Massacre em creche
Assassino de Saudades é condenado a 329 anos de prisão
Sentença saiu na noite de quinta-feira, após dois dias de julgamento
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
O autor da chacina de Saudades, no oeste de Santa Catarina, foi condenado a 329 anos e quatro meses de prisão em regime fechado. O julgamento pelo Tribunal do Júri, no fórum de Pinhalzinho, encerrou na noite de quinta-feira, com os jurados acolhendo integralmente a denúncia do Ministério Público.
A condenação foi dada pelo assassinato triplamente qualificado de duas professoras e três bebês da creche Pró-Infância Aquarela, além da tentativa de assassinato, também com agravantes, contra mais 14 vítimas do atentado. O massacre foi em 4 de maio de 2021.
Quatro promotores atuaram no júri e conseguiram provar que o réu possuía plena capacidade mental e planejou os crimes minuciosamente ao longo de 10 meses. "Fomos muito bem representados nesse dia tão difícil. Nossa gratidão aos promotores por trabalharem por nós", comentou ao MPSC uma das sobreviventes do ataque.
A sessão de julgamento durou dois dias. No primeiro, na quarta-feira, foram ouvidas seis vítimas, oito testemunhas de acusação e quatro testemunhas de defesa. Na quinta-feira, o réu foi interrogado e houve a manifestação da acusação e da defesa.
Na sessão do Tribunal do Júri, os promotores de justiça Douglas Dellazari e Júlio André Locatelli fizeram intervenções pontuais durante os depoimentos e a argumentação da defesa, feita pelo advogado Demetryus Eugênio Grapiglia.
O promotor Bruno Poerschke Vieira, que responde pela comarca, fez a sustentação oral, ressaltando a importância da condenação dentro de um contexto social. "Precisamos estancar essa ferida para que fatos como esse não voltem a acontecer", defendeu.
Na réplica, o quarto promotor do MPSC, Fabrício Nunes, falou sobre o sentimento de quem perdeu entes queridos. "A pior dor do mundo é perder um filho. Nada pode ser mais cruel, mais terrível. Resta à comunidade de Saudades a esperança da justiça", disse.
A sentença foi lida às 20h32 pelo juiz Caio Lemgruber Taborda, presidente da sessão. Após o fim do julgamento, o réu, que está preso desde o crime, retornou ao Presídio Regional de Chapecó. Durante os dois dias, um forte esquema de segurança foi montado no fórum e no entorno, onde houve mobilização de vítimas, familiares e funcionários da creche.
Na ocasião do crime, o réu entrou na escola, matou duas professoras e três bebês e tentou matar outras 14 pessoas, entre educadoras, funcionárias e crianças. O assassino usou uma adaga que havia comprado pela internet especialmente para o ataque. O réu confessou o crime após detido por populares e ser entregue à polícia.
Morreram no atentado a professora Keli Adriane Aniecevski, de 30 anos, a agente educacional Mirla Renner, de 20, as crianças Sarah Luiza Mahle Sehn, de 1 ano e 7 meses, Murilo Massing, de 1 ano e 9 meses, e Anna Bela Fernandes de Barros, de 1 ano e 8 meses.