Santa Catarina perdeu uma das referências intelectuais do Movimento Negro. O professor Moacir da Costa, de 50 anos, servidor público de Itajaí, faleceu na noite de sexta-feira, na UTI do hospital Marieta Konder Bornhausen, vítima de um câncer no pâncreas. O cerimonial de despedida foi sábado no crematório Athenas.

Moa era professor de história das redes municipal e estadual de ensino, nas escolas Antônio Ramos e Elizabeth Konder Reis - ambos em Cordeiros. Ele deixa a esposa Valéria Mendonça, a mãe Eliane, irmãos e muitos amigos.

Moacir era membro atuante do Núcleo Afro de Itajaí e filiado ao Sindifoz e ao Sinte, onde era diretor. Ele tinha histórico de militância de décadas no Movimento Negro de Santa Catarina. “Perdi um amigo, um grande amigo. Mas foi o movimento negro de Santa Catarina que perdeu um de seus intelectuais. O legado do Moacir, todo o seu trabalho, fica como prova da grande pessoa que foi. Há um provérbio africano que diz que só morre quem é esquecido e Moacir não será esquecido”, comentou o professor-doutor José Bento Rosa da Silva, que foi o orientador do Moa na graduação em História pela Univali e seu coorientador no Mestrado.

Na última segunda-feira, Moa defendeu sua dissertação de Mestrado num ato solene no Museu Histórico de Itajaí. O tema foi a reinvenção da Festa de Nossa Senhora do Rosário, como manifestação cultural de resistência dos afrodescendentes da região. Moa, que acompanhou do hospital a apresentação de sua pesquisa, foi aprovado Mestre com nota máxima. Em 2016, Moa e sua esposa Valéria foram coroados Imperador e Imperatriz da Festa de Nossa Senhora do Rosário.

Moacir também atuou como assessor parlamentar da Câmara e foi coordenador da Secretaria de Educação de Itajaí. Foi ele o responsável pela aplicação da temática da igualdade racial como conteúdo obrigatório do currículo escolar. Ele era filiado ao PT.