MOTOR PROPULSOR
Sustento de Navegantes vem das águas
Estima-se que o mar e o rio movimentam mais de 90% da economia da cidade
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]



Estatísticas da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Receita de Navegantes mostram que o município tem, hoje, cerca de 20 mil empregos formais e, destes, sete mil [ou 35%] estão ligados diretamente ao mar. A conta engloba os postos de trabalho atrelados à indústria pesqueira, às atividades portuária e logística e à construção naval. No entanto, tomando como base a geração de 3,5 empregos indiretos formais e informais para cada trabalhador com carteira assinada, esse número salta para 24,5 mil, com uma tendência de crescimento nos três setores.
“A indústria da construção naval está recontratando, a indústria alimentícia ligada à pesca logística e o setor portuário crescem a olhos vistos”, destaca o secretário Rodrigo Vargas Silveira. Tem ainda o turismo e a indústria de entretenimento, que estão ligados ao mar, e a construção civil, que vem sendo impulsionada, indiretamente, pela economia azul. “Não tem como negar que é o mar o sustento de Navegantes. Embora estejamos vivenciando uma diversificação de nossa economia, com o surgimento de múltiplas atividades, o ponto central, lá no fim da cadeia, é o mar”, assegura.
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Silveira lembra que a atividade econômica de Navegantes começou com a pesca artesanal e evoluiu para a construção de embarcações de pequeno porte, para o uso dos próprios pescadores. Posteriormente, as duas atividades [que eram exploradas de forma quase doméstica] tomaram vulto e deram origem às industrias pesqueiras e da construção naval.
“Navegantes está totalmente ligada ao mar pela costa. Além da importância para o turismo, o mar e o rio trazem um resultado muito grande para a nossa cidade. Se olharmos Navegantes e o mar, não temos como dissociar uma coisa da outra”, diz o prefeito Libardoni Fronza (DEM).
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O presidente da Associação Empresarial de Navegantes (Acin), Verner Dietterle, vai além: “A sustentação econômica de Navegantes, desde seus primórdios, sempre teve uma ligação muito direta com o rio e o mar. A cidade se desenvolveu e é hoje o que é graças à sua indústria naval, pesqueira, que nasceram ao longo da margem esquerda do rio Itajaí”, diz o líder empresarial.
Dietterle salienta que os 11 quilômetros de praia impulsionam o turismo e a construção civil. Posteriormente, com a instalação da Portonave, Navegantes descobriu uma nova vocação e vem se tornando um importante polo logístico, junto com o aeroporto.
“Hoje, a Portonave é referência em movimentação portuária, batendo sucessivos recordes nacionais e mundiais. Orgulho para a nossa cidade e um pilar de desenvolvimento”, completa.
Atividade portuária alavanca a economia
O crescimento de 683,42% no Produto Interno Bruto (PIB) de Navegantes, nos últimos 15 anos, está, intimamente, ligado à economia do mar. Em 2006, um ano antes da Portonave começar a operar, o PIB do município era de R$ 494,807 milhões. Um ano depois do início da atividade portuária, em 2008, o valor saltou para R$ 894,6 milhões e, em 2018 [ano das últimas informações oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)], o PIB do município ficou em R$ 3,82 bilhões.
Os valores recolhidos pela Portonave, em Imposto Sobre Serviços (ISS), passaram de R$ 1,7 milhão [em 2009] para R$ 12,5 milhões [em 2020]. Já nos primeiros seis meses deste ano, o terminal portuário repassou cerca de R$ 10,5 milhões em ISS para a prefeitura, o que representou 39,6% do total arrecadado pelo município no período.
O secretário Rodrigo Silveira diz que, se analisado o conjunto de toda a cadeia logística, o impacto positivo nos cofres do município é bem maior e com crescimento constante. Somente para 2021, Silveira aposta em avanço de 30% na arrecadação desse tributo. “Boa parte desse incremento está associado à atividade portuária, com o aumento nas operações de carga e descarga e o consequente reflexo em toda a cadeia logística.”
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Libardoni Fronza diz que, se for pensado tudo o que vem após essa cadeia direta, o impacto na economia é muito maior. “Além do ISS, somos hoje o 16º município em arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e nossa economia, como um todo, cresceu 15% no último ano”, arremata o prefeito.
O PIB per cápita de Navegantes, de R$ 48,19 mil, em 2018, é mais do que o dobro do valor apurado pelo IBGE, em 2010, de R$ 23,5 mil. Números que comprovam o crescimento econômico da cidade. Já o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é de 0,736 (IBGE-2010), valor considerado alto pela Organização das Nações Unidas (ONU). “Valores que tendem a apresentar acentuada evolução no próximo levantamento do IBGE”, acrescenta Fronza.
Pesca é um dos pilares da economia
Embora seja a atividade econômica mais antiga que se tenha conhecimento em Navegantes, a pesca, hoje, fica atrás apenas das atividades logística e portuária. São 78 empresas de pequeno, médio e grande portes instaladas na margem esquerda do Rio Itajaí-Açu, e que geram mais de 3,2 mil empregos formais. No entanto, há um volume bem maior de empregos indiretos, que englobam a fabricação de gelo, a manutenção e a construção dos barcos, equipamentos, transporte e distribuição de pescado, e entre outros setores envolvidos na atividade, além dos pescadores informais.
Para o presidente do Sindicato dos Armadores e das Indústrias da Pesca de Itajaí e Região (Sindipi), Jorge Neves, Navegantes compõe, com Itajaí, o maior polo pesqueiro industrial do Brasil. Isso inclui, segundo a secretaria de Agricultura e Pesca de Navegantes, não só a mais moderna e numerosa frota, de cerca de 200 embarcações, mas as maiores processadoras e beneficiadoras de pescado da América Latina, estaleiros, entre outros serviços ligados à essa imensa cadeia produtiva.
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