Itajaí
Moradores de rua tentam invadir prédio abandonado e geram medo na vizinhança
“Já tentaram invadir casas e também uma panificadora”, diz uma vizinha; PM orienta formalizar Rede de Vizinhos
Juvan Neto [editores@diarinho.com.br]
Uma tentativa frustrada de invasão por moradores de rua a um imóvel no bairro Dom Bosco, em Itajaí, levou medo aos moradores da rua Acyr Cunha, na noite do último domingo. Segundo a vizinha Maria Laura Luz, que vive há 28 anos no bairro, as ocorrências envolvendo andarilhos vêm aumentando por causa do abandono de um imóvel nos fundos do posto Estação 1, próximo da Contorno Sul.
“O imóvel já está sem portas e janelas. É um imóvel grande, mas colocaram compensados para fechar. Os moradores de rua vão arrebentar logo esses bloqueios e vão invadir para usar drogas, álcool ou simplesmente dormir no local”, revelou Maria ao DIARINHO.
A Polícia Militar, chamada pela comunidade, dispersou o grupo, que tentava arrombar o local. “Não é que o aumento de moradores de rua vem nos trazendo insegurança”, observa. “ [Mas] já tentaram invadir casas e também uma panificadora”, acrescenta.
Os moradores foram alertados da situação por meio de um grupo de WhatsApp da rua, mas não sabem apontar quantos estavam rondando o imóvel. “Um proprietário acaba avisando o outro. Os andarilhos estavam escalando o galpão atrás do antigo posto”, detalhou.
A comunidade teme reviver momentos de medo, como ocorreu em um episódio registrado ainda antes da pandemia. “Um ladrão subiu nos telhados de um vizinho, tentou fugir de uma casa para outra, caiu e morreu”, recorda. Do começo da pandemia para cá, o problema aumentou, principalmente aos finais de semana.
Rede de Vizinhos
Márcio Aquino, tenente da PM e chefe de comunicação social do batalhão em Itajaí, orientou os moradores a formalizarem um grupo de WhatsApp como integrante da rede de vizinhos da Polícia Militar.
“Possivelmente, esse grupo é formado só pelos moradores. Mas nós monitoramos mais de 30 grupos de rede de vizinhos. Os proprietários devem procurar o batalhão, na rua Felipe Schmidt, e nós repassamos as regras, como não ter antecedentes criminais, por exemplo. A rede agiliza orientações à comunidade e informações de ocorrências”.
Sobre os moradores de rua, o tenente Aquino é sincero. “Nós temos concentrado esforços no policiamento, mas são muitos pedidos na madrugada. É um problema social, mas a partir do momento que esse público pratica o crime, se torna problema policial”, reconhece.
Ele ainda observa que, no caso de invasão de propriedade privada, é preciso a identificação dos proprietários. “Se o proprietário não se vale de meios para proteger seu bem, não há como a guarnição tirar de dentro. A PM precisa ter condição jurídica para agir”, finaliza.
Acolhimento
Rubens Menon, diretor de Proteção Social de Itajaí, também reconheceu ao DIARINHO a dificuldade desse tipo de trabalho. "A gente atua apenas com o acolhimento. Em geral, situações como essa são feitas por usuários de droga, que diferem do morador de rua. Nosso trabalho é exaustivo, inicia às 5h da manhã, com ronda, prevenção, contenção, busca ativa, todos os dias na cidade, para poder minimizar isso. E a gente pode acolher apenas quem quer ser acolhido", reforçou ele. Menon ainda alegou que, em geral, o morador de rua é pacato. Já os usuários de drogas são situações "de segurança pública".