CÂMARA DOS DEPUTADOS

PEC da Blindagem é aprovada com votos de 13 dos 16 deputados catarinenses

Proposta protege parlamentares de processos criminais e de ordens de prisão

Votação teve dois turnos seguidos em sessão que varou a madrugada
(Foto: Câmara dos Deputados)
Votação teve dois turnos seguidos em sessão que varou a madrugada (Foto: Câmara dos Deputados)

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que dificulta o andamento de processos criminais contra deputados e senadores, inclusive o cumprimento de ordens de prisão, foi aprovada na noite de terça pelo plenário da Câmara dos Deputados, em dois turnos de votação. O projeto passou com votos de 13 dos 16 deputados da bancada de SC.

O texto-base, que dependia de 308 votos para avançar, foi aprovado no primeiro turno por 353 parlamentares. No segundo turno, com votação na mesma noite, a PEC teve aprovação com 344 votos favoráveis. Um pedido pra dispensar o intervalo de cinco sessões entre uma votação e outra foi aprovado pela maioria, com o avanço rápido do projeto, que agora vai pro Senado.

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A proposta, apelidada por deputados que votaram contra como “PEC da Bandidagem”, determina que qualquer abertura de ação penal contra parlamentar depende de autorização prévia, em votação secreta, da maioria absoluta do Senado ou da Câmara. A proposta dá foro privilegiado no Supremo Tribunal Federal (STF) para presidentes de partidos com cadeira no Congresso Nacional.

Todos os destaques para mudar o texto, incluindo a exclusão do foro privilegiado para presidentes partidários, foram rejeitados. Na tarde desta quarta, a Câmara restabeleceu o voto secreto para autorizar a abertura de processos criminais contra deputados e senadores. Com 314 votos favoráveis e 168 contrários, a proposta libera deputados e senadores a votar sigilosamente na decisão de autorizar que colegas sejam ou não processados. O texto segue agora para o Senado. A votação da PEC fez parte de um acordo da maioria dos líderes da câmara com o apoio da oposição, liderada pelo PL. A bancada do PT orientou voto contrário, mas 12 deputados da sigla votaram a favor em primeiro turno. Também houve apoio à PEC entre deputados de outros partidos da base governista, como PSB, PSD e PDT.

Se avançar entre os senadores, processos judiciais, seja por desvio de emendas parlamentares ou outros crimes, só serão julgados no STF com autorização dos parlamentares.

No entanto, o projeto deve enfrentar resistência na Casa. O presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Otto Alencar (PSD-BA), demonstrou indignação com a iniciativa e ela não deve passar na comissão que analisa tanto a admissibilidade pra votação da PEC quanto o seu mérito. “A repulsa à PEC da Blindagem está estampada nos olhos surpresos do povo, mas a Câmara dos Deputados se esforça a não enxergar. Tenho posição contrária”, disse. Se o projeto for levado ao plenário, o texto precisará do voto de 49 entre 81 senadores. 

Blindagem

A proposta aprovada permite que deputados e senadores barrem a prisão de colegas, em votação secreta. Defensores da medida dizem que a PEC é uma reação contra o “abuso de poder” do STF e que as medidas restabelecem prerrogativas originais dos parlamentares, previstas na Constituição.

O projeto apresentado pelo relator afirma que: “Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável, nem processados criminalmente, sem prévia licença de sua Casa”.

Em outro trecho, a PEC diz que decisão de prisão deve ser decidida “por votação secreta da maioria absoluta de seus membros [metade mais um], em até 90 dias a contar do recebimento da ordem emanada pelo STF”. Maioria absoluta significa a metade dos parlamentares da respectiva casa legislativa mais um.

No caso de prisão por crime inafiançável, a Casa poderá suspender a prisão com maioria simples, dos que estão presentes na sessão e não do total de parlamentares. O deputado Cláudio Cajado (PP-BA), relator da PEC, justificou que o texto não é uma autorização para “maus feitos”, mas apenas uma “proteção” para os deputados exercerem sua função sem medo de “perseguição política”.

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“Isso aqui não é uma licença para abusos do exercício do mandato, é um escudo protetivo da defesa do parlamentar, da soberania do voto e, acima de tudo, do respeito à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal”, disse. Para parlamentares contrários, a PEC blindará deputados de processos e investigações criminais de qualquer tipo.

“Isso aqui é uma desmoralização do parlamento brasileiro. Está voltando o voto secreto e a forma como vamos dar ao poder legislativo de anular o judiciário, chantagear o executivo e tornálo o poder, por excelência, no semipresidencialismo. Essa é a resposta à condenação ao golpe de estado no país”, criticou o deputado Ivan Valente (PSOL-SP).

Como votaram os deputados catarinenses

Ana Paula Lima (PT), Pedro Uczai (PT) e Gilson Marques (Novo) são contra
Ana Paula Lima (PT), Pedro Uczai (PT) e Gilson Marques (Novo) são contra

 

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A bancada parlamentar catarinense votou em peso a favor da PEC da Blindagem. Apenas Ana Paula Lima (PT), Pedro Uczai (PT) e Gilson Marques (Novo) foram contrários nos dois turnos. A deputada Ana Paula disse que a proposta garante privilégios pra políticos criminosos e que a votação entrou no lugar de projetos mais importantes para o país. “A PEC da Blindagem não protege a democracia, protege políticos criminosos da Justiça. Enquanto o congresso aprova a PEC da Blindagem, a PEC do fim da escala 6x1 e a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil seguem paradas”, comentou.

O deputado Gilson Marques comemorou que inicialmente o destaque do Novo conseguiu barrar a votação secreta pra autorização de processos criminais contra parlamentares. o início da tarde, porém, o voto segredo foi votado novamente e aprovado.

Para o parlamentar, o voto secreto é um incentivo à corrupção. “Qual a vergonha de apresentar seu voto, de defender sua posição, de atuar como representante, se o voto é sigiloso?”, questionou. Para Daniel Freitas (PL), a PEC representaria o “fim da chantagem” contra o congresso. 

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Como votaram os deputados catarinenses

A favor da PEC:

Caroline de Toni (PL)

Cobalchini (MDB)

Daniel Freitas (PL)

Daniela Reinehr (PL)

Fábio Schiochet (União Brasil)

Geovania de Sá (PSDB)

Ismael (PSD)

Jorge Goetten (Republicanos)

Julia Zanatta (PL)

Luiz Vampiro (MDB)

Rafael Pezenti (MDB)

Ricardo Guidi (PSD)

Zé Trovão (PL)

Contra a PEC:

Ana Paula Lima (PT)

Gilson Marques (Novo)

Pedro Uczai (PT)

 

Carol de Toni salva Eduardo

 

A deputada Caroline de Toni renunciou à liderança do grupo da Minoria na Câmara dos Deputados para dar lugar a Eduardo Bolsonaro (PL), que mora nos EUA. A manobra evita que o parlamentar seja cassado por faltar às sessões há mais de dois meses ou que perca o mandato a partir de 2026.

Já na terça-feira, o PL oficializou o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro como o novo líder da Minoria. O grupo faz oposição à base de apoio ao governo Lula. Com a mudança, Caroline vira primeira vice-líder. Na prática, ela seguirá representando a bancada nas votações em plenário com a ausência de Eduardo. 

Em entrevista coletiva, a catarinense justificou a decisão. “Essa não é uma renúncia a uma função, é uma entrega em nome da verdade e da justiça. Nenhum cargo pode estar acima do Brasil. O que está em jogo não é uma cadeira, mas a integridade da democracia e a luta contra as perseguições que atingem não só o Eduardo, mas toda a família Bolsonaro”, disse.

Para a deputada, mesmo “exilado” Eduardo tem sido firme “na defesa das liberdades individuais e na luta pelo reequilíbrio entre os poderes”. O deputado federal agradeceu o “gesto gigante” e voltou a reforçar o discurso de perseguição política. O deputado é o principal articulador das sanções do “tarifaço” do governo de Donald Trump contra o Brasil. A pressão quer reverter o resultado do STF que condenou Jair Bolsonaro a 27 anos de prisão. O PT promete recorrer da manobra do PL pra evitar a cassação de Eduardo.






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