Ideal Mente
Por Vanessa Tonnet - Vanessatonnet.psi@gmail.com
CRP SC 19625 | Contato: (47) 99190.6989 | Instagram: @vanessatonnet
Divertida Mente 2: uma contribuição da psicologia
A Pixar é renomada por dar vida a personagens inusitados como robôs, carros e brinquedos, imaginando um mundo onde eles podem expressar emoções. Em “Divertida Mente 2,” o estúdio nos leva para dentro da cabeça de Riley, agora uma adolescente, mostrando como suas emoções evoluem e se complicam nesta nova fase da vida. O cérebro de Riley, que era controlado por cinco emoções principais (Alegria, Nojinho, Raiva, Medo e Tristeza), agora inclui novas emoções como Ansiedade, Tédio e Nostalgia. Com as mudanças da adolescência, o controle emocional se torna ainda mais desafiador.
“Divertida Mente 2” traz ensinamentos valiosos sobre emoções que são aplicáveis a todas as idades. Vamos explorar alguns fundamentos psicológicos que o filme aborda e como eles podem mudar a forma como entendemos nossas emoções:
1. Emoções afetam nossa percepção do mundo: Uma das primeiras teorias psicológicas que o filme aborda é que as emoções influenciam diretamente nossa percepção, atenção, memórias e julgamentos. Elas guiam como lidamos com circunstâncias importantes. No caso de Riley, as mudanças físicas e sociais da adolescência afetam significativamente sua percepção do mundo. A inclusão de Ansiedade e Tédio no quartel general do controle reflete os novos desafios emocionais que surgem nesta fase da vida.
2. Emoções moldam relações interpessoais: As emoções são cruciais na maneira como nos relacionamos com os outros. Durante a adolescência, as relações interpessoais se tornam ainda mais complexas. Riley experimenta sentimentos de Nostalgia por sua infância, misturados com Ansiedade sobre o futuro e Tédio nas atividades diárias. Esses novos sentimentos afetam como ela interage com amigos e familiares, muitas vezes resultando em conflitos e mal-entendidos.
3. Emoções influenciam nossas memórias: As emoções atuais têm grande controle sobre como lembramos de eventos passados. Se alguém está envergonhado, tende a recordar momentos vergonhosos. No filme divertidamente 2, Riley frequentemente revisita memórias da infância com uma mistura de Nostalgia e Tristeza, destacando como as memórias podem ser recontextualizadas pelas emoções presentes.
4. Memórias não são representações exatas do passado: Nossa memória é imperfeita e tende a ser influenciada por nossas emoções. O filme mostra que as memórias de Riley agora são mais complexas, frequentemente coloridas por múltiplas emoções ao mesmo tempo. Por exemplo, uma lembrança feliz de um aniversário pode ser tingida de Nostalgia e Tristeza, refletindo a perda da simplicidade da infância.
5. Emoções devem ser trabalhadas, não suprimidas: A cultura ocidental muitas vezes ensina a suprimir emoções, favorecendo a racionalidade. No entanto, o filme defende que devemos lidar com nossas emoções, integrando-as ao nosso cotidiano. Para uma adolescente como Riley, é crucial reconhecer e aceitar todas as emoções, inclusive Ansiedade e Tédio, como parte do crescimento saudável. Suprimir essas emoções pode levar a maiores conflitos internos e transtornos psicológicos.
6. Coerência emocional é essencial à saúde mental: Nossa cultura valoriza certas emoções, como extroversão e otimismo, em detrimento de outras, como introversão e sensibilidade. Isso pode fazer com que nos sintamos desconfortáveis em expressar tristeza. No filme, Riley sente uma mistura de emoções durante eventos sociais, acadêmicos e familiares. Sentir-se ansiosa ou entediada é uma resposta normal às novas pressões da adolescência. O problema ocorre quando ela tenta reprimir essas emoções, resultando em desordem emocional.
“Divertida Mente 2” ilustra que todas as emoções são importantes para o desenvolvimento pessoal. Ignorar ou suprimir pode causar mais danos do que permitir que elas sejam sentidas e trabalhadas. Até mesmo emoções como Ansiedade e Tédio, frequentemente evitadas, têm seu papel essencial para nosso desenvolvimento, nossa maturidade e resiliência.
Assista ao filme e discuta suas emoções. Essa prática pode ser transformadora.