Barra Velha
Idosos são flagrados vivendo sob fezes e urina
Em meio ao lixo, casal se arrasta na casa sem portas e janelas
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]







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humilhante caso de degradação humana e de violação dos princípios de dignidade das pessoas foi denunciado por moradores da Cohab de Barra Velha, no bairro São Cristóvão. Um casal de idosos está em condições subumanas há pelo menos seis meses, quando a condição de vida deles degradou a tal ponto de viverem quase como animais.
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Os idosos são dependentes químicos do álcool e tem mais de 60 anos. Vivem na chamada “Cohab 2”, atrás do Morro do Colchão. Praticamente alcoolizados durante todo o dia, já perderam a noção de quando tomaram banho ou comeram algo decente.
A casa não possui mais portas, janelas e é frequentemente invadida por usuários de drogas, que furtam comida e álcool dos dois. Até quando pôde, o senhor H. carregava a esposa M. pelas ruas de Barra Velha, numa cadeira de rodas, pedindo esmolas. Ela não tem uma das pernas.
A situação agravou nos últimos meses, e ele não consegue mais tirá-la de casa. Voluntárias de um projeto assistencial espírita do Morro do Colchão levam cestas básicas mensais ao casal, mas ficaram chocadas ao visitá-los em abril deste ano.
A casa está tomada pelo lixo, comida estragada, roupas sujas. O banheiro não tem mais condições de uso, e como são acumuladores, eles dormem em meio a um colchão sujo e ao lixo. A cena é impactante; há grande risco de incêndio, pois, alcoolizados, eles fumam em cima da cama – colchão sujo e apodrecido, já com marcas de pontas de cigarro.
Há lixo no entorno do imóvel – eles estão há 10 anos no local, após a moradora receber a casa do governo estadual – há também risco de proliferação de focos da dengue. Ambos afirmam não querer sair do local.
“Nós ficamos assustadas porque não tínhamos ainda entrado na casa; quando entramos, o cenário foi esse. É muita falta de compaixão”, observam C. e T., as voluntárias que levam o alimentos aos dois.
Na comunidade, vizinhos não apenas reclamam da situação de sujeira e abandono, mas revelam que o morador é também violento com as crianças da comunidade quando está bêbado.
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O DIARINHO apurou que a primeira denúncia sobre o caso, numa emissora de rádio, ocorreu sexta-feira, dia 14; uma semana passou e a única informação é que o Ministério Público instaurou “procedimento administrativo” para avaliar o caso.
Assistência alega “empecilhos”
Na ocasião, a secretária de Assistência Social, Angélica Goslar, confirmou que o poder público já sabia da condição degradante do casal, mas esbarrava em empecilhos da lei.
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Segundo Angélica, a secretaria faz visitas regulares a eles, mas a internação compulsória do casal, por conta do vício em álcool, esbarra no “princípio da autonomia do sujeito”.
“Nós não podemos impor essa retirada deles do local onde vivem”, afirmou Angélica à jornalista Daniela Meller, também de Barra Velha.
Nesta semana, o DIARINHO novamente ouviu as autoridades. Angélica alegou que como está “entrando em férias”, o caso agora ficou a cargo do Centro Especializado de Referência em Assistência Social, o CREAS.
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O DIARINHO fez duas ligações ao setor, para falar com a coordenação, mas a justificativa é que as responsáveis estariam em “reuniões”, e não podiam atender.
Redação DIARINHO
Reportagens produzidas de forma colaborativa pela equipe de jornalistas do DIARINHO, com apuração interna e acompanhamento editorial da redação do jornal.