Diz aí, Aristides!

"A gente praticamente dobrou o número de serviços semanais"

Aristides Russi Junior, CEO da JBS Terminais, esteve no programa “Diz aí!” com os jornalistas Fran Marcon e Joca Baggio. Ele falou sobre a atuação da JBS no Porto de Itajaí, projetos e perspectivas.

Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]

"Hoje a gente está com sete serviços, oito atracações semanais, e nessas oito atracações crescendo, a gente está falando de fazer próximo de 30 mil contêineres" (Foto: Fabrício Pitella)
"Hoje a gente está com sete serviços, oito atracações semanais, e nessas oito atracações crescendo, a gente está falando de fazer próximo de 30 mil contêineres" (Foto: Fabrício Pitella)
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Qual foi a principal dificuldade da JBS ao assumir os berços de Itajaí, após quase dois anos de paralisação provocada pelo processo frustrado de privatização da autoridade portuária?

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Aristides: Tem o desafio da parte da implementação, de colocar o porto de volta em operação no menor tempo possível. A gente conseguiu praticamente em 30 dias já ter uma ...

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Aristides: Tem o desafio da parte da implementação, de colocar o porto de volta em operação no menor tempo possível. A gente conseguiu praticamente em 30 dias já ter uma primeira operação, que foram os carros da BYD dentro de contêineres. Mas é claro que a gente ainda não estava pronto para operar na área do arrendamento. Teve muito apoio da JBS, como estrutura organizacional, é muito importante a gente ter o suporte de uma multinacional com tanta expertise e com pessoas especialistas em várias áreas. Em 90 dias retomamos a parte do alfandegamento, a parte de voltar a ter uma superestrutura, uma infraestrutura que pudesse dar acessibilidade aos nossos clientes. O desafio de implementação foi de contratar as pessoas, o mercado é muito quente em Santa Catarina, é muito competitivo. A empregabilidade é altíssima. Você acaba brigando muito por pessoas capacitadas, [...] mas a gente conseguiu nesses 90 dias ter um time supercampeão. Obviamente que o desafio seguinte é o mercado, os clientes voltarem a ter a confiança em Itajaí depois dessa paralisação de dois anos, o que acabou fazendo com que todos os clientes adaptassem a sua logística aos portos vizinhos. [...]

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"O fertilizante é uma carga ruim"

 

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Passados quatro meses do início das operações, a JBS ainda não atingiu a movimentação mínima acordada em contrato de 44 mil TEUs. Fevereiro foram 18 mil TEUs. Por quê?

Aristides: Eu acredito que tem um pouco mais, mas faz parte de uma curva, do ramp-up que a gente chama, tem uma questão de arrefecimento do mercado pós-feriado chinês, essa questão política tarifária, globalmente, tem mexido com algumas trades. Nós somos muito fortes na madeira, ela acaba sofrendo alguns medos de exportar e para onde exportar, mas agora começa a aquecer e eles terem essa confiança de que o porto está operando, de que o nosso serviço é de qualidade, que nós somos flexíveis, que a gente tem capacidade, que colocamos as pessoas certas nos lugares corretos, que tudo está funcionando...

 

"Hoje a gente está com sete serviços, oito atracações semanais, e nessas oito atracações crescendo, a gente está falando de fazer próximo de 30 mil contêineres"

 

A rota GS1 foi anunciada como um novo cliente que saiu de do porto de Navegantes para Itajaí. Há outras linhas sendo prospectadas?

Aristides: Nesses meses que a gente está operando, essa é a nossa sexta linha semanal. Nós temos seis serviços semanais, sendo que um desses faz duas escalas semanais. Nós temos sete serviços escalando o Porto de Itajaí já. O golfo acabou de chegar. Eu quero anunciar, em primeira mão, mais uma linha que chama Puma, é um serviço da Mercosul CMA CGM. Nós vamos ter a oitava atracação semanal, o sétimo serviço entrando em Itajaí. A gente praticamente dobrou o número de serviços semanais. [Qual a projeção para a JBS Terminais voltar a operar em plena capacidade?] Quando a APM saiu em 2021, ela saiu com quatro linhas, estava fazendo em torno de 22 mil contêineres por mês. Hoje, a gente está com sete serviços, oito atracações semanais, e o que a gente tem acordado com os armadores é fazer próximo de 30 mil contêineres. Nós temos aumentado a cada dia o nosso nível de serviço, investindo em mais inovação, mais tecnologia, informações em tempo real, que é o que o cliente quer ter, mais independência.

 

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"Nós deixamos muito claro em todas as conversas que a gente não quer que nenhuma carga saia daqui de Itajaí, seja ela geral ou carga contêinerizada"

 

Os sindicatos entraram com ação contra a União e o município pedindo compensação pela perda de oportunidades com o fim do contrato da APM. A JBS pretende garantir a manutenção da média salarial dos trabalhadores mesmo se não atingir a meta e com o agravante de queda na carga geral?

Aristides: A gente tem tido um diálogo muito transparente com a mão de obra. Nós deixamos muito claro em todas as conversas que a gente não quer que nenhuma carga saia de Itajaí, seja ela carga geral ou contêinerizada. Eles têm o nosso compromisso que o que nós queremos é movimentar mais. A gente enxerga que tem uma oportunidade na carga geral, que durante esses dois anos foi o que acabou fazendo com que a renda do trabalhador permanecesse, mesmo tendo um decréscimo. Não estamos aqui para precarizar o trabalhador. Pelo contrário, a gente entende que se tiver trabalho, eles vão estar felizes ganhando dinheiro e a gente também vai estar feliz oferecendo um trabalho de qualidade e também devolvendo valor ao nosso acionista. [Por que a JBS é contra a operação de fertilizantes?] Eu falei de responsabilidade, de sustentabilidade, de pensar a longo prazo e de entender a vocação de Itajaí. A carga geral vai continuar em Itajaí. Nós vamos fazer nossos maiores esforços para permanecer. A gente já teve esse tipo de conversa também com os transportadores. O fertilizante é uma carga ruim. Eu operei minério de ferro e carvão, que é uma carga granel. As pessoas podem estar falando: “ah, mas não é fertilizante”. No final, todas elas têm o mesmo resultado: uma cidade suja, que começa a depreciar o seu valor. Nós estamos no centro da cidade. A gente precisa ter consciência da localização. Nós temos que ter uma relação porto-cidade. Eu sou itajaiense. Eu vivi em outros lugares e sei exatamente o resultado disso. Enquanto APM Terminals, nós estudamos a viabilidade de fazer carga granel aqui. Por que a gente resolveu não tocar o projeto? Porque entendemos que ambientalmente, que para a cidade não seria a melhor decisão. Além disso, houve uma audiência pública e ficou muito claro que a cidade não apoia esse tipo de carga. Nós temos uma vocação: contêiner, valor agregado. Temos outras possibilidades que a gente está explorando. Carros, a BYD, em maio, deve operar aqui em Itajaí 7500 carros. Nós estamos falando de valor agregado. Retornar para o município aproximadamente R$ 40 milhões em ICMS. Se a gente tem contêiner para potencializar, já mostrou que conseguiu colocar o porto de volta no protagonismo, e as cargas gerais que aqui já estão operando, siderúrgico, madeira, tem a possibilidade de outro tipo de carga como celulose, vamos nos concentrar em trabalhar com uma carga limpa que vai continuar trazendo divisas para a cidade.

 

"Nós deixamos muito claro em todas as conversas que a gente não quer que nenhuma carga saia daqui de Itajaí, seja ela geral ou carga contêinerizada"

 

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Como o senhor enxerga a queda de braço entre a superintendência de Itajaí, que é contrária à operação de fertilizantes, e a Autoridade Portuária de Santos, que se posiciona a favor?

Aristides: Eu estou no lado privado da mesa, o que eu quero é que o porto esteja cada vez mais fortalecido com as cargas que tem vocação e estrutura para operar. Tem uma série de investimentos sendo feitos por nós, num contrato de dois anos, e a gente está buscando os próximos dois anos. O que a gente quer agora é fortalecer a carga contêinerizada, a carga geral que está aqui e tenho certeza que vai conseguir trazer muita carga geral para Itajaí. [Em relação ao investimento de R$ 250 milhões, quanto já foi aplicado?] R$ 130 milhões. Nesses investimentos estão melhorias na parte de pátio, de plataforma reefer, do próprio prédio, aquisição de um sistema operacional e adquirimos também outros softwares. O maior investimento, de R$ 80 milhões, foi nos dois guindastes que chegaram no domingo, para dar mais flexibilidade para as nossas operações. Esses guindastes novos alcançam até 21 fileiras de contêineres. 

 

"A gente não está aqui para precarizar o trabalhador"

 

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Com os investimentos, a JBS pretende participar do processo licitatório para o arrendamento definitivo do terminal?

Aristides: O nosso compromisso é a longo prazo. Quando a empresa decidiu investir aqui, foi obviamente para resolver um problema que estava tendo mundialmente. Os portos congestionados e estavam tendo muita dificuldade de exportar as suas cargas. Itajaí já tinha um pequeno terminal ali do lado, que é a Braskarne, por que não tentar viabilizar? Gostamos da experiência, o grupo está superempolgado em investir em Itajaí, poder participar da licitação de longo prazo. Gostaríamos que essa licitação acontecesse para que a gente possa ter a capacidade de fazer os investimentos e as expansões que são necessárias. Tem que ser honesto: Navegantes é um terminal “state of the art” – é maravilhoso. A gente precisa elevar a barra para ser mais competitivo.

 

"O nosso compromisso não é apenas nesse contrato temporário. É um compromisso de longo prazo"

 

Com toda a sua experiência no setor, qual o modelo mais adequado: privatização, municipalização ou federalização?

Aristides: O modelo que funcione. A gente vai apoiar, independentemente do modelo que o governo decidir implementar. Acho que o nosso papel é apoiar e tentar fazer com que os modelos funcionem. A partir do momento que tem a decisão, tenta entender como é que pode fazer para contribuir para o modelo dar certo. [Qual a sua visão sobre o atual cenário mundial com relação ao Comex e as implicações que envolvem os conflitos dos EUA com Ásia, Europa, Índia e a América Latina?] Eu creio que nós vamos sair mais fortalecidos. Nosso trade com a China vai fortalecer. Está abrindo novos comércios com Vietnã, Japão, somos parceiros comerciais da Índia também. Nós somos primeiro, segundo e terceiro em muitos commodities. Santa Catarina é industrializada também. Tem diversidade na nossa economia. Eu acredito que vai ter um fortalecimento do nosso comércio.

 

"O fertilizante é uma carga ruim. Eu operei minério de ferro e carvão, que é uma carga granel. As pessoas podem estar falando: “ah, mas não é fertilizante”. No final, todas elas têm o mesmo resultado: uma cidade suja"

 

Reunião na Fiesc, nesta semana, anunciou o plano de investimentos do governo federal no porto. Serão mais de R$ 600 milhões. Isso resolve os problemas atuais?

Aristides: Eu acho que são valores bastante expressivos. O ponto principal, sem dúvida, é a nossa bacia de evolução que permita que navios de 366 metros atraquem aqui. Aprofundar o canal também é uma questão prioritária para que consiga continuar a crescer e entregar soluções para os nossos clientes. Em relação ao restante dos valores que eles vão investir, também na parte da infraestrutura do porto, são melhorias mais do que bem-vindas, sempre para melhorar também o atendimento aos clientes. Prioritariamente, bacia de evolução, molhe norte de Navegantes, remover o Pallas. Tenho certeza que com esses investimentos anunciados pela Autoridade Portuária de Itajaí e Santos, nós vamos colocar Itajaí em outro patamar. A gente não pode ficar parado, porque os outros portos estão se movimentando. Itapoá acabou de anunciar aprofundamento da Baía da Babitonga, que também vai possibilitar eles trazerem navios de 366 e acima disso. Precisa colocar a acessibilidade marítima de Itajaí também nesse patamar. [Como está a situação da ampliação da retroárea do Porto?] Temos dialogado com a superintendência do Porto, João [Paulo Tavares Bastos Gama], e com o próprio prefeito Robison [Coelho]. Itajaí tem uma carência de retroárea. Nós somos muito bem servidos de berço, quase um quilômetro, o que não é comum para os terminais do sul, mas tem uma retroárea muito apertada e que dificulta o nosso crescimento e nos coloca um desafio adicional para operar. Mas tem algumas áreas que são possíveis de expansão e, numa segunda fase, vamos tentar viabilizar um plano de expansão junto ao Ministério, Terminal de Contas da União, para tentar colocar mais 25% de capacidade no terminal no decorrer do ano. 

 

"O maior investimento, de R$ 80 milhões, foi nos dois guindastes que chegaram no domingo, para dar mais flexibilidade para as nossas operações"

 

Quais soluções a JBS está buscando para resolver o problema da fila tripla em frente ao porto?

Aristides: Acho que nós já eliminamos a fila. Nós tivemos um momento muito crítico em janeiro, porque nós não estávamos ainda com toda a nossa tecnologia disponível no portal do cliente, agendamentos e etc... Nosso gate ainda tinha alguma melhoria a ser feita. Pós-janeiro, a gente ajustou o sistema, ajustou processos e as filas realmente diminuíram.

 

"O nosso compromisso é a longo prazo"

 

"Itajaí tem uma carência de retroárea. Nós somos muito bem servidos de berço, quase um quilômetro de berço, o que não é comum para os terminais aqui do Sul, mas a gente tem uma retroárea muito apertada e que dificulta o nosso crescimento e nos coloca um desafio adicional para operar"

 

A gente não pode ficar parado, porque os outros portos estão se movimentando.




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