O empresário William Rogatto anunciou que já lucrou R$ 300 milhões em manipulação de resultados de jogos de futebol no Brasil. Ele é réu confesso em depoimento à CPI de Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas do Senado Federal que deu nesta terça-feira. Ele ainda afirmou que já rebaixou 42 clubes, atuando em todas as federações de futebol do Brasil e em nove países, como a Colômbia.
Rogatto está morando em Portugal e prestou depoimento através de videoconferência. A comissão, presidida pelo senador Jorge Kajuru (PSB-GO), deve ir ao país europeu na próxima semana para ...
Rogatto está morando em Portugal e prestou depoimento através de videoconferência. A comissão, presidida pelo senador Jorge Kajuru (PSB-GO), deve ir ao país europeu na próxima semana para encontrar com o empresário, que se colocou à disposição dos senadores para contar detalhes do esquema, e mostrar provas como fotos, vídeos, negociações, gravações e conversas envolvendo a manipulação de jogos.
Aos 34 anos, Rogatto disse que começou a trabalhar com manipulação de resultados em 2009 e desde então formou uma grande rede, que envolve desde atletas, até dirigentes de clubes, de federações, árbitros e políticos.
“Achei uma brecha no sistema, que me fortaleceu. Eu me considero um lambari pequeno demais, muita gente grande eu seguro nas costas, mas a gente cansa. Basicamente, eu engano o presidente do clube. Vou pagar ele para colocar os meus atletas. Aquele time vai perder, ele vai me beneficiar nas minhas apostas. Alguns presidentes sabiam e aceitavam. Eu rebaixei 42 clubes no Brasil. Eu só posso ganhar dinheiro com eles caindo”, revelou.
Além dos jogadores e dirigentes, o empresário também explicou como fazia para comprar árbitros, até mesmo com escudo da Fifa. “Um árbitro oficial ganha em torno de R$ 7 mil por jogo, eu pagava R$ 50 mil para ele, o árbitro ganha pouco, o gatilho do futebol está na máfia, que é a confederação, é a CBF, que tem recursos e não passa. É tão simples, é uma matemática tão perfeita, não vê quem não quer”, acusa.
Medo de morrer
Relator da CPI, o senador Romário Farias (PL-RJ), ofereceu uma delação premiada ao empresário, para que ele retorne ao Brasil. Rogatto reforçou que a delação não garante a proteção por causa das ameaças que vem recebendo de pessoas envolvidas no esquema de manipulação, como árbitros, presidentes de clubes e federações.