Polêmica

TCE pode pedir cancelamento do programa Universidade Gratuita

Relatório técnico questiona origem dos recursos e falta de prioridade ao ensino básico; decisão será do plenário

Queda na taxa de atendimento no ensino fundamental catarinense foi de 98% em 2014 para 96,4% em 2021
(foto: Ricardo Wolffenbüttel/ SECOM )
Queda na taxa de atendimento no ensino fundamental catarinense foi de 98% em 2014 para 96,4% em 2021 (foto: Ricardo Wolffenbüttel/ SECOM )
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Sancionado pelo governador Jorginho Mello (PL) neste mês, o programa Universidade Gratuita enfrenta questionamento do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Um parecer técnico das diretorias de Controle Externo e de Contas de Gestão recomendou a suspensão do programa. A medida ainda será analisada pelo relator, o conselheiro Gerson dos Santos Sicca, e dependerá de votação em plenário.

O relatório do TCE aponta falta de lastro financeiro para os recursos previstos no programa, com questionamentos sobre as fontes do investimento. O parecer também alerta que o estado vai gastar dinheiro com o ensino superior sem que ações e metas referentes aos ensinos fundamental e médio fossem priorizadas, conforme a obrigação constitucional. A avaliação inclui o Fundo Estadual de Apoio à Educação Superior (Fumdes).

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“Ao mesmo tempo em que o Governo de Santa Catarina pretende dispender 5,15 bilhões nos próximos 4,5 anos, com programas ligados ao ensino superior, apresenta indicadores de qualidade dos ensinos fundamental e médio abaixo do desejado (Ideb) e crianças e jovens com idade entre 6 e 17 anos fora da escola, além de elevado número de evasão escolar”, diz o documento.

Em junho, quando o projeto de lei do Universidade Gratuita ainda era discutido na Assembleia Legislativa, o TCE já havia aprovado relatório feito pela Diretoria de Contas de Gestão que alertava que os ensinos fundamental e médio deveriam ser a prioridade do estado na aplicação de recursos da educação.

Na ocasião, o relator do caso, Gerson dos Santos Sicca, reforçou a obrigação constitucional do governo no ensino básico. Ele destacou que “qualquer expansão do financiamento da educação superior deve vir acompanhada de igual medida para a educação básica”, garantindo medida de proteção para as metas do Plano Estadual de Educação.

Impacto nas contas públicas

O voto do relator foi seguido dos demais conselheiros, que aprovaram pedido de informações e documentos ao governo do estado. Ainda conforme o relator, o modelo de financiamento do programa poderá causar impacto nas contas públicas e traz o risco de “distribuição de renda invertida” ao beneficiar famílias mais ricas. Isso porque o programa prevê recursos pra estudantes de famílias com renda de até 20 salários mínimos, pra cursos de Medicina, e até 10 salários mínimos nos demais cursos.

A análise preliminar do projeto também já apontava insuficiência de informações sobre estimativa do impacto orçamentário e a falta de indicação da fonte de recursos que custearia o programa. No novo parecer, com as respostas do governo, as informações foram consideradas “vagas, genéricas e insuficientes”, sendo que o impacto financeiro também estaria subestimado. O estado ainda espera receber oficialmente o relatório pra se manifestar.

 

Retrocesso na educação básica 

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Avaliação do TCE mostra que Santa Catarina não vem cumprindo metas do Plano Estadual de Educação. Foi verificado queda da taxa de atendimento no ensino fundamental (de 98% em 2014 para 96,4% em 2021), descumprimento da meta de universalização do ensino médio, abandono da escola por 8197 estudantes, descumprimento de metas do Ideb e precariedade na infraestrutura de escolas.

O tribunal também apontou deficiências nos ensinos médio e profissionalizante. Segundo o relatório, a secretaria vem realizando contingenciamentos de recursos devido à implantação do Novo Ensino Médio, com redução de financiamento de bolsas de estudos que visam combater o abandono escolar. Ainda houve alerta sobre o ensino médio profissionalizante, pois não houve a criação de novas vagas.

A meta 11 do Plano Estadual de Educação prevê que sejam triplicadas as vagas de cursos profissionalizantes, com pelo menos 60% de aumento na rede pública. Pelos dados da Secretaria de Estado da Educação, devem ser criadas 147 mil vagas para alcançar a meta, mas em 2021 o número de vagas estava abaixo do total disponível em 2014. “Os dados trazidos no relatório técnico não deixam dúvidas das prioridades a serem consideradas pela rede estadual”, avaliou o relator. 

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Programa já abriu inscrições a universidades

Inscrições para as instituições seguem abertas até o dia 5 de setembro (foto: da redação)
Inscrições para as instituições seguem abertas até o dia 5 de setembro (foto: da redação)

 

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O programa Universidade Gratuita já tem prazos vigorando. As inscrições das instituições de ensino superior interessadas em participar do projeto estão abertas e seguem até 5 de setembro. O resultado será divulgado no dia 11. Após a etapa, será aberto o edital pra inscrições de estudantes, com os prazos e a documentação necessária.

O programa vai custear o valor integral das mensalidades até a conclusão do curso para estudantes matriculados em universidades comunitárias do Sistema Acafe. O governo prevê atender mais de 70 mil alunos até 2026, com oferta de 28 mil vagas já neste ano. Os recursos vão somar mais de R$ 1,2 bilhão, pelo Fumdes, fundo criado pra garantir a assistência financeira.






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