Mundo Corporativo
Por Altevir Baron - baronaltevir@gmail.com
Altevir Baron é diretor de vendas, com trajetória marcada por liderança, ética e resultados no mercado imobiliário de alto padrão. Apaixonado por comportamento humano e cultura organizacional, escreve semanalmente sobre os bastidores do mundo corporativo. Suas reflexões unem experiência prática, pensamento crítico e olhar humano sobre empresas e pessoas Instagram: @abaronoficia | LinkedIN: altevirbaron
Quando sua equipe perde a confiança, perde tudo
Um ambiente de trabalho não se torna tóxico da noite para o dia. Ele apodrece aos poucos, no mesmo ritmo em que a transparência se perde e a confiança se dissolve entre as pessoas. Quando o medo de falar substitui o diálogo e o julgamento ocupa o lugar da escuta, o resultado é previsível: improdutividade, desmotivação e um clima pesado que sufoca o talento e a criatividade para novas ideias.
A ausência de confiança cria territórios dentro da empresa, como pequenos feudos onde cada um protege o que é seu. Equipes deixam de compartilhar informações, o retrabalho aumenta e as decisões passam a ser tomadas com base em boatos. Nesse cenário, o foco se desloca do resultado coletivo para a autoproteção individual, e as metas da empresa acabam comprometidas.
A transparência é a base de uma cultura organizacional saudável. Sem ela, qualquer discurso sobre missão e valores se torna apenas um enfeite na parede. Quando líderes escondem informações ou não explicam suas escolhas, abrem espaço para interpretações distorcidas e para o sentimento de injustiça. A comunicação clara, com reuniões objetivas e um tom de voz respeitoso, ajuda a eliminar conflitos e impede que pequenos mal-entendidos se transformem em proporções gigantescas no imaginário coletivo. Isso contribui diretamente para um ambiente de produtividade, bons resultados e confiança mútua.
As consequências de um ambiente deteriorado vão além da queda na produtividade: surgem afastamentos por doenças emocionais, desculpas infundadas sobre fatos, e a culpa por maus resultados passa a ser empurrada de um lado para o outro. Os índices de rotatividade aumentam e aparece o chamado "presenteísmo", quando as pessoas estão presentes fisicamente, mas já desistiram por dentro. Não acreditam mais nas causas da empresa e deixaram de se empolgar com novidades ou contribuir em reuniões. Por fim, desconfiam de tudo. É um desperdício humano e financeiro lamentável.
Evitar esse ciclo exige responsabilidade e sensibilidade. Líderes precisam dar o exemplo, praticando escuta ativa e oferecendo feedbacks honestos. Negociar com a equipe e explicar decisões é um ato de respeito e grandeza. Já passou o tempo em que empresários e chefes diziam: "é assim porque eu mando". Hoje, todos têm parte na construção do clima organizacional. O resultado final de uma equipe é o espelho do comportamento coletivo e da soma do esforço individual de cada pessoa.
Se os membros da equipe estiverem desmotivados, desacreditados, cansados e sem fé no futuro, os prejuízos serão inevitáveis — inclusive nas vendas. Os índices de turnover vão às alturas. Mas, se cada um fizer sua parte com respeito e verdade, a confiança volta a ser o que sempre deveria ter sido: o ativo mais valioso de qualquer organização.
Pense nisso. Melhore sempre.
