DENÚNCIA
Resgate social de Balneário é denunciado por agredir e levar embora morador de rua
Catador de recicláveis assegura ter sido “jogado” em van e largado com fome em São João do Itaperiú; prefeitura de BC nega
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]




Um boletim de ocorrência na Polícia Civil registrou denúncia contra a prefeitura de Balneário Camboriú, relatando um caso de transporte irregular e agressões contra um morador de rua. As informações foram prestadas à polícia pela Secretaria de Assistência Social de São João do Itaperiú, no Vale do Itapocu, município para onde teria sido levada à força uma das vítimas.
De acordo com uma assistente social de São João do Itaperiú, L. M. S., de 41 anos, foi resgatado por uma equipe do município no último dia 9 de fevereiro após aparecer ferido na SC-415, que cruza a cidade. “Ele diz que agentes de Balneário o trouxeram para São João no dia 7, em carro do Resgate Social. Ele estava com ferimentos na cabeça, com fome, e foi largado na beira da rodovia”, narra a assistente.
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O rapaz, que vive da catar latinhas e outros materiais recicláveis, buscou abrigo num ponto de ônibus próximo ao Corpo de Bombeiros Voluntários. Ele chamou a atenção dos vizinhos por conta dos ferimentos. A Secretaria de Assistência Social optou por gravar um vídeo com ele, onde o homem revela a agressão e acusa a prefeitura de Balneário Camboriú de maus-tratos.
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L. M. S. revelou que tem residência fixa, embora fique nas ruas. Sua família mora no bairro dos Municípios, em Balneário. “As informações repassadas foram conferidas junto à Polícia Militar. São verdadeiras”, aponta relatório do município que fez a denúncia.
O catador foi abordado pelo Resgate Social de Balneário na noite de 7 de fevereiro. Ele seria levado a um alojamento para tomar banho e se alimentar, junto a outros homens. Porém, o colocaram dentro de uma van – onde teriam ocorrido as agressões físicas – e o abandonaram em São João do Itaperiú.
Os servidores de São João apontam relatos de moradores que viram um carro do Resgate Social de BC, uma Sprinter Branca, descarregando mendigos em Barra Velha e em São João do Itaperiú. Um deles teria sido deixado no bairro Tabuleiro e o outro no Sertãozinho, ambos em Barra Velha, na mesma data em que o homem foi ferido e largado em São João.
A assistente confirma que L. estava com muitos hematomas, dores, ânsia de vômito e sem forças. “Tentamos levar para atendimento no posto de saúde do município, mas ele negou encaminhamento, pois estava ansioso para retornar à cidade de origem”.
A Assistência Social optou por levá-lo até Balneário Camboriú. As falas de L. estão gravadas em vídeo, para registro da prefeitura, e embasam o BO registrado junto à Polícia Civil.
Prefeitura de BC nega
O DIARINHO ouviu tanto o setor de Segurança Pública de Balneário quanto o Resgate Social. O secretário Antônio Castanheira, da Segurança, informou que na secretaria não há informações sobre a acusação.
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Castanheira ainda afirmou que todo o trabalho junto ao público em vulnerabilidade é feito de forma a atender à legislação. Usuários de drogas, alcoólatras e demais moradores nessas condições são enviados para a Clínica Social, na rua Itália, e têm direito a psiquiatras e médicos. “Eles são deslocados para o projeto, mas muitos não gostam, porque não querem se tratar”, informa o secretário.
A Secretaria de Desenvolvimento Social e Inclusão, responsável pelo setor de Resgate Social, também deu sua versão. Segundo a pasta, as denúncias de agressões não procedem e não há pessoas em situação de rua levadas para outras cidades de maneira irregular.
A secretaria, entretanto, confirmou que conhece L. “O último atendimento realizado ao mesmo foi no dia 6 de janeiro passado, quando ele informou morar no bairro dos Municípios e possuir parentes no Oeste de Santa Catarina”, afirma.
A prefeitura garante que a abordagem social não possui em sua frota veículo com a placa alegada na denúncia. E a Clínica Social local encaminha, desde que haja a possibilidade de conexão com o vínculo familiar, através de ônibus para as cidades de origem, ou para tratamento de dependência química.