SANTA CATARINA
Projeto Universidade Gratuita dá entrada na Alesc
Governo espera aprovação rápida para iniciar programa ainda em 2023. Meta é atender 75 mil alunos até 2026
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
O projeto que cria o programa Universidade Gratuita foi entregue na Assembleia Legislativa (Alesc) na terça-feira pelo governador Jorginho Mello (PL). A expectativa é que a votação seja feita até junho pra que o programa comece a funcionar no segundo semestre. A proposta prevê atender ao menos 30 mil estudantes ainda em 2023, chegando a 75 mil até 2026.
Pelo Universidade Gratuita, o governo estadual vai bancar a gratuidade da graduação em universidades comunitárias da Associação Catarinense das Fundações Educacionais (Acafe), como a Univali. No estado, o sistema conta com 13 instituições que abrangem todas as regiões. O investimento previsto é de R$ 1,2 bilhão até 2026.
O programa não é de bolsa de estudos, mas de gratuidade, sem necessidade de o estudante entrar num financiamento ou ter um avalista. “O objetivo é oferecer graduação sem custos, totalmente gratuita. O retorno dos estudantes para a sociedade será através de trabalhos comunitários durante ou após a graduação”, explica em nota.
O estado também esclareceu que o programa não vai tirar recursos da educação básica (ensinos fundamental e médio), tendo como fontes de custeio fundos já voltados pro ensino superior. Uma regra de transição prevê que estudantes atendidos por bolsas de estudos, como o UniEdu, não serão prejudicados e manterão o benefício até o fim dos contratos vigentes.
A implantação do programa será escalonada, começando com 30 mil vagas neste ano, com investimento de R$ 228 milhões; 45 mil em 2024 (R$ 698 milhões); 60 mil em 2025 (R$ 933 milhões); e 75 mil em 2026, fechando R$ 1,2 bilhão em recursos. Além das instituições do sistema Acafe, a proposta incluiu a Satc, de Criciúma, e a Faculdade Ielusc, de Joinville, por também serem sem fins lucrativos.
Na Alesc, o projeto passará pelas comissões internas e poderá sofrer alterações com emendas parlamentares. O presidente da Assembleia, deputado Mauro de Nadal (MDB), garantiu rapidez na tramitação. “Serão convocadas reuniões conjuntas entre as comissões de constituição e justiça, finanças e tributação, além da comissão de educação”, adiantou.
Outros deputados ressaltaram que o projeto precisa de uma análise técnica detalhada. “É um projeto que vai afetar a vida de muita gente, e envolve valores gigantescos de dinheiro público, por isso há que se ter cuidado e ser muito criterioso na avaliação da proposta”, comentou Matheus Cadorin (Novo), que destaca o direito de escolha dos alunos e o respeito à livre concorrência com as faculdades privadas.
O governador acredita num andamento rápido do projeto, considerando que atenderá preferencialmente os alunos mais carentes, com potencial de mudar a realidade das famílias por meio da graduação. “Esse projeto foi construído a muitas mãos, com a certeza de que os investimentos em educação são aqueles capazes de transformar vidas”, disse Jorginho.
Particulares vão poder ofertar bolsas
O governo também entregou à Alesc o projeto que amplia as bolsas de estudos das instituições particulares de ensino superior que não fazem parte do Sistema Acafe.
Conforme a proposta, a partir de 2024 as faculdades receberão o equivalente a 20% dos recursos que serão aplicados no Universidade Gratuita.
Os recursos serão destinados conforme o número de alunos matriculados e o orçamento do ano anterior. O valor será repassado em nome de cada acadêmico e liberado para a instituição somente com autorização do universitário. A contrapartida do estudante é trabalhar na área de formação na região onde fez o curso, durante ou após os estudos.
Programa Universidade Gratuita |
Regras pra participar: ϖ Ter nascido em Santa Catarina ou residir no estado há pelo menos cinco anos ϖ Ter sido aprovado no processo seletivo do sistema Acafe ϖ Preferencialmente, ter frequentado o ensino médio em escola pública de SC ϖ Estar cursando a primeira graduação ϖ Para cursos de medicina, ter renda bruta familiar menor do que 20 salários mínimos ϖ Para demais cursos, ter renda bruta familiar menor que 10 salários mínimos
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Classificação: ϖ Será feita pelo percentual de comprometimento da renda familiar com o valor da mensalidade ϖ A preferência será dos que tiverem o maior percentual da renda comprometido com a mensalidade, priorizando as famílias mais carentes
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Contrapartidas: ϖ Os estudantes deverão prestar serviço à comunidade na área de formação durante ou após a graduação ϖ A cada dois alunos pagos pelo estado, pelo menos um será pago pela Acafe ϖ As instituições da Acafe também serão responsáveis por fiscalizar o cumprimento dos requisitos pelos acadêmicos, garantir a contrapartida dos estudantes, prestar contas ao estado e ofertar itinerários aos estudantes do ensino médio da rede pública estadual, com 50% de gratuidade, promover programas de formação continuada de professores e ter processo seletivo padronizado, entre outros. |
Universidades Comunitárias ϖ Sistema Acafe: Furb, Universidade do Contestado, Centro Universitário Católica SC, Unesc, Unibave, Unidavi, Unifebe, Uniplac, Univali, Univille, Unochapecó, Unoesc e Uniarp. ϖ Instituições filantrópicas de ensino superior incluídas: Satc e Faculdade Ielusc |