BALNEÁRIO CAMBORIÚ

MP quer que GM seja proibida de fazer abordagens a moradores de rua

Promotor alega que prefeitura quer “limpeza social”, fazendo a condução forçada e de forma preconceituosa

Ação também pede a desativação de Clínica Social e abordagens técnicas
(foto: divulgação)
Ação também pede a desativação de Clínica Social e abordagens técnicas (foto: divulgação)
miniatura galeria
miniatura galeria

O promotor Álvaro Pereira Oliveira Melo, da 6ª promotoria de Justiça de Balneário Camboriú, ajuizou uma ação civil pública com pedido liminar para que o município suspenda a “condução forçada” de pessoas em situação de rua para o serviço de Clínica Social pela Guarda Municipal. A ação ainda pede que a própria Clínica Social seja desativada e que haja adequações nos serviços de abordagem social.

No pedido de liminar, o promotor sustenta que a GM deve se restringir às atribuições próprias, como em caso de flagrante delito e abordagens de rotina pra verificação de ordens de prisão em aberto, ou até pra garantir a segurança dos servidores, mas sem interferir no atendimento da abordagem social. A ação pede que a GM seja proibida de fazer abordagens e conduções coercitivas.

Continua depois da publicidade

A medida é o desdobramento de processo administrativo que apurou denúncias de condução forçada de moradores de rua para as cidades de origem deles e de abordagem social pela GM, com condução também à força, inclusive com o uso de algemas, para acolhimento na Clínica Social. O projeto da clínica foi lançado em fevereiro se anunciando como inovador, reunindo num mesmo local diversas especialidades.

Segundo a investigação, a  contenção forçada de pessoas em situação de rua extrapola os limites da Constituição, com o uso de guardas armados, numa “concepção preconceituosa” voltada para “indesejados sociais”. Para o promotor, além da prática da GM ser ilegal, configuraria uma “política higienista por considerar que toda pessoa em situação de rua é usuária de drogas ou criminosa em potencial”.

Ele exemplifica que a mesma preocupação da segurança não existe quanto ao uso de drogas e álcool entre o público jovem “aquinhoado”. “A ‘política pública’, nitidamente higienista, só não é um escândalo de proporções nacionais porque, infelizmente, a população, em sua grande maioria, ignora o fato de que os considerados ‘miseráveis’, que vivem nas ruas, também são sujeitos de direitos e como tais devem ser tratados”, analisou.

Usuários “presos”

A ação destaca que a preocupação das secretarias de Inclusão Social e de Segurança Pública não seria o acolhimento para higiene, saúde clínica, alimentação e encaminhamentos, mas para tratamento contra as drogas, mesmo sem concordância desses usuários. O promotor questiona que a própria Clínica Social não funciona em horário apropriado, durante o qual outros órgãos públicos não estão abertos para eventuais encaminhamentos da abordagem.

“Os usuários são conduzidos coercitivamente permanecendo presos, durante a madrugada, sob a custódia armada de agentes públicos, na nítida tentativa de promoção de uma espécie de limpeza social”, afirma o promotor. Ele defende a implantação de políticas para uma abordagem técnica, com médicos psiquiatras e servidores qualificados.

“Ao mesmo tempo em que o município de Balneário Camboriú cria uma espécie de política pública paralela, os instrumentos oficiais de atendimento e atenção à saúde mental direcionados não só às pessoas em situação de rua, mas a todos os munícipes - Ambulatório Psicossocial, Caps AD e Cpas II - estão sucateados e sem estrutura mínima”, informa.

Políticas públicas

Continua depois da publicidade

Ação pede a desativação imediata da Clínica Social, com a redistribuição dos atendimentos prestados no local às unidades públicas já existentes, como a Casa de Passagem, postos de saúde, Caps II e AD, Cras e Creas, conforme as regras das políticas nacionais de assistência social e de saúde.

O pedido também requer adequação no serviço de abordagem social, por meio da capacitação de servidores, regularização de situações de desvio de função e estruturação das equipes. O promotor busca que a justiça ainda determine que sejam respeitados os direitos fundamentais dos moradores de rua e sua autonomia e liberdade de ir e vir.

Todos os pedidos do MP aguardam análise da justiça. Em março, a pasta já havia enfrentado desgaste, com a suspensão do contrato de terceirização da abordagem social pela Controladoria por suspeitas de irregularidades e descumprimento de exigências.

Continua depois da publicidade

A secretária de Inclusão Social, Christina Barichello, informou que o município ainda não foi notificado da ação e que vai aguardar pra responder sobre alguma determinação concreta que possa ser dada pela justiça. Christina defendeu o programa de abordagem e que o projeto da Clínica Social tem “recuperado muita gente”, com mais de 600 pessoas atendidas.



WhatsAPP DIARINHO


Conteúdo Patrocinado



Comentários:

Somente usuários cadastrados podem postar comentários.

Clique aqui para fazer o seu cadastro.

Se você já é cadastrado, faça login para comentar.


Envie seu recado

Através deste formuário, você pode entrar em contato com a redação do DIARINHO.

×






216.73.216.56

Podcast

Fiscalização é reforçada nas praias de Itajaí

Fiscalização é reforçada nas praias de Itajaí

Publicado 26/12/2025 19:53



TV DIARINHO


🚨 SEM VISÃO E SEM REMÉDIO 😔Emily, de 17 anos, perdeu a visão enquanto a família aguarda há um ano a ...



Especiais

STF rejeita marco temporal, mas lei segue com riscos a direitos indígenas

Vitória parcial

STF rejeita marco temporal, mas lei segue com riscos a direitos indígenas

Júlio Lancellotti é calado nas redes enquanto padres conservadores discursam para milhões

IGREJA CATÓLICA

Júlio Lancellotti é calado nas redes enquanto padres conservadores discursam para milhões

Governo consegue aprovar Plano Clima após diluir responsabilidade do agro

PLANO CLIMA

Governo consegue aprovar Plano Clima após diluir responsabilidade do agro

Três meses após sanção da Lei Felca pais não sabem proteger filhos na web

Controle parental

Três meses após sanção da Lei Felca pais não sabem proteger filhos na web

Empresas de festas visam adolescentes e marketing predatório aposta até em porta de escola

NA PORTA DA ESCOLA

Empresas de festas visam adolescentes e marketing predatório aposta até em porta de escola



Blogs

 Escrever para aprender — um exercício de silêncio

VersoLuz

 Escrever para aprender — um exercício de silêncio

Nu com a mão no bolso

Blog do JC

Nu com a mão no bolso

🧠 Alzheimer não começa na memória. Começa no metabolismo do cérebro.

Espaço Saúde

🧠 Alzheimer não começa na memória. Começa no metabolismo do cérebro.

Férias ....

Blog do Magru

Férias ....

Limpeza intestinal

Blog da Ale Françoise

Limpeza intestinal



Diz aí

"O que esses quatro vereadores a mais vão proporcionar para os habitantes de Itajaí?”

Diz aí, Bento!

"O que esses quatro vereadores a mais vão proporcionar para os habitantes de Itajaí?”

"Todo mundo sabe que Itajaí sofre uma crise hídrica"

Diz aí, Robison!

"Todo mundo sabe que Itajaí sofre uma crise hídrica"

"Fizemos contato com a defesa e estamos discutindo a apresentação [dela]”

Diz aí, delegado Roney

"Fizemos contato com a defesa e estamos discutindo a apresentação [dela]”

"Eu não concordo que o Jorginho está eleito"

Diz aí, Afrânio!

"Eu não concordo que o Jorginho está eleito"

"A cultura da impunidade é um fator que incentiva o comportamento criminoso"

Diz aí, Araújo!

"A cultura da impunidade é um fator que incentiva o comportamento criminoso"



Hoje nas bancas

Capa de hoje
Folheie o jornal aqui ❯






Jornal Diarinho ©2025 - Todos os direitos reservados.