CPI da Pandemia
Luciano Hang diz que não é negacionista
Defesa não quis que Hang assinasse o termo de obrigatoriedade de dizer a verdade
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]

Em sua manifestação na manhã desta quarta-feira na CPI da Pandemia no senado, o empresário Luciano Hang, dono das lojas Havan, disse não ser negacionista e rebateu acusações de ter financiado fake news sobre a covid-19 e de integrar o chamado “gabinete paralelo”. O depoimento foi retomado no início da tarde pra segunda parte.
O empresário disse que sempre defendeu a abertura do comércio e da indústria durante a pandemia pra preservar os empregos. “Sempre defendi que era necessário cuidar da saúde sem descuidar da economia, afinal uma hora a conta chega e quem paga sempre são os mais pobres”, comentou.
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Ele ainda ressaltou não ser contra a vacinação e que suas empresas já foram vítimas de notícias falsas. Luciano lembrou o caso em que “o povo” dizia que a Havan era dos filhos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. O senador Humberto Costa (PT) rebateu na hora o empresário, ressaltando que quem inventou a fake news foi a deputada bolsonarista Carla Zambelli (PSL).
O depoimento de Hang começou às 10h. Ele não assinou o termo de compromisso de dizer a verdade porque a defesa alegou que o empresário seria ouvido como investigado e não como testemunha. O empresário chegou à CPI acompanhado dos senadores Marcos Rogério e do catarinense Jorginho Mello. Antes, Luciano gravou um vídeo divulgado nas redes sociais, dizendo que compareceria sem habeas corpus e tava preparado pra responder qualquer questão.
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“Quero deixar claro que todas as acusações a meu respeito são mentirosas e que não existem provas contra mim”, destacou. Luciano é acusado de fazer parte do chamado “gabinete paralelo”, um grupo de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro responsável pela divulgação de informações falsas sobre a covid-19 e promoção de ações sem comprovação científica contra a doença, como o tratamento precoce com hidroxicloroquina e ivermectina.
A convocação de Hang foi sugerida pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI. Hang foi citado no depoimento de Pedro Benedito Batista Jr., diretor da empresa de planos de saúde Prevent Senior. Foi em um dos hospitais da empresa, o Sancta Maggiore, em São Paulo, que a mãe do empresário, Regina Hang, de 82 anos, morreu em fevereiro deste ano. O caso é um dos investigados no processo que apura a ocultação de mortes por covid-19 em estudo da empresa sobre o tratamento precoce.
Luciano disse que a morte de sua mãe estava sendo usada politicamente pela CPI, provocando reação do presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), que defendeu que a CPI agiu o tempo todo com respeito. O empresário alegou que vem sendo acusado sem provas apenas por expressar “opiniões”. Ele disse desconhecer o “gabinete paralelo” e nega ter financiado esquemas de fake news.
Antes do intervalo do depoimento, os senadores reclamaram que Luciano não estaria se restringindo a responder aos questionamentos, usando o espaço para fazer “propaganda política” e a divulgação de suas lojas. Senadores governistas não concordaram com a queixa, defendendo que o empresário poderia usar o tempo pra contextualizar as respostas dentro do tema das questões.