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PESQUISA

Preço da carne varia até 95% entre os principais supermercados de Itajaí

A maior diferença foi no lombinho de porco; arroba do boi gordo caiu 9,3% em comparação a setembro de 2022

Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]

Dia da promoção da carne lota os açougues dos supermercados (fotos: Renata Rosa)

Por Renata Rosa

Especial para o DIARINHO

Fazer aquele churrasquinho sagrado no finde é uma das alegrias do trabalhador, que dá um duro danado durante a semana para fazer a roda da economia girar. Mas na hora de comprar a carne, rola aquela dúvida: será que vai caber no orçamento, já que o salário continua o mesmo, enquanto o preço no mercado muda todo dia?



A boa notícia é que a carne bovina teve redução de quase 10% graças à queda da arroba do boi gordo, que estava custando R$ 318 em setembro em Santa Catarina e custa hoje R$ 285. Em outros estados, a queda foi ainda maior, já que Santa Catarina produz apenas metade do que consome. No Acre, a arroba do boi chegou a R$ 212 e no RJ, R$ 256.

Em Itajaí, no comparativo entre as coletas de preço de 22 de março e 22 de setembro em cinco redes, 12 itens apresentaram redução de valores: oito cortes de boi, dois de frango e um de porco. Além do lombinho, as maiores quedas foram no peito de boi (-33,36%), peito de frango (-27,20%), filé mignon (-20,01%), coxa e sobrecoxa de frango (-19,72%) e fraldinha (-15,36%). O comparativo é feito com base no menor valor praticado em cada data.

No caso da carne suína, os preços estão estáveis, após uma alta de 13% no ano passado, repondo as perdas para os produtores que tiveram aumento de custo de produção. Mas para queimar os estoques, após a forte demanda de fim de ano, os mercados derrubam os preços, como no caso do lombinho de porco congelado. No Koch, o quilo era vendido a R$ 10,99, quase a metade do menor preço praticado na pesquisa de 22 de setembro do ano passado.


Lombinho

O lombinho também foi o item com a maior variação entre os cinco mercados pesquisados na semana passada: 159%. Também apresentaram grande variação de preço o filé mignon (81,90%), a picanha suína (76,66%) e coxa e sobrecoxa de frango (64,64%). O Koch se destacou também no maior número de itens com menor preço entre os 30 cortes pesquisados: 15. Em segundo lugar aparece o Giassi (7), seguido do Bistek (6), Angeloni e Schmit (3).

 

Antônio mantém viva a tradição dos açougues de bairro em Itajaí

Comerciante segue inovando nos produtos e serviços sem abandonar os clássicos


Antonio chegou a fazer protesto contra à alta da carne em 2019

Antonio chegou a fazer protesto contra à alta da carne em 2019

 

Em 2019, o açougue Aline, no bairro São João, ganhou as manchetes ao estampar uma faixa escrita “Repúdio” por causa da alta abrupta da carne em função do aumento das exportações para a China. O proprietário, Antonio Carlos da Silva, chegou a perder clientes que viram ali uma crítica ao governo que elegeram, mas nada que abalasse a determinação em denunciar.

“O preço quase dobrou e nós que revendemos éramos vistos como vilões, não era justo. Tanto que os mercados também endossaram o protesto”, relembra. Antonio conta que os cortes traseiros passaram de R$ 13,50 para R$ 24,50. O economista Alexandre Giehl explica que passou a ser mais vantajoso para o produtor exportar a carne por causa da desvalorização do real. Além disso, aumentou a exportação de animais vivos, diminuindo a quantidade para abate no país.


Quem ficou admirado pela ousadia de Antonio, não imagina a determinação deste mato-grossense, nem a via-crucis que trilhou para conseguir um lugar ao sol. Criado pelos tios em Camboriú após a morte precoce da mãe, ele estudou até a sétima série e depois, como a maioria dos brasileiros, teve que arrumar um trabalho para garantir o sustento.

Trabalhou como servente, num mercado e numa loja de pneus, amargou seis meses desempregado, época em que a esposa segurou a onda com seu salário de gerente de posto.

“Só quem perdeu totalmente a perspectiva de conseguir trabalho sabe o que é o desalento. A gente nem procura de tanto ‘não’ que recebe, ainda mais quando não se tem estudo”, analisa.

A maré começou a virar quando Antonio tentou uma vaga de “bifeiro” no açougue Bastos, do Cordeiros. Mesmo sem experiência, falou que era profissional porque a necessidade falava mais alto. “Eu nem sabia onde ficava a alcatra, mas afirmei que se conseguisse a vaga, trabalharia sem descanso para me tornar um profissional”. E assim foi.

Em 2006, ele veio para o São João trabalhar no Açougue Aline, onde ficou até 2010. Lá, ele passou por todas as funções, desde limpar a caixa de gordura até cortar carne até meia-noite para atender a prefeitura.

Daquela época, ficou o bom relacionamento com o patrão, que anos depois lhe ofereceu a oportunidade de assumir o negócio, pois estava se aposentando.


Em 2014, Antonio tinha mudado de ramo. Em parceria com a esposa e cunhada, abriram duas padarias, uma no São Vicente e outra no Cordeiros. Mas como uma delas foi trocada por outra próxima ao Açougue Aline, o casal decidiu que seria uma boa ideia trabalhar próximos um do outro. Então, ele se reaproximou da clientela, raspou a poupança, vendeu a padaria do São Vicente, pegou uns cheques emprestados e em menos de um ano quitou a dívida.

 

Hambúrguer artesanal, filé de ancho e “fressura”

Antonio assumiu o Aline numa época difícil para os açougues de bairro. Acabavam de chegar ao São João o Koch, o Comprefort e o Bistek, concorrência tão acirrada que provocou o fechamento de casas tradicionais como o açougue Avenida, na Caninana, e o Açougue do Pedrão. Do Pedrão, na Fazenda, vieram os funcionários que estão trabalhando no Aline. E como o açougue mantém as portas abertas, mesmo após os difíceis anos de pandemia? Com inovação, profissionalismo e respeito às tradições.

A primeira coisa que ele fez para se diferenciar no mercado foi conseguir o selo de inspeção do Ministério da Agricultura para manusear as carnes no local. Para isso investiu em equipamentos, fez reformas no prédio com sala própria para o tempero, mesas separadas para não ter contaminação cruzada e contratou um médico veterinário para fazer a rotulagem. “Nem todo açougue atende a todos esses critérios, mas é isso que dá credibilidade”, afirma.

Além de deixar a carne do jeito que o cliente gosta, seja em formato de bife, cubos, moída ou temperada, o açougue se especializou em hambúrgueres artesanais de costela, maminha e até picanha e filé mignon, que são preparadas em bares e restaurantes da Beira Rio e Praia Brava. E para além das fronteiras do município. “Entregamos em Camboriú, Balneário, Penha e, se for acima de R$ 100, nem cobramos a entrega”, diz. E parcelam em 3x sem juros.

Outra novidade foi o kit de carnes variadas, que custam de R$ 149 a R$ 249, para clientes que não têm noção do que levar. E fazer cortes inspirados na parilla da Argentina/Uruguai, como o chorizo e filé de ancho, tirados do contrafilé. “Quando eu passei a vender lenha meu sobrinho achava que eu tava doido. No mesmo dia vendi um fardo. Os hermanos gostam da carne com um toque defumado, por isso a lenha”, explica.

Tudo isso sem deixar de lado os clientes mais antigos, amantes de bife de fígado, rabada e ensopado de fato. Tem bastante saída a “fressura”, mistura de vísceras que agrada a velha geração e clientes de outras regiões do país que escolheram Itajaí para viver.

 

Breque nas exportações e queda no preço do milho derrubaram preço do boi gordo

O preço da carne deve continuar em queda

O preço da carne deve continuar em queda

 

Segundo o analista do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Cepa) da Epagri, Alexandre Giehl, a queda de preço da carne bovina se deve à combinação de três fatores: período de safra da pecuária no primeiro trimestre, redução no custo de produção e interrupção de exportações para a China por causa do caso da vaca louca detectado no Pará.

O período de safra é quando há um maior número de animais para abate, o que faz cair o preço, pois há uma grande oferta do produto. “Apesar do gado brasileiro se alimentar basicamente de pasto, também é fornecido uma suplementação à base de milho e soja, que tiveram redução gradativa de preço nos últimos meses, após a alta de 2021”, explica.

Alexandre acredita que os preços da carne devem continuar em queda, mesmo com a retomada das exportações, mas não devem retornar aos patamares de 2018 porque a disponibilidade de animais para abate continua limitada. Mesmo com o aumento de 7,5% no plantel entre 2021 e 2022, ainda é 7,5% menor do que em 2018. Outro fator é o aumento das exportações em 22%, inclusive de boi vivo, e o aumento do custo de produção.

Ele conta que o Brasil é autossuficiente em milho e soja, mas por causa da alta do dólar ficou mais vantajoso para os produtores exportarem do que vender no mercado interno, da mesma forma que aconteceu com a carne a partir de 2019, e o óleo de soja. “Como são commodities, os preços internacionais ditam os preços do mercado interno, sem falar que, no caso do milho, teve uma quebra na safra 2020/2021 em decorrência de problemas climáticos”, justifica.

 




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