos com uma pequena dificuldade de ajuste nisso. Acredito que o prazo até agosto, se a gente não conseguir avançar nisso,  só a partir do ano que vem, até pelas restrições eleitorais. Mas o Banco Mundial já deu o posicionamento, o Governo Federal já deu o posicionamento positivo, o recurso já está separado para que a gente possa contratar os projetos e começar todo o trabalho. Depende somente desse imbróglio que ainda existe dentro da cidade Itajaí. [Qual imbróglio?] É uma lei que tem que passar na Câmara de Vereadores e tem que vir do Executivo. A gente sabe que Itajaí teve algumas trocas de secretários e eles precisam se inteirar desse assunto. Dentro do poder público muitas coisas são mais lentas do que a gente imagina. Eu entendo que é um processo robusto e quem tá assumindo a pasta tem que entender esses processos para poder dar continuidade. [A gente tem três municípios que são o tripé dessa obra tão sonhada. Itajaí, Navegantes e Balneário. Balneário e Navegantes já tiveram a lei aprovada na Câmara?] Já tivemos. As duas já foram com bastante eficiência. Itajaí também já aprovou uma lei na Câmara, só precisa fazer um ajuste agora com relação à questão de condição de pagamento. A Procuradoria do município de Itajaí está fazendo o estudo e o levantamento disso. Não é um problema muito difícil de ser resolvido. É algo que a gente entende que o valor investido para esse túnel vai trazer retorno imediato, antes mesmo de começar o pagamento das prestações. Se não me engano tem sete anos de carência. Até lá nós temos praticamente o túnel conseguindo transitar os carros e trazendo o desenvolvimento das cidades. Automaticamente, o número de tributos vai aumentar bastante e a quantidade de valores também. Isso a própria prestação, o crescimento da cidade, do desenvolvimento econômico, vai pagar a prestação do túnel.

DIARINHO – A Portonave é a grande arrecadadora do município. Quais outros setores da economia têm recebido incentivos do município para que possam incrementar a economia da cidade?

Liba: Nós criamos, dentro da nossa gestão, leis específicas para atrair novas empresas e promover o desenvolvimento de setores. Reduzimos a tributação do ISS, a mais importante na movimentação de serviços, para setores como hotelaria, movimentação de cargas, tecnologia e informação. Isso ajudou bastante. Quando assumimos em 2021, a Portonave representava cerca de 60% a 70% da arrecadação de ISS do município. Hoje, ela não chega mais a 50%. Diversificamos a malha econômica, dando oportunidade a outras empresas. Anteriormente, a gestão não percebia que os serviços correlatos à Portonave poderiam ser realizados em Navegantes, atraindo novos negócios. O desenvolvimento da cidade é visível a olho nu e traduzido em números, mostrando uma grande ascendência desde 2020. A estruturação do município e a eficiência na gestão pública têm trazido resultados, reduzindo a dependência de uma única empresa. [O senhor pode citar algumas empresas que vieram para Navegantes depois da lei de incentivo?] Sim, temos a construção de um novo hotel na beira-mar, com 12 andares e mais de 100 apartamentos. Há prospecção para mais um hotel e empresas voltadas à tecnologia e movimentação de cargas já instaladas após a redução tributária.

“Eu tenho um compromisso com as vereadoras que nos apoiaram. Elas estiveram do nosso lado desde o início do governo”

DIARINHO - Como responde aos seus críticos que alfinetam: grande parte de seus secretários não são de Navegantes?

Liba: Acho isso muito pequeno. Avaliar a capacidade de uma pessoa pelo local onde ela mora não faz sentido. A maioria dos nossos secretários é de Navegantes. Temos 86 mil moradores, segundo o último censo do IBGE, e talvez apenas 10% a 20% sejam moradores raiz. Ficaria preocupado se dissessem que nossos secretários não são competentes. Pela primeira vez na história de Navegantes, nenhum secretário é candidato a vereador. A população esperava essa mudança, de parar com tanta política baixa e enxergar a cidade como um bem comum, não propriedade de um grupo político. Estamos aqui para fazer gestão e trabalhar para a população, não em benefício próprio.

DIARINHO - Por que o senhor quer ser novamente prefeito de Navegantes?

Liba: Quero atender ao anseio da população. Temos muitos problemas e dificuldades, mas também é gratificante ver a população reconhecendo nosso trabalho. Resgatamos os valores do povo navegantino, que antes tinha vergonha de se identificar com a cidade. Hoje, Navegantes é protagonista de sua própria história, respeitada a nível estadual e federal, em termos econômicos, de segurança e de índices de corrupção. Estou muito presente nas ruas, em contato com a população, que me motiva a continuar com esse trabalho.

Raio X

NOME: Libardoni “Liba” Fronza

Natural: Pouso Redondo (SC)

Idade: 53 anos

Estado civil: Casado

Filhos: Dois

Formação: Administração de Empresas, Pós-graduação em Gestão de Supermercados

Trajetória: Disputou sua primeira eleição municipal em novembro de 2020 e foi eleito prefeito de Navegantes pelo DEM; atualmente, Liba Fronza está filiado ao PSD.