Economia azul
Nesse mar, tem muito mais que peixe
A economia do mar [ou economia azul] engloba toda a atividade que tenha influência direta do mar, incluindo as que não têm o mar como matéria-prima, mas que são realizadas em suas adjacências
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]

Desde o pescador, que tira seu sustento do mar nos mesmos moldes de seus antepassados, há séculos, até modernas tecnologias, capazes de extrair recursos minerais em águas ultraprofundas, há inúmeras possibilidades para o uso econômico do ambiente marinho. Os oceanos ocupam três quartos do planeta e há, literalmente, um mar de oportunidades. Realidade muito presente no cotidiano de municípios e regiões costeiras de Santa Catarina que têm, no mar, a maior fatia das atividades econômicas.
O mar rende R$ 2 trilhões por ano [segundo a Comissão Interministerial para os Recursos do Mar], o equivalente a 19% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, conforme dados, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2018.
Dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) apontam que a economia do mar terá o valor agregado até 2030 da ordem de US$ 3 trilhões com mais de 40 milhões de empregos diretos e indiretos no Brasil. Atualmente, 90% do comércio exterior é pelo mar, e a estimativa é que o tráfego marítimo de cargas triplique até 2050. Em SC, não é diferente, pois a costa tem 531 quilômetros e um ecossistema favorável para esse setor da economia.
O estado é sede de estaleiros de grande reputação para a construção de barcos de lazer, workboats e embarcações bélicas, e o maior produtor nacional de ostras, mexilhões e peixes. Conta ainda com o segundo maior porto de movimentações de contêineres no Brasil.
O litoral catarinense alavanca o turismo no estado, além de muitos outros fatores que, agregados, tornam Santa Catarina um hub marítimo com enorme potencial.
“Santa Catarina ocupa posição estratégica [em termos geográficos e outros aspectos] para ser um importante vetor do crescimento da economia do mar em termos regionais. Talvez seja um dos estados brasileiros mais privilegiados nesse sentido”, diz o oceanógrafo e professor Jose Angel Alvarez Perez, da Universidade do Vale do Itajaí (Univali). A proximidade dos grandes centros urbanos e do Cone-Sul também remete à importância estratégica de seus portos. “Está próximo das áreas pesqueiras mais produtivas do país, abrigando uma frota marítima e um parque industrial voltado à pesca marinha”, acrescenta Perez.
Muitos municípios da região da Foz do Rio Itajaí-Açu (Amfri) ganham destaque nesse contexto, com suas estruturas ativas e pujantes associadas à economia do mar. Perez, contudo, destaca que essa realidade requer atenção especial no que se refere à sua sustentabilidade e produtividade.
“Há muito que se preocupar para que o ambiente marinho, que sustenta essa economia, seja preservado em seu estado mais produtivo, o que, muitas vezes, parece negligenciado”.