PROTAGONISMO

Reynaldo Wanderhec deixa legado para a história, cultura e economia de Itajaí

Fundador de uma das primeiras agências de viagem de SC, também ajudou a criar a Marejada

Ex-funcionário da Varig, Reynaldo morou no antigo bairro Vassourão, atual São Vicente (Foto: Arquivo)
Ex-funcionário da Varig, Reynaldo morou no antigo bairro Vassourão, atual São Vicente (Foto: Arquivo)
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O empresário Reynaldo José Wanderhec, faleceu no sábado aos 88 anos, em Itajaí, foi sepultado na manhã deste domingo, no cemitério Parque dos Crisântemos, deixando um legado incomparável para a história, turismo, cultura e economia da cidade. Além da personalidade reconhecida pela gentileza, educação e cordialidade, Reynaldo foi de especial dedicação ao trabalho na histórica agência Mundial de Turismo e sua inteligência e elegância repercutiram também em áreas culturais e sociais.

De família descendente de imigrantes belgas, Reynaldo foi morador do antigo Vassourão, que deu origem ao bairro São Vicente. Na localidade, uma espécie de segundo centro histórico de Itajaí, viveram famílias tradicionais de comerciantes e agricultores que estimularam o desenvolvimento do bairro. O portal Itajaipedia registra que o canoeiro Miguel José Wanderhec fazia a travessia do Itajaí-mirim para o São João, quando ainda não havia a ponte entre a avenida Adolfo Konder e a rua Heitor Liberato.

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Ainda moleque, Reynaldo trabalhou como entregador do jornal Itajahy. Teve o primeiro emprego na Navegação Itajaí (Navita), empresa que dava nome à rua depois chamada de Hélio Douat de Menezes, uma transversal da rua Blumenau. A trajetória com viagens começou aos 18 anos, quando Reynaldo entrou para a Varig, atuando na companhia ainda quando Itajaí tinha o aeroporto na Barra do Rio, depois transferido para Navegantes.

A experiência de 14 anos na empresa aérea rendeu um convite do empresário Arnoldo Cabral, que tinha uma agência comissionada da Varig na rua Hercílio Luz. Em 1967, a agência foi negociada. Reynaldo usou a rescisão da Varig para ter 30% da empresa, tendo como sócio majoritário o banqueiro César Ramos, então dono do banco Inco, vendido na década de 1970 para o Bradesco.

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A agência Mundial de Turismo foi fundada em 1968 pelos sócios e fez história na galeria comercial do edifício Rio do Ouro, entre a Hercílio Luz e a travessa Edmundo Heusi. Com o tempo, Reynaldo virou dono do negócio e o filho Leonardo Wanderhec entrou na sociedade. A empresa ficou aberta por 56 anos, chegando a ser a segunda agência de viagem mais antiga de Santa Catarina.

fusão com a TripService foi em 2017. Na época, Reynaldo estava com 81 anos e tinha orgulho de seguir atuante na empresa, com o profissionalismo pelo qual ficou reconhecido. “Hoje nos despedimos do senhor Reynaldo, o pioneiro do turismo em Santa Catarina. Um grande amigo, pai, avô, e um eterno apaixonado por viagens. Nossos corações já com saudade se despedem e agradecem por todos os momentos vividos juntos e todos os aprendizados compartilhados”, diz a mensagem de luto postada pela TripService.

 

“Protagonista da história de Itajaí”

Magru Floriano lamentou a perda  (Foto: Laura Testoni)

 

O jornalista e escritor Magru Floriano lamentou a perda no grupo Itajaí de Antigamente. “Perdemos um grande protagonista da história de Itajaí”, destacou. Além do trabalho na agência Mundial, Magru lembrou a trajetória de Reynaldo como diretor da banda do clube Guarani, da Associação dos Amigos do Museu Histórico e Arquivo Público de Itajaí e da Associação Proarte, primeira escola de música e artes de Itajaí.

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“Um cidadão que fazia questão de estar presente em todos os eventos importantes de sua comunidade”, comentou Magru.

Reynaldo também fez parte do grupo de fundadores da Marejada, em 1986. A proposta de a festa também ser voltada para os moradores da cidade, além de atrair turistas, era defendida por Reynaldo. Ele, que integrava a banda do Guarani, saía com o grupo pelas ruas convidando as pessoas para o evento.

“A festa era um local onde as famílias se encontravam. O nosso grupo saía com os cartazes pela cidade para divulgar. A gente parava nas lojas, nos bares e pedia para colar o anúncio. Era um período onde não tínhamos recursos para investir, então a gente saía divulgando”, disse em matéria do DIARINHO em 2018, por ocasião dos 32 anos da Marejada.

Como itajaiense típico, foi leitor do DIARINHO desde a fundação do jornal, em 1979. Assinante, costumava "cobrar" se o jornal fosse entregue tarde. Foi amigo do fundador do DIARINHO, Dalmo Vieira. Após a partida de Dalmo, nos anos 2000, fez amizade com a neta dele, Samara Toth Vieira. E tinha sempre a justificativa sobre a “necessidade” de receber o DIARINHO cedo: “Preciso estar bem informado antes de começar a trabalhar”, dizia.

Reinaldo gostava de presentear amigos e clientes com chocolates, enviando cartas e bilhetes que fazia questão de datilograr. “Um gentleman que já deixou saudades,” disse Samara sobre a partida do leitor e amigo. “O meu pai sempre adorou todos vocês do DIARINHO”, completou o filho de Reynaldo, Leonardo.

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Marca com a criação da Marejada e dedicação em associações e conselhos

"Não houve itajaiense mais dedicado," comenta Edison D´Ávila (Foto: Ana zigart)

 

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O professor Edison D´Ávila dá o tom da importância de Reynaldo para Itajaí. “Não houve itajaiense mais dedicado do que ele à sua cidade e à sua gente”, comentou. Edison conta que Reynaldo descendeu dos antigos imigrantes belgas que, na metade do século 19, chegaram ao Vale do Itajaí para fundar a colônia belga de Ilhota. Depois, os Wanderhec vieram pra Itajaí.

“O seu Reynaldo acompanhou a história do transporte aéreo de Itajaí praticamente desde o seu início, no antigo campo de aviação da Barra do Rio, onde hoje se instalou a Celesc, e do antigo campo de aviação de Itajaí até o aeroporto Internacional de Navegantes”, destaca. O professor ressalta que Reynaldo estreou na área de agenciamento de viagens, com a agência Mundial, e foi membro de várias diretorias da Associação Empresarial de Itajaí (ACII).

Edison informa que Reynaldo teve dedicada participação em trabalhos voluntários, como junto ao Conselho Municipal de Turismo e ao Conselho Municipal de Cultura. A participação entre os fundadores da Marejada foi especialmente lembrada pelo professor.

Ele disse que Reynaldo contribuiu com a experiência profissional e um grande entendimento que tinha sobre a importância turística de Itajaí ter sua própria festa. A Marejada nasceu após o surgimento da Oktoberfest.

“Foram esses fundadores, entre eles o sr. Reynaldo Wanderhec, que definiram a Marejada como sendo uma festa que abordasse a tradição cultural, portuguesa da nossa região, da cidade de Itajaí, e, acima de tudo, que divulgasse uma área da economia de Itajaí que estava se desenvolvendo muito bem, que era a pesca”, relata.

Mas a contribuição de Reynaldo foi muito além. Ele participou e dirigiu instituições culturais,  como a sociedade Guarani, que teve uma banda que marcou época. “[Reynaldo] foi de uma dedicação excepcional e fez com que ela [a banda] permanecesse atuando nos eventos sociais e culturais durante décadas”, comenta Edison.

O envolvimento do empresário com instituições ligadas ao patrimônio cultural, como a Associação de Amigos do Museu Histórico e do Arquivo Público de Itajaí, foi citado pelo professor. “Sua memória ficará presente na história social, na história econômica, na história turística e na história cultural de Itajaí”, finaliza Edison.

 




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