Diz aí, Alexandre Xepa!
"Se eu não conseguir reverter, eu não quero nunca mais saber de política"
O prefeito Alexandre Xepa, de Itapema, foi entrevistado pela jornalista Fran Marcon e pelo colunista JC. Ele falou sobre a cassação de sua chapa na justiça, como pretende reverter a situação e os seis meses de governo
Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]




Como o senhor recebeu a notícia da decisão da cassação? Havia receio por parte do senhor ou do seu advogado que isso pudesse acontecer?
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Xepa: Não, nunca esperei. Primeiro deixar bem claro a todos que não teve nada de errado na prefeitura, nenhum ato de corrupção, nenhuma licitação errada, nada. Isso é ...
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Xepa: Não, nunca esperei. Primeiro deixar bem claro a todos que não teve nada de errado na prefeitura, nenhum ato de corrupção, nenhuma licitação errada, nada. Isso é um pedido de cassação da chapa que perdeu as eleições em Itapema, não se conformaram com o resultado e entraram com uma ação eleitoral, onde colocaram que fazer parte de um projeto social há 10 anos, de forma voluntária, é abuso do poder econômico.
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"Esse projeto nunca recebeu um real de dinheiro público de ninguém"
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Qual a sua relação com a Associação Amigo do Morretes?
Xepa: Há 10 anos eu conheci a Nara, que é presidente dessa Associação e trabalhava num projeto social que era o Madre Tereza de Calcutá. O bairro Morretes é um bairro muito carente, as pessoas vêm morar, não têm condições de pagar um aluguel, o pai muitas vezes preso, falecido, as crianças ficam abandonadas, abusadas, muitas pessoas com problemas de drogas, então é uma comunidade muito carente. Naquela época acabaram as refeições e ela falou assim: Xepa o que você acha de nós fazermos parte? Eu falei: “Nara, é o meu sonho. O meu pai e a minha mãe sempre quiseram fazer isso, e tal...” [Naquele tempo o senhor já era vereador?] Não, nem fazia parte da política. Nem imaginava ser candidato. A gente começou a ajudar as famílias, começou a criar um laço, começamos a ter mais parceiros. [Por que o senhor acha que as ações feitas pela associação foram entendidas como abuso do poder econômico?] Também não consigo imaginar, não consigo nem pensar nisso, porque é um projeto social que nunca recebeu dinheiro público, tanto do prefeito Rodrigo Bolinha, que estava lá na época, em 2012 a 2016; nem da prefeita Nilza Simas que ficou oito anos, nem de nenhum deputado, nem de assembleia, nem do governo federal. Esse projeto nunca recebeu um real de dinheiro público de ninguém. Esse projeto vive só de forma voluntária. As pessoas que estão lá é por amor. As crianças lá têm um amor por mim, eles vão na minha casa, a gente criou uma amizade muito grande, eu frequento a casa deles. Eu vou jogar futebol com eles, o meu filho brinca com eles. [Por que as postagens da sua associação foram apagadas?] Não sei, mas tem postagem dos 10 anos, não sei que postagens que foram apagadas. [Como vereador o senhor seguiu participando?] Nunca parei, inclusive agora, como prefeito. A gente fez a festa no final do ano, é sempre feita a festa de outubro das crianças, festa de Natal, festa de Páscoa, todo ano é feito, e toda terça-feira e sexta-feira, no mínimo duas vezes por mês, três vezes por mês, eu vou almoçar lá no projeto. Todas as voluntárias são pessoas de idade e fazem esse trabalho com muito amor. [Quem fazia os posts dessa associação?] É a presidente do projeto, a Nara, a filha dela, que mexe na rede social, mas isso aí é com eles... [O senhor nunca chegou a pedir para que essas postagens fossem apagadas?] Não. Nunca participei da rede social do projeto, eles que fazem. Participo da minha rede social, quando eu vou lá, a gente posta alguma coisa, faz algumas matérias. Mas da rede social do projeto, nunca fui. Nunca fiz parte da diretoria, sempre atuei de forma voluntária.
" Se eu não conseguir reverter, eu não quero nunca mais saber de política na minha vida"
O senhor nunca associou que essas pessoas que eram ajudadas poderiam lhe retribuir com votos?
Xepa: Nunca pensei isso. Ontem estive lá, convido a população de Itapema, se alguém tiver alguma dúvida, se você for lá ver, você vai ver que 50% quase das pessoas que frequentam são haitianos, venezuelanos. A grande maioria de crianças. Outros são catadores de reciclagem, pessoa que não deve ter nem documento. Nunca foi pedido um voto lá dentro, nunca foi entregado um alimento ou uma roupa, um corte de cabelo, uma palestra e foi pedido voto. Isso sempre foi feito com muito amor e com carinho. Eu tomo o maior cuidado do mundo pra nunca misturar política, com esse projeto que é muito maior do que qualquer política. Independentemente de eu estar como prefeito ou não, esse projeto vai aumentar cada vez mais. [O senhor tem contato com outras associações?] Com diversas associações, tem o Alto São Bento, os Amigos da Quebrada, projeto da Igreja Batista Peniel, projeto ID, Cantinho da Alegria. Onde eles me chamam, eu tô participando.
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"Esse projeto nunca recebeu um real de dinheiro público"
Qual será a base para o recurso que sua defesa ingressará na Justiça?
Xepa: A minha linha de defesa é que primeiro eu nunca entreguei nenhum alimento no período eleitoral. A gente esteve visitando, almoçando no projeto, inclusive a irmã do próprio candidato que entrou com ação pra me cassar já foi várias vezes lá, já levou doação, já fez entrega, já participou do projeto social. O Pivoto, que era vice da outra chapa, já esteve no projeto, já almoçou lá. Diversos vereadores já estiveram nesse projeto e nunca foi misturado política no projeto.
" Esse projeto vive só de forma voluntária"
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O MPE tinha recomendado o arquivamento da ação. Qual a explicação dos seus advogados para essa reviravolta no processo?
Xepa: Na verdade, hoje [quarta] que foi publicado. Eu não consegui nem ler o processo, fiquei sabendo pela imprensa, mas o próprio Ministério Público pediu o arquivamento... Eu respeito muito o poder judiciário, o magistrado, mas acredito que ele pode ter pensado que esse projeto foi criado agora, durante a eleição, mas é um projeto que já vem acontecendo há 10 anos e eu estive sempre presente lá, sempre ajudando, sempre de forma voluntária.
"A construção civil já está derrubando os prédios pequenos, permutando todas as casas para fazer prédio"
De acordo com a sentença, o senhor está inelegível por oito anos. Qual será sua estratégia política caso não consiga reverter a decisão?
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Xepa: Se eu não conseguir reverter, eu não quero nunca mais saber de política na minha vida. Se você ajudar as pessoas, participar de um projeto social de forma voluntária for um crime, aí eu tô no lugar errado. [O que os seus advogados lhe disseram?] Ah, pra ficar tranquilo. Eu tô bem tranquilo...
"Nunca fiz parte da diretoria [do projeto], sempre atuei de forma voluntária"
Na noite de terça houve protesto na câmara de vereadores por conta do aumento de 50% no salário do presidente do Sisemi, Fernando Castanheira. Por que ele recebeu aumento?
Xepa: Foi uma inverdade que foi colocada, 50% é do salário base dele. Isso aí foi um acordo coletivo feito em 2023. Foi feita uma assembleia lá no sindicato, chamados todos os servidores públicos, e eles aprovaram essa assembleia e foi aprovado na Câmara de Vereadores em 2023. Não procede que é de 50% do salário dele, se não me engano é de R$ 700 a mil reais o aumento no salário dele como efetivo, para equiparar ele como presidente.
" Eu acredito que ano que vem vai chegar a um bilhão [de orçamento]"
Como o senhor avalia a estadualização do Ruth Cardoso e os impactos em Itapema?
Xepa: Eu acho muito positivo. Vai ser muito bom tanto pra Balneário Camboriú, pra Itapema, pra toda a nossa região vai desafogar. Itapema também vai abrir os leitos nos próximos dias, com o apoio também do estado. [Qual o percentual de pacientes de Itapema que usa o Ruth Cardoso?] Agora com a abertura do nosso hospital é só quando vai pra UTI, porque o nosso hospital abriu pediatria, recebe pessoas de Balneário Camboriú, das outras cidades da região. [Quantos novos leitos vocês vão abrir?] São 10 novos leitos de UTIs. [Já tem data pra acontecer?] Depende da compra, faltam alguns equipamentos, a gente finalizando a compra já vai abrir. Na próxima semana o secretário vai estar em Itapema, nós vamos fazer a visita, comprar os equipamentos que faltam e iniciar a abertura.
Itapema registrou mortes envolvendo patinetes elétricos e similares. A regulamentação tem funcionado para evitar novas tragédias?
Xepa: Começamos com um novo projeto, onde nossos guardas estão indo nas escolas, que muitos adolescentes estão dirigindo. Prevenir, falar do perigo e orientar. Essa prevenção vem dando certo. Estava uma loucura lá, todo dia um atropelamento de criança, eles andavam no nosso calçadão, a gente teve que tomar aquela medida provisória, de forma urgente, foi morta uma pessoa atropelada. A gente está orientando e agora vamos começar esse trabalho de prevenção em todas as escolas.
Estão acontecendo vários acidentes com mortes na construção civil; muitos falam que falta fiscalização e que devido ao boom imobiliário as regras de segurança não estão sendo respeitadas. Como a prefeitura acompanha esses casos?
Xepa: O secretário de Planejamento, Daniel Mourinho, já teve várias reuniões com equipe, com os fiscais... Não só Itapema, mas toda a nossa região crescendo muito tem uma defasagem, mas a gente está procurando fazer rua por rua, bairro por bairro, visitar construtora por construtora, para apertar esse cerco. Também procurando aumentar as multas para as pessoas que estiverem sem cinto, sem equipamento obrigatório nessas obras. Mas em Itapema, graças a Deus, as construtoras têm sido muito parceiras. O próprio Sinduscon vem alertando, fazendo campanha e ajudando. [São os próprios trabalhadores que não querem usar os EPIs?] Infelizmente tem que ter alguém cobrando, porque às vezes eles vão ali: “ah, só vou fazer isso aqui, só vou fazer isso ali...”. É normal de todas as construtoras, quando o mestre de obra está ali, ele já obriga a pessoa, mas, às vezes, um descuido, eles não cumprem. [O senhor tem uma ideia de quantos prédios novos surgem a cada mês em Itapema?] É uma das cidades que mais tem projetos aprovados no Brasil. Hoje, Itapema é o segundo metro quadrado mais valorizado, nos próximos dois anos eu tenho certeza que vai ser o metro quadrado mais valorizado do Brasil. A construção civil já está derrubando os prédios pequenos, permutando todas as casas para fazer prédio. Antes era só Meia Praia, centro, agora o bairro Morretes está desenvolvendo, Tabuleiro, Jardim Praia mar. A gente contratou um Masterplan para pensar nos próximos 20 anos da nossa cidade, na mobilidade urbana principalmente.
Quais os cuidados que vocês têm com esse crescimento para que ele ocorra de forma ordenada?
Xepa: Principalmente a contratação desse Masterplan que nunca teve na cidade de Itapema. A gente contratou o escritório da Urbitec, que é o Cassio Taniguchi, de Curitiba, um dos mais renomados do Brasil e do mundo. Estamos planejando a cidade para os próximos 20 anos. [Tem alguma área que vai ser preservada?] Com certeza, hoje Itapema é uma das cidades que tem mais preservação no Brasil, 50% da nossa cidade é área de preservação. [A prefeitura de Itapema deve ter um novo prédio?] Eu já autorizei o secretário de Planejamento, Daniel Amorim, a fazer um projeto. Nós temos uma área muito grande na prefeitura, fazer uma parceria com as construtoras: eles permutarem na frente e fazer um prédio atrás para a prefeitura. A gente vai economizar com aluguel.
Um dos pedidos antigos da cidade é com relação à implantação de uma marina. A obra da marina do Canto da Praia tem prazo para sair do papel?
Xepa: Já tem diversas empresas que já pediram até o espelho de água, principalmente no bairro Canto da Praia. A gente vai ter esse projeto, vai ter parceria público-privada. Itapema vai ter uma das maiores marinas do Brasil. [Quais são os outros atrativos turísticos que estão para se implantar na cidade?] Nós estamos em fase de audiência pública, o Parque do Ilhota, que vai ter mirante, quadra de eventos esportivos, diversos restaurantes, ambiente para a família visitar, para os turistas visitar. Teremos a inauguração em novembro do Hard Rock Café. O único no mundo que é dentro do mar, vai ser um dos maiores do Brasil. Vai ter uma roda gigante, a exemplo de Balneário Camboriú. Tudo parceria público-privada – é o que vem dando certo no Brasil. [Qual o orçamento que vocês têm esse ano?] R$ 738 milhões. Eu acredito que ano que vem vai chegar a um bilhão.