Anna: Sim, até porque mudou a legislação. Antes, a lei permitia o agenciamento: contratava-se uma empresa para fazer tudo, por meio de licitação. Encontramos essa alternativa com a Univali, que tem essa expertise, realiza o próprio Festival de Música há muitos anos e conta com material humano capacitado para ajudar em todas as etapas da organização. [Moradores reclamaram da falta de divulgação da programação. Houve falta de patrocínio que prejudicou a divulgação? Quando os festivais vão sair do centro?] Eu concordo. A questão da divulgação do festival, eu também acho que deixou a desejar. Mas até as páginas do festival, o que tinha de Instagram, eram de pessoas que trabalhavam na fundação, na gestão passada. Não institucional. Tudo isso a gente teve que correr atrás. Sobre a questão do centro, a gente discutiu. A gente só afastou um pouquinho a oficina, levando lá pro Parque Dom Bosco. O festival saiu caro, porque os festivais passados tinham captação financeira. Eles faziam os projetos com antecedência, usavam Lei Rouanet, tentavam pela Lei de Incentivo à Cultura. E não foi algo que a gente fez. O festival saiu 100% dos cofres públicos. A gente só conseguiu achar essa brecha pra fazer com a universidade 60 dias antes do festival.
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O festival [de música] saiu 100% dos cofres públicos"
Haverá alguma mudança no formato do festival para o próximo ano? Um internauta pergunta: quando irá trazer o Xamã para Itajaí?
Anna: Tem gosto pra tudo, né? Eu não faço nem ideia. Para esse a gente tentou Zé Geraldo, Adriana Calcanhotto, procuramos alguém do Kid Abelha também, Roupa Nova... É dinheiro público, e esses profissionais cobram muito caro. [Qual foi o valor do festival?] A gente tá fazendo a prestação de contas, mas ele vai ficar em torno de R$ 1,5 milhão. A gente usou a estrutura da Casa da Cultura. Pra fazer o palco na Hercílio Luz foi difícil conseguir todas as autorizações. [Ali não é o melhor lugar pra show. Deveria ser na área do Mercado, no pátio do Centreventos, porque fica próximo dos hospitais Pequeno Anjo, Marieta e agora do hospital da Unimed...] Itajaí tá carente de um espaço pra show. A gente fala de fazer ao lado do Centreventos, mas aquele espaço não é nosso, é do porto. Na Beira Rio, teria que fechar tudo. Se eu for fazer lá perto do Mercado Público, tem o problema do trânsito com o ferry boat.
"A Marejada sempre saiu no prejuízo."
Foi anunciada a licitação da Marejada e depois houve recuo por falta de tempo hábil. Por que a organização da festa ficou tão para a última hora?
Anna: A organização da Marejada não estava sendo feita por mim. Mas a ideia, no primeiro momento, era fazer a Marejada do jeito que a gente conhece. A Marejada sempre saiu no prejuízo. É uma festa popular, não é uma festa pra ter lucro, mas pelo menos que não saísse na despesa. O município saía na despesa, mas as empresas que eram contratadas, as terceirizadas, levavam muito dinheiro. Todas elas enriqueceram. Isso é uma verdade! A prefeitura pagava o que era caro: a limpeza, a segurança, a estrutura, botava a banda, mas eles só entravam botando o estande, arrumando a comida e a bebida. Ganhavam o espaço, além de uma porcentagem de tudo que era vendido lá. E não era mais aquela qualidade que a gente queria. O Robison fez muita questão de voltar com a Festa do Colono. Ele botou uma prefeitura inteira pra trabalhar a festa do Colono. A gente não pode mais fazer isso. Ocupa muito tempo. Eu sou política, sou advogada, não sou promotora de eventos. Tem coisas que a gente consegue entender, a gente ajuda, mas eu não tô ali pra isso. Eu tô ali pra fazer cultura, mas de outra forma. A gente precisa de alguém que faça isso. [A empresa que vai tocar a Marejada é de Pernambuco?] Eu não sei te dizer. Eu sei o nome dela, sei que a sede é em São Paulo, mas eu vi o portfólio. É muito conhecida por lá, fez carnaval de Olinda, tem mais de 15 anos na praça. [E a prefeitura vai pagar a parte terceirizada? Vai ter participação no lucro?] Não. [Vai ter despesas, mas não vai ter participação no lucro?] A prefeitura já tem uma despesa, porque já estava licitando algumas coisas. Tava em processo licitatório. Se eu não me engano, eram três licitações: a da limpeza, da segurança e da alimentação de quem fosse trabalhar lá. [A prefeitura que paga isso?] A prefeitura já tinha aberto a licitação. Mas agora, o que acontece? A prefeitura disse assim: “Quem quer explorar a Marejada vai ter que fazer isso, isso e isso aqui também. Quem me dá mais?”. Então várias empresas participaram e a que ganhou depositou R$ 800 mil na conta do Turismo. Esses R$ 800 mil vão pagar o que já foi licitado. Essa empresa tem alguns compromissos: a entrada é gratuita, como sempre foi. Tem que ter comida com preço popular. Reduzir o valor no parque, ter um pouco mais de snacks, aquelas comidinhas pra criançada. A bebida também. Vai ter chope artesanal, mas vai ter Heineken e Amstel. As atrações têm que manter a essência do que é a Marejada, a festa do pescado, da cultura açoriana... [Qual o valor do chope e do prato popular?] Com preço popular vai ser a Amstel. A Heineken, eles estavam falando em R$ 18, que é o preço da garrafa. O que eles querem é entrar no mercado, porque o pessoal que é adversário deles no ramo está lá na Oktoberfest. [A prefeitura de Blumenau nunca abriu mão do comando da Oktoberfest, apesar das inúmeras parcerias com a iniciativa privada para a realização da festa alemã...] A Marejada não vai ter a estrutura bancada pela prefeitura. O que a prefeitura vai fazer é botar as atrações artísticas. Vamos colocar nossos portugueses, boi de mamão... Esses R$ 800 mil vão servir pra pagar isso. Vai ficar meio a meio. Pra fazer a Marejada como foi feita no ano passado, no retrasado, a gente tá falando de coisa de R$ 6 milhões em despesas. É muito dinheiro, muito tempo, muita energia gasta.
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O evento internacional de beach soccer vai ser na Beira Rio. Por que não na praia do Atalaia?
Anna: Não dá. A praia do Atalaia depende de maré, depende de mobilidade. A gente tinha a opção na praia do Atalaia, de melhorar a Beira Rio, e de pegar aquele espaço do Ivo Silveira e construir ali. Porque até começar a estaquear, eu imagino que seja só ano que vem. Eu queria fazer aquele espaço útil pra alguma coisa. Só que eu tô trazendo cinco países pra cá, com staff de 100 pessoas, que vêm do Uruguai, Bolívia, Peru, Chile... vêm de tudo quanto é canto. Vão ficar olhando pra onde?! Imagina, tô trazendo aqui do dia 8 ao dia 12. Vai estar acontecendo a Marejada. [Como fica o trânsito?] Quando começa o verão, como é que fica o trânsito? O beach soccer vai ser só na praça. A gente vai botar arquibancada pra mil pessoas naquela praça de areia. [Como surgiram as tratativas pra trazer esse evento pra cá?] A gente é bastante procurado aqui em Itajaí. Ontem o pessoal veio falar comigo sobre jet ski, veio falar também de futevôlei.
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"Eu não posso dizer que o Jorginho é ruim pra Itajaí"
Como está a preparação para Itajaí receber as escalas de cruzeiros? Com o píer alfandegado em Balneário, há risco de Itajaí perder escalas?
Anna: Não. A gente não perdeu nenhuma escala. Até aumentou. Isso é uma coisa que a gente vai ter que conversar com bastante seriedade em outro momento. Os cruzeiros iniciam a partir de novembro e vão até abril. É tempo pra caramba. A cidade vai estar respirando isso. [O projeto do píer foi abandonado?] Não. O píer entrou pra que o projeto seja feito por aquela Oscip que foi montada junto com os empresários. O porto tá fazendo uma análise de projeto também, vai sair... [E o píer turístico no centro de Itajaí...] Aquele píer, há muitos anos, não comporta mais navio. Aquele espaço é usado pela Polícia Federal. [Você comentou que precisa falar sério sobre cruzeiros. Você não é uma entusiasta dos navios na cidade?] O que eu acho que não comporta é o Centreventos ficar 100% pra isso. É gigante, é o único espaço que a gente tem pra poder fazer um evento sem perturbar as pessoas, com estacionamento. Quando os cruzeiros vêm pra cá, a gente já tem que encerrar, uma semana antes, todas as negociações, locações...
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Como está o projeto de um novo boulevard no espaço do Mercado de Peixe e Mercado Público?
Anna: Estamos tentando. O Robison esteve com o Nikolas [Reis] lá em São Paulo, apresentaram, e a gente teve interessados. Eles têm que fazer agora aquela manifestação de interesse por escrito, pra que a gente possa divulgar pra ver se outras pessoas têm interesse também e, de fato, fazer. Se este ano a gente não prosperar com isso, eu preciso mexer no Mercado Público. A responsabilidade da Cultura é o Mercado Público. O Mercado do Peixe é da Secretaria de Desenvolvimento Econômico. Ainda tem aquele espaço no meio, que ninguém entende de quem é a responsabilidade. O Mercado Público, do jeito que ele tá ali, é ilegal, a verdade seja dita, e não está bom. As pessoas que estão ali pagam aluguel pra estar ali, e eu acho que isso tem que mudar. Eu acho que tem que fazer uma concessão pública, mas ninguém quer fazer uma concessão só daquele espaço. Pra fazer uma concessão pública, o valor é muito alto — tem que ser R$ 10 milhões. Essa abertura da concessão deveria ter acontecido novamente. Ela não aconteceu ainda porque estamos tentando fazer essa PPP, pra que a pessoa que assuma o Mercado Público assuma o Mercado do Peixe também.
O festival [de música] saiu 100% dos cofres públicos"
Já está se pensando na organização do réveillon?
Anna: A gente acabou o Festival de Música, e agora estamos pensando na Marejada e no Natal. A programação eu ainda não tenho. Eu gostaria muito de ter uma casa do Papai Noel. [O réveillon vai ser na Beira Rio?] Tem 85% de chance de ser.
Você está sentindo falta de atuar na Câmara?
Anna: Às vezes eu tenho. Mas eu vou voltar pra Câmara. Não pense que eu vou ficar os quatro anos fora. Não é a minha ideia. Eu pedi o voto como vereadora. A verdade tem que ser dita. Só que a gente pegou a cidade numa situação tão calamitosa... Não acho que eu ajudaria tanto na Câmara como tô ajudando agora. [Como analisa essa nova composição que tem uma pauta mais ideológica?] Eu acho totalmente errado. As pessoas que votam no vereador querem saber de arrumar os problemas na creche, de ter médico quando forem ser atendidas. É isso que elas querem.
"Estamos tentando fazer essa PPP, pra que a pessoa que assuma o Mercado Público assuma o Mercado do Peixe também"
Você está de mudança para o Republicanos?
Anna: Não. Eu não tenho nada fechado sobre isso. O PSDB diminuiu muito. [Você fez algumas exigências para realmente trocar de partido?] Isso não é verdade. Lógico que a gente quer estar em um local de destaque, que a gente possa conversar, participar da executiva, conhecer quem está à frente na estadual e na nacional. Não dá pra ficar só por ficar, não. Agora, essa história de “se eu for tira isso, tira aquilo”, isso não saiu de mim. [Não tem uma certa contradição tua de ir para um partido tão à direita? Não seria o caso de você ir mais para um partido de centro, centro-esquerda?] Qual? Primeiro assim: pra governador, nós temos outro nome? [João Rodrigues? Ele disse que é pré-candidato...] João Rodrigues é o quê, se não é extrema-direita? Eu sou centro. Eu tô bem no PSDB. Eu vou sair se for preciso. [Você sozinha vai definir essa mudança?] De mim, quem decide sou eu. [Qual é o teu prazo pra isso?] Na minha cabeça, a coisa tá bastante confusa. Porque é ruim a gente depender dos outros. É ruim. Eu não sei como é que vai ficar a eleição nacional. Como é que vão ficar as outras eleições? Uma certeza eu tenho: aqui eu tô com o governo. O governo é PL. Eu não posso dizer que o Jorginho é ruim pra Itajaí, porque eu estaria mentindo. Pode ter alguma desavença pessoal e ideológica, mas ele, pra Itajaí, é bom. Ele tá entregando pra gente. O Robison é bem aceito. Eu vou fazer o quê se o mundo se dividiu entre lado Lula e lado Bolsonarista? Eu me sinto, às vezes, fora da curva em algumas coisas. [Você se sente confortável sendo candidata do governo para deputada estadual, tendo a Ana Campagnolo, que é de fora, também como candidata do governo?] Eu acho que ela não vai ser candidata do governo. Acho que ela vai ser candidata de algumas pessoas do governo. Eu não acho que o governo inteiro vai votar em mim. Eu tenho que ter senso, né? Não vai. Eu acho normal o prefeito ter alguns acordos. De repente, um ou outro, ele arrumar uns cabos eleitorais pra um, de uma secretaria pra outro. Isso aconteceu desde sempre. [O prefeito Robison vai apoiar a sua candidatura?] Tens que perguntar pra ele, mas eu espero que sim. [Mas já sinalizou dessa forma?] Sinalizou. Pediu que construísse, que conversasse com o pessoal. Tem que estar bem na pesquisa também, porque ele não é bobo.